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O Brasil atingiu os níveis mais altos de empreendedorismo em 2014. De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), conduzida no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), três em cada dez brasileiros entre 18 anos e 64 anos são donos do próprio negócio ou estão envolvidos em projetos correlatos.
A taxa de empreendedorismo corresponde atualmente a 34,5%. Há dez anos era de 23,5%. De acordo com o SEBRAE, metade disso é equivalente a empresários novos. Vários fatores contribuíram para o cenário favorável. “A melhora na distribuição de renda, o aumento da geração de emprego e da escolaridade, assim como a melhora do ambiente legal para os pequenos negócios na última década impulsionaram e fortaleceram o empreendedorismo brasileiro”, explica o presidente do SEBRAE Nacional, Luiz Barretto.
Além desses fatores, a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas­­ em 2006, a figura do Microempreendedor Individual (MEI) e os ajustes no Simples foram molas propulsoras de empreendedorismo, pois ajudaram a formalizar muitos negócios que já existiam. “A legislação simplificou a burocracia para abrir e fechar empresas e reduziu em 40% a carga tributária do pequeno empresário, cujo faturamento máximo é de R$ 3,6 milhões por ano”, explica Barretto.
O empreendedor brasileiro
Mulheres jovens e mais escolarizadas formam o maior contingente dentro do novo empreendedorismo nacional, de acordo com a GEM. Ter o próprio negócio continua sendo o terceiro maior sonho do brasileiro, com 31%, atrás apenas de viajar pelo Brasil, 32%, e comprar a casa própria, 42%. Pela primeira vez, o número de pessoas que desejam ter o próprio negócio é praticamente o dobro dos que querem fazer carreira em uma empresa (16%). “Essa motivação faz do novo negócio uma empresa de gestão mais sólida e competitiva e, consequentemente, com mais chance de sobrevivência”, avalia Barretto.
O estudo compara a taxa de empreendedorismo brasileira com grandes potências mundiais, como os Estados Unidos, que aparecem com 20%, Reino Unido, 17%, Japão, 10,5%, Itália, 8,6% e França, 8,1%. Entre os países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a maior taxa também é a brasileira. A China aparece em segundo lugar com 26,7%, seguido da Índia, com 10,2%, África do Sul, 9,6% e Rússia com 8,6%.
Boa parte dos novos empreendedores recorreram ao franchising em 2014 para iniciar um negócio. “Nesse período de ajuste econômico, franquia é um segmento que oferece mais segurança para o empreendedor investir, já que as empresas tem experiência no mercado”, pontua o presidente do SEBRAE.
Oportunidades
Mesmo com a desaceleração econômica, que tem esfriado investimentos em diversos setores, a GEM identificou que a cada cem novos negócios abertos no Brasil no ano passado, 71 foram motivados por oportunidades de negócio e não por necessidade. “Temos observado que há um aumento na taxa de empreendedorismo por oportunidade, que é cada vez maior que por necessidade e acredito que esse cenário não mudará”, afirma o presidente do SEBRAE.
Nessa fatia se encaixa Vinicius Alves de Rezende, 31 anos. O empreendedor passou a conciliar o cargo público que exerce em Rio Branco (AC) com a operação da microfranquia de marketing digital Elefante Verde, em janeiro deste ano. O modelo reduzido de franquia exige investimento máximo de R$ 85 mil, de acordo com a classificação da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
“Eu já tinha vontade de empreender e investir em algo. Pesquisei e pude me aprofundar no assunto ano passado”. De acordo com Rezende, o valor reduzido para o investimento e a demanda do mercado acreano por marketing digital o incentivaram a apostar no negócio em 2014. No entanto, novos investimentos ainda não estão nos planos do empreendedor.
Em outro lado do mapa, em Belo Horizonte (MG), Mayerling Vaz, 43 anos, trabalhou por 20 anos no mercado financeiro e já vinha pensando em abandonar a área para empreender há oito. “A crise é relativa para alguns segmentos. As empresas que querem se manter no mercado continuam anunciando e procurando formas mais baratas e efetivas de mídia”. Foi por essa razão que Mayerling enxergou potencial na rede Mídia Pane, franquia especializada em publicidade em sacos de pão.
