André Friedheim: franchising sem barreiras

André Friedheim: franchising sem barreiras

Novo presidente da ABF, eleito para o biênio 2019-2020, tem como meta diminuir a distância para a busca do conhecimento e também estimular a internacionalização de marcas nacionais

A partir de 2019, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) terá uma nova chapa na sua direção, encabeçada pelo executivo André Friedheim, 49 anos. Ele trabalha há 30 anos com franchising e hoje é máster-franqueado das redes Café do Ponto e Casa Pilão.

Colaborando com a ABF há 12 anos, Friedheim já atuou voluntariamente nas áreas de Marketing, Internacional e foi vice-presidente da chapa anterior, do presidente Altino Cristofoletti Junior.

Atualmente, a ABF reúne os expoentes do franchising brasileiro, sejam franqueadores, franqueados e fornecedores do setor. É a segunda maior associação de franchising do mundo, com presença relevante no Conselho Mundial de Franquias (WFC) e na Federação Ibero-Americana de Franchising (Fiaf).

Friedheim pretende estreitar os laços entre associados e o mercado, tornando os trabalhos da entidade mais ágeis e conectados. O aumento da presença internacional também é uma das bandeiras de sua gestão. “Estaremos cada vez mais conectados. Não só com o mundo, mas, principalmente, com a nossa comunidade. Não haverá mais barreiras para buscarmos conhecimentos e inspirações lá fora e, especialmente, aqui de dentro”, afirma.

Confira, a seguir, uma entrevista exclusiva concedida pelo novo presidente da ABF à Revista Franquia & Negócios.

Quais são seus planos para reforçar e ampliar a relevância da ABF para o franchising brasileiro?
São propostas da nova gestão tornar a entidade mais inclusiva, ressignificá-la para os seus stakeholders, transformá-la no marketplace do franchising nacional, além de torná-la mais ágil, moderna e digital. Para isso, vamos atuar, mais do que na defesa do setor, na defesa dos interesses das empresas associadas, dos segmentos de negócios em que elas atuam. Pretendemos entregar mais valor para os associados, realizar ações que envolvam todos os stakeholders do setor e o mercado como um todo, fortalecer e ampliar as parcerias e expandir e aprofundar a presença da ABF nas cidades e nos meios digitais.

Como deve ficar a atuação da entidade nas esferas governamentais, com o novo quadro eleito?
O protagonismo ou as ações de “advocacy” continuam a ser de alta relevância para a ABF. Como entidade oficial do setor de franquias no Brasil, que responde atualmente por cerca de 2,5% do PIB [Produto Interno Bruto], que emprega diretamente mais de 1,2 milhão de trabalhadores e cerca de cinco milhões indiretamente, continuaremos a atuar junto às instâncias governamentais para que as políticas e as leis ligadas ao empreendedorismo, às micro e pequenas empresas, sejam benéficas para todos os envolvidos e contribuam para a melhoria do ambiente de negócios no Brasil. O próprio presidente Jair Bolsonaro já declarou publicamente que pretende agir nesse sentido, tirando o ‘peso’ do Estado sobre as empresas, para que elas possam gerar mais empregos e renda. Estamos planejando, inclusive, realizar um grande evento presencial em Brasília no segundo semestre deste ano.

Os programas educacionais da entidade evoluíram bastante nos últimos anos. Há novidade em vista?
Educação continuará sendo uma área-chave da ABF na nossa gestão. Nesse sentido, vamos lançar um programa de Mentoria, capitaneado por alguns dos principais líderes do franchising brasileiro que o colocarão em prática. Vamos, por exemplo, investir mais no aplicativo da ABF, que terá ainda mais funcionalidades, novos conteúdos e poderá ser utilizado pela pessoa interessada a qualquer momento, onde e quando ela desejar.

A interiorização será uma das prioridades do setor?
Sim, na verdade, continuará a ser. Nosso objetivo é seguir ampliando a representatividade da ABF nacionalmente. Estamos estudando, por exemplo, a realização de eventos específicos em cidades por todo o País. Dados da Associação indicam que as franquias estão presentes em cerca de 45% do território nacional e, portanto, temos ainda muito espaço para ocupar, levando marcas com seus produtos e serviços para milhares e milhares de consumidores Brasil afora.

Os formatos variados de franquia são alguns dos legados da crise. Como você prevê os impactos para o setor?
Os novos formatos são uma resposta do setor a esse período de crise, mas são também uma demonstração do quão criativo, inovador e dinâmico é o franchising brasileiro. Os impactos são positivos, pois, de um lado temos o franchising como uma alternativa para profissionais que não conseguem se recolocar no mercado de trabalho, no chamado ‘empreendedorismo por necessidade’, e que dispõem de pouco capital para investir. De outro lado, temos investidores que buscam as franquias como negócios mais seguros, já testados, com uma marca conhecida. Ou seja, os formatos variados vieram para ficar. Assim como o setor desenvolveu novos formatos, a própria ABF está inovando. Um exemplo, que, inclusive, fortalece nosso papel de curadora do setor, é o programa de Mentoria no Franchising que eu citei, que atenderá aos nossos associados.

Como você pretende conduzir a presença internacional da ABF?
Ampliar a participação das marcas brasileiras no exterior também é uma das nossas principais propostas. Nas missões internacionais que participei, como é o caso de uma recente feira de negócios em Shangai – um megaevento que ocupou uma área equivalente a cerca de 12 Anhembis (um dos maiores espaços de feiras e convenções de São Paulo e do Brasil) – fica evidente que há um grande apelo por marcas brasileiras no exterior. Há um público consumidor que gosta das nossas marcas, o que é excelente. Por isso, a ABF continuará trabalhando firmemente, em parceria com a Apex-Brasil, com o Ministério responsável pelas políticas de Comércio Exterior no governo do presidente Jair Bolsonaro, entre outros órgãos e entidades relacionadas, para que o franchising brasileiro seja cada vez mais internacional. Ainda no campo da internacionalização, planejamos realizar uma ação de reconhecimento às marcas brasileiras que estão liderando esse processo no exterior, o que é também uma forma de estimular essas e outras redes a vencerem o desafio da internacionalização.