Bitcoin e outras novas moedas começam a tilintar nos caixas do varejo. Franquias ainda tateiam ambiente, mas tendência é certa
No início desse ano, o e-commerce da loja de vestuário Reserva passou a aceitar Bitcoins. Na hora de finalizar o pagamento, o cliente pode escolher a moeda criptograda entre as opções e finalizar o pedido.
A novidade mexeu com o varejo e despertou a questão: a moeda também poderá ser aceita no varejo físico? Especialistas e entusiastas das novas tendências já apostam que, em breve, a pergunta crédito ou débito receberá uma terceira opção: criptomoedas.
“A ideia de aceitar Bitcoins como meio de pagamento já não é mais novidade no Brasil, apesar que, pouco tempo atrás, não era bem essa nossa realidade”, explica o diretor de Relações com Investidores da fintech especializada em criptomoedas Atlas Quantum, Bruno Peroni.
Hoje, já é possível pagar uma consulta médica ou ir a restaurantes e usar a moeda virtual, mas o grande varejo ainda olha de soslaio para a tendência.
Fácil e seguro
De acordo com Peroni, não é difícil encontrar empresas e startups que atuem com máquinas de cartão adaptadas, serviços de câmbio para pagamento, entre outras soluções. “No fundo, porém, aceitar Bitcoins como forma de pagamento é bem mais simples que isso. Primeiramente, é importante entender que a propriedade de Bitcoin e outras criptomoedas dependem da criação de uma wallet, ou o que chamamos de carteira digital”, afirma.
Com a wallet, qualquer pessoa que tenha acesso à internet consegue transferir Bitcoins, sem burocracia. “E para pagamentos internacionais, já se mostra uma opção melhor do que o mercado financeiro tradicional”, comenta.
Peroni explica que o único risco ao qual os varejistas estão sujeitos, ao utilizarem o Bitcoin ou outras moedas criptografadas é a alta volatilidade. “Basta ter em mãos o endereço da wallet de seu cliente ou fornecedor, que a transação desejada pode ser realizada em pouco mais de dez minutos, de forma segura, inviolável e imutável”, comenta.
Os certificados de segurança do Bitcoin são diferentes dos bancos tradicionais, mas nem por isso menos seguros, segundo o especialista. “No lugar de um banco, o Bitcoin utiliza uma tecnologia baseada em protocolos de confiança e criptografia denominada blockchain, onde os próprios usuários validam as transações em um sistema baseado no consenso da rede”, explica.
Franchising já estuda possibilidade
A rede UseOdonto já se prepara para começar a receber essa forma de pagamento. “Temos observado que é um mercado que cresce bastante fora do País. Dentro do grupo também trabalhamos com empresa de meio de pagamento e já estamos conversando a respeito disso”, explica o diretor de Expansão, Daniel Spezamiglio.
Os desafios para colocar a ideia de pé são a integração dessa forma de pagamento com os tradicionais e a divulgação. “Ainda tem um mercado muito grande que não tem acesso a esse tipo de moeda. Esbarramos em um investimento que não terá retorno tão rápido”, afirma.
A expectativa da empresa é que o tema ganhe forma nos próximos dois ou três anos, nada antes disso. No entanto, Spezamiglio reconhece que o pioneirismo pode trazer vantagens. Por essa razão, já está com os estudos abertos em sua mesa. “A visibilidade como um negócio moderno e futurista será até melhor do que o retorno desse meio de pagamento”, aposta. Por enquanto, a marca tem trabalhado no lançamento de um cartão de crédito próprio, com foco nas classes C, D e E.