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Pós-Web Summit coloca as pessoas no centro da transformação digital

Pós-Web Summit coloca as pessoas no centro da transformação digital
Fabiana Estrela, diretora de capacitação da ABF: “Além do customer center, as pessoas têm que estar no centro dos negócios"

O OasisLab correalizou com a ABF o Pós-Web Summit 2019. O encontro ocorrido no último dia 26/11, no Auditório Santander, em São Paulo, reuniu um time de especialistas em varejo e franchising, participantes da  missão ao Web Summit. Reconhecida como o maior evento de inovação e tecnologia do planeta, a 11ª edição da conferência, realizada em Lisboa de 4 a 7 de novembro, contou com um público superior a 70 mil pessoas de mais de 160 países, 2.150 startups e 1.200 palestrantes.

Web Summit
André Friedheim, presidente da ABF, e Ronald Nossig, sócio-fundador do OasisLab, na abertura do evento

Para André Friedheim, presidente da ABF, a primeira participação de um grupo da entidade no Web Summit ratificou a forte relação do setor de franquias com a realidade da era tecnológica. “O franchising sempre falou em transformação digital, as startups lembram como abrimos nossas empresas do zero, scale up [escalabilidade], isso está na essência do franchising, o que faltava era velocidade e embarcar novas tecnologias”, disse.

Fabiana Estrela, diretora de capacitação da entidade e curadora do grupo, apresentou os insights de algumas trilhas que acompanhou no evento: Panda Conf, Helph Conf e Centro Stage. Nesta, Brad Smith, presidente da Microsoft, trouxe uma reflexão importante, dizendo: “Não pergunte o que os computadores podem fazer e sim o que eles devem fazer”.

Pessoas e longevidade
A executiva destacou que o Web Summit 2019 colocou as pessoas no centro de tudo. Segundo Fabiana, no conceito “people centric” quem realmente importa está atrás dos dados. “Além do customer center, as pessoas têm que estar no centro dos negócios (…). O ser humano só se engaja se aquilo estiver alinhado com seu propósito de vida”, observou. “No fim, o objetivo é tornar as relações das marcas com as pessoas mais humanas”, concluiu.

O crescimento exponencial dos assistentes de voz chamou atenção de Beno Krivkin, sócio-diretor da Tribecca. Segundo ele, assistentes como Alexa e Siri, por exemplo, vão antecipar atividades que as pessoas farão. “A voz não é um meio, é personalidade”, disse. Ainda segundo Krivkin, as redes de franquias podem criar grandes oportunidades de negócios ao utilizarem essa tecnologia.

Júlio Takano, CEO da Kawahara & Takano e cofundador do OasisLab, falou sobre o conceito de longevidade, em que a evolução tecnológica tem papel fundamental. Fazendo referência à geração alfa sênior (pessoas mais maduras, acima dos 50 anos), Takano observou que “no processo da longevidade, do negócio, do varejo e das nossas vidas, essas pessoas vão restaurar suas relações.” Outro conceito abordado pelo palestrante foi o de “smart stores”, lojas inteligentes. Takano defende que os varejistas devem olhar todo o ecossistema do setor e enfocar as pessoas. Segundo ele, quem continuar investindo em lojas, não em pessoas, tende a sucumbir.

Saúde e tecnologia foram temas abordados por Chao Lung Wen, médico pela FMUSP, professor e chefe do departamento de Telemedicina da instituição, tema com o qual trabalha há 22 anos. “As pessoas não querem apenas saúde, querem um estilo de vida”, afirmou.

Disrupção
Segundo Wen, disrupção, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não é uma quebra, mas sim uma oportunidade de crescimento exponencial. “Temos que evitar doença e gerar saúde”, afirmou. Ainda de acordo com o médico, “a revolução da longevidade é tão forte quanto a da tecnologia”.

Edgard Viana, CEO da Brighton Investimentos e Participações e diretor da KTV Retail as a Service, falou sobre o impacto dos avanços tecnológicos nas relações interpessoais. “A relação familiar sofrerá uma transformação gigantesca. (…) Precisamos aproveitar o capital intelectual e o relacionamento com as pessoas”, ressaltou. Utilizando como exemplo um condomínio para pessoas com mais de 50 anos, transformado pela tecnologia, Viana observou que “toda essa tecnologia serve para sociabilização e propósito de vida”.