A franquia iniciou a operação em novembro do ano passado e desde então vem superando as expectativas da empreendedora. “O fato de ser uma microfranquia com investimento mais baixo, facilitou minha decisão. Eu queria iniciar algo, porém ficamos mais receosos de investir grandes quantias nesse momento”.
Da mesma forma que Mayerling resolveu apostar na insegurança do mercado para capitalizar com anúncios em sacos de pão, Reis Cassemiro da Silva, 50 anos, percebeu que oferecer seguros seria uma boa pedida para o momento e investiu na Seguralta. “É uma área que cresce justamente nos períodos de crise. Aumenta o índice de roubos e furtos e as pessoas tendem a fazer mais seguros”.
De acordo com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), o mercado de seguros deve arrecadar R$ 364,81 bilhões em 2015, 12,4% mais que em 2014.
Junto à corretora de seguros, Silva ainda mantém seu escritório de advocacia. Ambos funcionam em sua própria casa. “Tivemos o retorno do capital investido em apenas três meses. Tem funcionado bem, mas nosso investimento para os próximos dois anos é criar um escritório, independente da casa, com contratação de funcionários­”.­
Não deixe a empresa morrer
Há dez anos as taxas de novos empreendedores e empresários estabelecidos caminham lado a lado, segundo a pesquisa. De acordo com Barretto, a explicação para a aproximação dos dois perfis, sobretudo na última apuração, foi a formalização do Supersimples. “Em 2007 eram 1,9 milhões de pequenos negócios. Ainda nesse ano, ultrapassaremos a marca dos 10 milhões”.
A mortalidade de empresas nos dois primeiros anos de funcionamento também reduziu para 24%, há dez anos o índice era de 50%. A capacitação dos empreendedores é o que explica a melhora, pois há planejamento detalhado antes de uma empresa abrir as portas. “A educação formal pode contribuir para o sucesso dos negócios, não só por ampliar novas propostas, inventar novos produtos ou processos, mas também por ampliar a capacidade de aproveitar oportunidades e gerar conhecimentos”, analisa Barretto.
O desafio que ainda impera no empreendedorismo brasileiro é a dificuldade em resolver todas as dificuldades do negócio ainda na base, inclusive se tornar lucrativa, antes de dar a largada. O empreendedor deve se preocupar em entender todas as atividades pertinentes ao seu negócio, até para poder delegar de forma assertiva.
Programar controles gerenciais também deve ser uma das primeiras coisas a ser prevista. “É interessante também trocar experiências com outros empresários que estão na mesma situação ou que já ampliaram seus negócios”, aconselha Barretto.
Desemprego
Quando a economia enfraquece, o franchising costuma se fortalecer. Isso não foi diferente do segundo semestre do ano passado para cá, com o desligamento de profissionais das grandes empresas. Como a recolocação não tem sido fácil para todos os cargos, muitos partem para o empreendedorismo. “Eles normalmente não têm experiência própria e buscam o que o sistema de franquia pode oferecer: know how, um índice de sucesso maior e taxa de mortalidade menor”, comenta o consultor da Leão Business Upgrade, Juarez Leão.
O estresse do ambiente corporativo, a falta de oportunidades de aplicar ideias e conhecimentos adquiridos no MBA de negócios e a falta de reconhecimento acarretaram o desgaste e, por fim, o desligamento de Alexander Correa Porto, 38 anos, da empresa em que trabalhava há 13 anos. “O apagão de bons líderes nas grandes empresas faz com que o ambiente se torne desfavorável ao desenvolvimento profissional. Falta de feedbacks e altos níveis de stress tornam o ambiente nas grandes corporações totalmente avesso a quem procura equilíbrio entre carreira e qualidade de vida”.
Motivado por professores da especialização, Porto começou a olhar para o sistema de franquias como uma opção de adquirir a qualidade de vida perdida no mundo corporativo. “Queria buscar um negócio para aplicar tudo que aprendi. A franquia não é um negócio próprio, porém a flexibilidade é muito maior do que em um emprego”, afirma.
Para se decidir pela lavanderia Prima Clean, Porto estudou as necessidades do mercado, aliado às crises hídrica e financeira que o País atravessa. O contrato foi assinado em novembro do ano passado e no primeiro mês de funcionamento o empreendedor já respirou aliviado pela escolha. “Os resultados foram bem acima das expectativas”.
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