Contratar e reter talentos ainda segue como um dos principais desafios para os franqueados, aponta estudo da ABF em parceria com a Galunion.
Redes querem que franqueadoras negociem preços melhores com os fornecedores de alimentos e bebidas.
Durante o Seminário Setorial de Food Service, evento integrante da ABF Franchising Week 2023, realizado em São Paulo, capital, no final de junho, foi divulgada a nova edição da Pesquisa de Food Service 2023, uma parceria da ABF (Associação Brasileira de Franchising) com a Galunion, consultoria especializada em alimentação. Além de trazer dados de diversas temáticas pela ótica das empresas franqueadoras que atuam no setor, o levantamento também traz a visão dos franqueados que compõem as redes que concederam informações para o levantamento. Neste ano, por exemplo, participaram da pesquisa 31 marcas, com o total de 203 respondentes. Destes, 71% não estão com dívidas, 62% fecharam 2022 com lucro, 57% obtiveram um faturamento no primeiro trimestre de 2023 superior ao mesmo período de 2022 e 64% fecharam o primeiro semestre de 2023 com lucro.
Ao obter a visão dos franqueados, a pesquisa busca mostrar se algumas das percepções do mercado de Food Service são semelhantes. Neste caso, um dos quesitos que segue o mesmo parâmetro está relacionado às dificuldades na contratação e retenção de talentos. Assim, 68% dos franqueados têm dificuldade para contratar e reter colaboradores, 24% no mesmo nível de dificuldade que antes da pandemia e apenas 8% estão sem nenhuma dificuldade. O levantamento ainda quis identificar quantas pessoas muito competentes integram o time. Os dados apontam que 34% consideram que mais de 50% da equipe é muito competente.
Assim como na visão geral, a retenção de talentos ainda é um desafio. Quando questionados sobre quais as principais dificuldades em ter pessoas muito competentes no time, para 51% dos ouvidos isso está relacionado a precisar de pessoas e não encontrar o candidato certo. Entre outros motivos, constam lidar com um turnover muito alto para 33% dos franqueados respondentes; ter dificuldade na hora de escolher a pessoa certa entre os candidatos para 18%; o fato de os candidatos mais competentes não considerarem a marca um lugar atraente para se trabalhar para 11%, e ser difícil definir o perfil que você quer que trabalhe na marca com 8% das respostas.
“Além da questão relacionada à gestão de pessoas, a pesquisa evidenciou que 67% dos franqueados querem ações de marketing que tragam maior fluxo de clientes para as operações. Esse dado está intimamente relacionado com outra questão do levantamento que aborda quais pedidos os franqueados fariam ao franqueador da sua marca. Em primeiro lugar, com 65%, temos a negociação de preços melhores com os fornecedores de alimentos e bebidas, seguido por 53% que gostariam de ter alguma ajuda para fazer marketing local ou digital para atrair cliente. Entre as outras solicitações, aparecem temas como focar em inovação e na criação de novos produtos para 29%, focar em resultados por meio de educação e treinamento também para 29%, e implantar novas ferramentas ou tecnologias para a gestão do negócio ser mais fácil, para 28%. Com base em tudo que vimos na NRA Show – maior evento do mercado de alimentação do mundo –, os líderes dos restaurantes do futuro têm cultura empregadora mais positiva, mentalidade de inovação, movendo-se para o início da cadeia, estão em constante aprendizado e trazem isso para o restaurante. Seria importante termos essa mentalidade nos negócios brasileiros”, revela a fundadora e CEO da Galunion, Simone Galante.
A pesquisa de Food Service ABF/Galunion também quis entender melhor quais seriam os maiores desafios para os franqueados em 2023. Levando em conta as três opções mais relevantes que apareceram como primeira escolha está recrutamento, treinamento e retenção da equipe para 31%, situação econômica e política brasileira para 30% e rentabilidade do modelo de negócio para 23%. Porém, quando somados o primeiro, segundo e terceiro lugar, outros índices se destacam: 72% estão mais preocupados com a pressão de custos devido à inflação, 71% com a manutenção de CMV (Custo de Mercadoria Vendida) e figurando novamente, 70% com o recrutamento, treinamento e retenção da equipe.
Para João Baptista Junior, coordenador da Comissão de Food Service da ABF, “essa pesquisa demonstra uma maior maturidade dos franqueados, que comandam os seus negócios, acompanham os indicadores e têm estratégias para fazê-los crescer sustentavelmente. Além disso, ela demonstra também como esses empreendedores, por integrarem o sistema de franquias, têm mais condições de se adaptarem e se beneficiarem das evoluções do mercado”.
Foto: Keiny Andrade