Danielle Serafino, advogada e sócia da Opce Blum, procurou percorrer a trilha de dados, presente em todas as palestras do Web Summit. Segundo ela, dados são de fato o novo petróleo, mas é preciso que as empresas se questionem como estão monetizando, coletando, tratando, compartilhando e excluindo esses ativos. O Brasil, com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), foi bastante citado e elogiado no evento, disse a advogada.

Para Danielle, a maior reflexão partiu de Edward Snowden, ex-funcionário da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), responsável por tornar públicos dados sigilosos de segurança do governo norte-americano. Snowden afirmou por teleconferência em palestra de abertura que “na verdade o que estão sendo explorados não são os dados, são as pessoas”. A orientação dada pela especialista é que as empresas coletem a menor quantidade de dados possível.

Tiago Mello, CEO da DWZ e um dos curadores do grupo, enfocou a disrupção baseada no conceito de inovação. Segundo Mello e de acordo com um de seus professores em Harvard, há dois tipos de disrupção: as ligadas às inovações sustentáveis e as disrupções de um novo mercado. Para o palestrante, a sustentabilidade é um ativo para as empresas atraírem investidores, e se dado é o novo petróleo a Inteligência Artificial (IA) é a nova eletricidade.

Quanto ao dilema dos robôs substituírem as pessoas em muitas funções, Mello afirmou: “Se você consegue descrever o seu trabalho, o robô irá substituí-lo”. “Não estamos preparados para o antiemprego”, disse, e completou: “Você precisa ser um ser humano melhor porque você não será um robô melhor”. Para tanto, o especialista defendeu que as pessoas tenham seis Cs: Curiosidade, Coragem – a principal, para errar –, Compaixão – se colocar no lugar do outro –, Comprometimento, Colaboração – humildade e empatia para compreender o outro –  e Calma – inteligência emocional. Segundo Mello, encontrar o equilíbrio perfeito entre tecnologia e humanidade será fundamental. “Domine você mesmo, pois assim você dominará o robô”, concluiu.

Gustavo Schifino, head de transformação digital da 4All e também curador da missão, incentivou as empresas a se arriscarem na transformação digital, lembrando uma frase de Mark Zuckerberg, criador do Facebook: “Quando o maior risco é não tomar risco nenhum”.

Schifino procurou ver as transformações digitais sob a ótica chinesa. “É uma bizarrice o que a China está fazendo com a tecnologia. Há dez anos, ela não tinha nenhuma empresa unicórnio, hoje tem 50, mais do que os Estados Unidos”, salientou.

O executivo reafirmou a máxima do Web Summit este ano: “O importante não são os dados, são as pessoas. Há uma sutil diferença em olhar não para o cliente, mas para a pessoa”, disse. Ainda de acordo com Schifino, a revolução digital pode ser definida em uma frase: “Não é sobre dados e sim sobre pessoas, não é sobre tecnologia e sim sobre a maneira de resolver problemas”.

Web Summit
(A partir da esq.) Adriana Auriemo (ABF), Flávio Rocha (Riachuelo), Erik Cavalheri (multifranqueado Grupo Boticário), Alessandra Andrade (ACSP) e Gustavo Schifino (4All) no painel final do evento

O evento foi encerrado com um painel, coordenado por Schifino, com especialistas de peso do varejo e do franchising: Adriana Auriemo, diretora de relacionamento, microfranquias e novos formatos da ABF e sócia-diretora da Nutty Bavarian, Erik Cavalieri, multifranqueado do Grupo Boticário, Alessandra Andrade, vice-presidente de relações com a juventude e inovação da Associação Comercial de São Paulo, e Flávio Rocha, CEO da Riachuelo. Para o executivo, “as palavras-chave do momento no varejo em transformação digital é recorrência e relevância para o cliente”. “No varejo do futuro, você terá o melhor dos dois mundos, o físico e o digital, concomitantemente”, concluiu.

Fotos: ABF/Divulgação