Por um mundo melhor

Por um mundo melhor

Cultura de rede do franchising ajuda a multiplicar ações sociais. Conheça cases de marcas que têm usado a força de suas bandeiras para mudar o mundo

Matéria reproduzida da Revista Franquia & Negócios – Edição 76

por: Paulo Gratão

Depois de deixar suas vidas para trás por causa da guerra, o casal de refugiados sírios Noura Alkalas e Yones Al Nabulsi abriu a primeira franquia social da Nutty Bavarian, em solo brasileiro, no último mês de novembro. O quiosque foi inaugurado dentro de um supermercado Extra, bandeira do Grupo Pão de Açúcar (GPA, em São Paulo, e foi a primeira de dez franquias similares, que serão bancadas pela própria franqueadora.
O projeto futuro é captar recursos para a abertura de mais quiosques nesse modelo. “Eles já se mostraram com muita vontade de fazer o negócio dar certo. É bom para eles, para nós e para o cliente. Eu acredito muito nesses projetos quando se tornam sustentáveis. É o empurrão para que a pessoa construa sua própria vida”, explica a diretora da marca, Adriana Auriemo.

A executiva explica que os desafios tendem a ser maiores do que em unidades convencionais e a marca está se preparando para isso. “É outra cultura, vamos ter que ensinar como atender os brasileiros, a nossa moeda e nossos costumes. Nossa equipe terá que estar muito mais próxima nesse começo, mas a força de vontade está tão grande que eles devem superar”.

Outras ações

Adriana conta que há algum tempo a rede tem procurado ações em que pudesse participar e criar uma cadeia sustentável. Por essa razão, a marca se associou à organização social Amigos do Bem, que construiu cidades do bem em áreas carentes, no Nordeste. “A nossa intenção é colocar os produtos feitos por eles nas fábricas, para vender nos nossos quiosques. Os royalties que vierem desses itens serão direcionados para projetos sociais”, explica.

Além dessas iniciativas, a Nutty Bavarian mantém patrocínio a atletas paralímpicos e promove ações pontuais, como eventos na Casa Hope, que ampara crianças com câncer, doações e brindes.

Saúde

Os Amigos do Bem inspiraram outra ação no setor de franquias. O Instituto Sorridents, braço de sustentabilidade da Sorridents, levou 17 dentistas ao sertão nordestino para atender mais de três mil pessoas. “Oferecemos todas as especialidades odontológicas, fizemos um trabalho de arrecadação de medicamentos, insumos e tratamento”, explica o diretor do instituto, Claudio Tieghi.

Os atendimentos foram realizados em um caminhão com três clínicas e sala de espera, cedido pela TruckVan. O investimento do Grupo Sorridents e dos parceiros Dental Speed e TruckVan na ação, até o momento, gira em torno de R$ 484 mil.

O Instituto Sorridents tem como missão promover a saúde bucal e erradicar a cárie no Brasil. “A cárie pode ser erradicada como foi a poliomielite”, afirma Tieghi. O Instituto promove palestras, avaliação bucal e até tratamento para pessoas carentes em escolas e institutos. Só em 2016, 65 mil pessoas foram beneficiadas.

Escala

Quem aproximou a Nutty Bavarian da causa dos refugiados foi Rodrigo Abreu, presidente da AlphaGraphics Brasil, que é conselheiro da ONG Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado). Além dessa ­iniciativa, a marca de comunicação também está envolvida em projetos como o Vida Corrida, que promove a prática de esportes no extremo Sul de São Paulo, e ações pontuais na AACD e Make a Wish, que realiza sonhos de crianças, em todo o mundo.

Recentemente, a AlphaGraphics se engajou na doação de cinco mil livros para a Prefeitura de São Paulo. “O que nos incentivou foi participar de um projeto de alto impacto, pois concedemos para uma instituição e chega para até 80 pontos, sendo 54 bibliotecas, 15 pontos de leitura e 13 bosques de leitura. Atingir todos esses locais foi um dos chamarizes”, explica Abreu.

Educação

A Fundação CNA existe há 15 anos, na zona Sul de São Paulo, e ao longo de sua história formou cerca de três mil crianças de até seis anos. A organização surgiu da vontade do fundador, Luiz Gama, em homenagear o pai, Moacyr Nogueira da Gama (razão social da Fundação).

“Foi planejado como um local pequeno para receber 700 crianças. Hoje tem praticamente dez vezes o tamanho, só não cresce mais porque o potencial construtivo do terreno está ocupado”, explica o diretor de educação do CNA, Marcelo Barros. O projeto abarca um centro de educação infantil, tratamento dentário, centro de vacinação, que também é utilizado pela Prefeitura, oficina de costura para as mães e um centro de desenvolvimento infantil.

Não há uma conexão direta com a rede de franquias. A fundação é integralmente mantida pela franqueadora e alguns franqueados colaboram, mas não é obrigatório. “É bastante comum as famílias pedirem aconselhamento às nossas professoras e diretoras pedagógicas. As mães são muito próximas à fundação. Todos os funcionários são da própria comunidade”, afirma Barros.

Não há receita de bolo

Mais do que uma atitude altruísta, a responsabilidade social se tornou uma demanda inerente do consumidor moderno. Empresas que não se preocupam com o legado que deixarão no mundo tendem a perder espaço, na visão do sócio da consultoria GoAkira, José Fugice. “É um caminho sem volta, os franqueadores precisam buscar causas de acordo com o seu perfil para ajudar. Isso também vai contar pontos economicamente falando. Empresas com apelo social sobressaem no mercado”, explica.

A coordenadora de sustentabilidade da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Eleine Bélaváry, comenta que a preocupação do setor com as questões sociais evoluiu muito nos últimos dez anos. “Tudo antes era em cima de caridade e assistencialismo, mas com esse movimento da sustentabilidade no mundo, eles começaram a ver que isso não transforma tanto a vida das pessoas”, explica.

A ABF, por meio da Afras (Associação Franquia Sustentável, braço da entidade que foi incorporado à diretoria interna em 2013), conscientizou as redes sobre como tornar a gestão sustentável transformadora para o negócio e também para o mundo. “Mostramos que o mais importante é estar alinhado ao negócio da marca, que tenha acompanhamento, mensuração e resultados. Tem que ser personalizado para a empresa. Ela precisa pensar em construir seu próprio case”, explica a especialista.

Um engano muito comum é envolver apenas o marketing da empresa nas ações sociais. Eleine explica que toda a empresa precisa se envolver nas causas. “A sustentabilidade e a responsabilidade social são transversais ao negócio, não envolve só o marketing”, afirma.

 

 

Veja alguns artigos interessantes do Portal do Franchising, clique e te levaremos para lá: