Na tarde dessa segunda-feira (24/6), o Seminário Setorial de Food Service da ABF contou com um painel sobre a Transformação dos Modelos de Negócios.
João Baptista Junior, coordenador da Comissão de Food Service da entidade e diretor de expansão do Rei do Mate, moderou o debate que teve a participação de Antonio (Tom) Moreira Leite, vice-presidente da Associação, fundador e CEO do Grupo Trigo (Spoleto, Le Bonton, Kony e Gurumê), Luciana Melo, fundadora e CEO do Café Cultura, Marcos Leta, fundador da startup Fazenda Futuro, e Saulo Brazil, cofundador e COO do Delivery Center.
O crescimento do delivery online no cerne das transformações dos modelos de negócios, a evolução das embalagens, as redefinições de cardápios e o avanço da saudabilidade dos menus, e a experiência oferecida ao consumidor do século 21 foram alguns dos temas debatidos.
Segundo o cofundador do Delivery Center, o mercado de serviços de entrega online no Brasil ainda está engatinhando. Só 15% a 20% do delivery no País são online e ainda é um negócio de nicho, com R$ 45 a R$ 50 de ticket médio. “Não é um negócio de massa”, disse. “O líder no Brasil, que é o iFood, faz 17 milhões de pedidos/mês. O líder na China, que é ‘só’ sete vezes maior em população, faz 25 milhões de pedidos/dia. Não tô brincando, e ele tem 50% do mercado. É um mercado que ainda vai se transformar muito”, ressaltou Brazil.
“A revolução alimentar já começou, não tem mais volta, e isso não é uma tendência, uma questão de veganismo ou vegetarianismo”, afirmou Leta, da Fazenda Futuro.
Em sua palestra sobre as fintechs no varejo, Gustavo Ioriatti, diretor geral de meios de pagamentos da Linx, observou que essas empresas que unem tecnologia e finanças precisam entregar uma oferta completa de soluções integradas para os seus clientes para evitar fricção na relação. “De forma geral, o que as fintechs estão fazendo é mudar a forma como as empresas se comunicam com seus consumidores”, disse.
Pós-NRA Show ABF
A Galunion, com apoio da ABF, realizou em maio sua maior missão técnica ao NRA Show. Realizado anualmente em Chicago, nos Estados Unidos, o maior evento do mercado de alimentação do mundo completou sua 100ª edição este ano.
De acordo com o coordenador da Comissão de Food Service da ABF, os problemas de mão de obra, de custos são os mesmos vividos pelos varejistas e redes de alimentação no Brasil e nos Estados Unidos, o que muda é o tamanho da economia norte-americana. Além da força econômica, o País tem consumidores com alto índice de confiança e vive o pleno emprego. “Eles estão resolvendo os impactos da mão de obra tendo por trás tecnologia e processos”, disse.
Segundo Baptista, dados apresentados pela NRA mostram que 13% de toda renda do norte-americano são destinados à alimentação, atrás apenas de moradia (33%) e transporte (16%). Além disso, 51% da renda da população nos Estados Unidos são gastos com alimentação fora do lar, enquanto que no Brasil são 25%.
Tom Moreira Leite, vice-presidente da ABF, detalhou suas impressões do NRA com foco nas transformações. Para o executivo, “qualquer que seja a transformação, qualquer que seja a mudança, ela começa com pessoas, (…) com a evolução da sua equipe”, disse. Do contrário, ela tende ao fracasso.
Na visita técnica ao Google, Leite destacou um dado para ele impressionante. Segundo a gigante de buscas na internet, profissionais de marketing que utilizam dados do seu público-alvo veem o crescimento de 85% em suas vendas e operam com margens 25% superiores. “Que sejamos nós a disrupção no nosso segmento”, defendeu.
Entre os principais insights do evento norte-americano, Rodrigo Andrade, diretor da Linx, destacou o uso da tecnologia e as operações de delivery online.
No autosserviço, o executivo apresentou dados que mostram que há conversão em torno de 70% das operações nos Estados Unidos e, segundo ele, a indústria nessa área também vem passando por uma intensa transformação.
Quanto à segurança dos dados do consumidor, Andrade afirmou: “Na dúvida, a responsabilidade é nossa”.
Foto: Keiny Andrade