Ajuda que vem de cima

Ajuda que vem de cima

Franqueadoras selam parcerias ou lançam iniciativas para ajudar a rentabilizar as unidades. Objetivo é garantir a saúde financeira dos franqueados

Quando um avião adentra uma área de turbulência, o piloto é o responsável por lutar para preservar a própria vida e a de outras pessoas que dependem dele. No entanto, se a comunicação está estabelecida, qualquer informação que receber da central será de grande valia para que consiga passar por aquele trecho com mais segurança.

O atual momento econômico no País é uma turbulência que já dura alguns anos, e demanda ações que aumentem a rentabilidade das empresas, para lidar com custos maiores e garantir a saúde financeira. No franchising, essa jornada deve ser cumprida tanto pelo parceiro, que apostou no negócio, quanto pelo detentor da marca, que dispõe de informações sobre o mercado e de particularidades regionais que podem ser estendidas para toda a rede.

Um complicador é que as ações precisam ser tomadas com agilidade. “Nestes tempos de mudanças e inovações contínuas, aumentar a rentabilidade das franquias exige que o franqueador oriente os franqueados a identificar o que pode ser melhorado, adaptando e replicando processos mais eficientes, de forma mais simples e eficaz, ou seja, não complicar”, orienta o diretor-executivo da consultoria MDS Franchising & Negócios, Carlos Ruben Pinto.

Para aumentar o volume de vendas, é preciso estimular o fluxo nas lojas e isso tem sido feito por meio de parcerias ou de iniciativas da própria franqueadora, para apoiar os franqueados. “Acordos de parcerias podem ser bem-vindos, desde que possam agregar valor ao negócio, para atender de forma mais completa ao cliente, sem comprometer marca e a essência da franquia”, aconselha o especialista.

Benchmark interno

A instabilidade econômica não diminuiu a meta da franqueadora Danyelle Van Straten: transformar a Depyl Action em referência nacional em depilação. Mas, para alcançar isso, ela sabe que deve trabalhar duro e em conjunto com a rede.

Antes da crise, Danyelle já tinha criado um programa para aperfeiçoar a gestão do parceiro, o Franquia Premier. Agora, o projeto tem sido fonte de grandes ideias para ajudar a rentabilizar as lojas.

Uma das últimas inovações foi a adoção da pinça de alumínio, ao invés da descartável. “Hoje, eu consigo usar até cinco vezes, após processos de esterilização total. Reduzimos o custo em 90%”, explica Danyelle.

Além disso, a rede deixou de imprimir manuais e apostilas de treinamento, integrando tudo ao Kindle. “Antes, precisávamos de cerca de 500 gramas de cera por cliente. Adaptamos as condições na fábrica e hoje conseguimos fazer o mesmo serviço, com a mesma qualidade, com 300 gramas”, afirma.

Para aproveitar melhor o espaço das franquias, a Depyl Action criou o Camarim Look, que funciona na recepção do estabelecimento. “Aumenta o faturamento por metro quadrado do negócio como um todo. O serviço foi criado em 2013 e já corresponde a 6% do faturamento da rede. De 2014 para 2015 cresceu 43%”, afirma.

“Franqueado feliz é quem coloca dinheiro no bolso”

Não tem sido fácil manter a rentabilidade do franqueado. Franqueadores têm quebrado a cabeça para conseguir equalizar as contas e pensar em soluções criativas. “Lutar contra o custo Brasil tem sido o maior desafio, só vem crescendo na contramão da receita”, explica Danyelle.

A executiva mudou toda sua consultoria de campo. Antes o perfil era técnico, mas ela identificou que pessoas com habilitação em gestão e desempenho seriam mais úteis neste momento. “Franqueado feliz é quem coloca dinheiro no bolso. O franqueador tem que crescer na visão do franqueado. Não existe visão de longo prazo com crescimento vertical”, explica.

O sistema de franchising prevê ganhos para as duas partes, tanto de quem investe, o franqueado, como para o detentor da marca, o franqueador. Por essa razão, as ações devem ser pensadas em conjunto. O sócio da Casa do Construtor, Altino Cristofoletti reforça, ainda, que a responsabilidade é de ambos. “O franqueador tem a visão de rede e ganho de escala. Ele vai ter que pensar como dar suporte para que o franqueado fique focado e objetivado lá na ponta”, explica.

A busca nem sempre é pelo preço menor, mas pela diferenciação. E é nesse aspecto que o franqueador pode se amparar, seja com as parcerias ou melhorias internas de processos e produtos. “Em síntese, orientar para que busquem melhor resultado operacional, com lucratividade e determinação e que nunca façam uma gestão medíocre”, orienta Ruben Pinto.
Uma boa gestão é capaz de avaliar até mesmo oportunidades de redução de custos, sem comprometer qualidade. “Por outro lado, o franqueador e sua equipe de supervisão de campo precisam demonstrar que são muito competentes, que são bons naquilo que fazem. O momento exige trabalhar para aumentar a confiança dos franqueados no negócio que eles têm”, afirma.

 

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