Na metade do caminho

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Matéria reproduzida da Revista Franquia Negócios Ed. 58

Diretoria estatuária faz balanço do primeiro mandato à frente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e traça desafios para o próximo ciclo

Novembro, noite de terça-feira chuvosa, em São Paulo. No trânsito habitual da cidade, a presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Cristina Franco, pedia ao jornalista que aguardasse um instante ao telefone para iniciar a entrevista enquanto ajudava o taxista a se localizar, com o aplicativo Waze, para chegar ao aeroporto em tempo. Fazia dois dias que Cristina desembarcara da Bahia, vindo da 14ª Convenção ABF do Franchising, e já estava a caminho de outra viagem, desta vez para o Senado norte-americano, para cumprir agenda da entidade em prol do setor.

Cristina Franco chega ao fim do primeiro mandato à frente da ABF deixando a marca do diálogo entre todas as pontas do sistema. Sob sua diretoria, a entidade, que já era a porta-voz oficial do setor, atingiu o protagonismo nas causas nacionais e internacionais que permeiam o cotidiano de franqueados, franqueadores e especialistas.

“Foi aberto o caminho da interlocução. Participamos da discussão do Supersimples e agora vamos consolidar para que as demandas específicas, como a inclusão do Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do franchising entre as atividades contempladas pelo regime, sejam reconhecidas nas esferas governamentais”.

Cristina Franco e Guilherme Afif
Guilherme Afif Domingos, Ministro da Micro e Pequenas Empresas e a Presidente da ABF, Cristina Franco

 

Produzir, consolidar e apresentar números críveis foi uma das ferramentas que fez o governo voltar os olhos para o setor. E é o que a presidente reeleita pretende levar para o seu segundo mandato, no biênio 2015-2016.

Evolução

Pela primeira vez em dez anos, o franchising estima crescer abaixo dos dois dígitos. Deve ficar entre 5,5% e 7%, de acordo com a ABF, e mesmo assim se descola de outros setores, como o varejo em geral e a própria economia nacional, que é próxima do traço.  A presidente atribuiu o resultado, principalmente, à interiorização do setor nos últimos anos.

“Ainda tem expansão em números de loja, o Brasil não tem um PIB linear. Temos muitas cidades com desejo de expansão mais forte. Além disso, a indústria tem capacidade de conquistar mais vendas na mesma loja”. Na visão da executiva, a efetividade do sistema se mostra na força do franqueado, que tem mais segurança do que um varejista independente, refletindo no crescimento expressivo do setor como um todo.

A interiorização foi o gás para outra tendência do setor: a fortificação do varejo de rua. De acordo com a pesquisa da Deloitte, 63% das marcas veem como loja mais rentável uma que está fora dos shopping centers. “Os dois modelos coexistem e há essa simbiose da utilização. Há uma discussão de custo de ocupação em shopping centers colocada à mesa, estamos criando pesquisas específicas com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) para identificar oportunidades. Ninguém está desatento a isso”.

Luís Fernando Pinto Veiga, Presidente da Abrasce com Crisitna Franco
Luís Fernando Pinto Veiga, Presidente da Abrasce com Crisitna Franco

Papel da entidade

O biênio 2013-2014 foi marcado, também, pela modernização colaborativa do Código de Conduta da ABF, apoiada pelo professor Lélio Lauretti. Cristina explica que as normas transcendem a diretoria e podem chegar às redes associadas. “A entidade, a cada ano, é mais criteriosa porque defende as boas práticas do franchising em território nacional e não hesita tomar as medidas que pode, por estatuto, quando o associado não cumpre as premissas do Código de Conduta”. A presidente reitera que a ABF é reconhecida como a porta-voz do setor em âmbito nacional e “não foge desse papel”.

Cristina Franco e Franqueadores no Café com a Presidente
Cristina Franco e Franqueadores no Café com a Presidente

Associados

Nos dois anos que se passaram, a entidade promoveu encontros com franqueadores e franqueados. O Café com a Presidente teve seis edições e o Café com Franqueados teve a primeira este ano. Na visão de Cristina, a presença dos associados fortalece o trabalho da ABF, que passa a comungar dos mesmos anseios.

“É estratégico que tenhamos a leitura e a demanda vinculada às dos associados, não pode ter distanciamento”.

Como primeira presidente mulher, Cristina idealizou o Comitê Mulheres do Franchising ABF, com a missão de estimular a diversidade de gênero nas lideranças do setor. O Comitê, coordenado por Rita de Cássia Poli, do Big X Picanha, Sandra Brandão, da Brandão Oliveira Advogados, Eleine Bélavary, da Ecojardim e Lyana Bittencourt, do Grupo Bittencourt, já promoveu dois grandes eventos em 2014 e segue com as atividades para o próximo biênio.

Próximo mandato

Para os próximos dois anos, uma das metas da diretoria é a qualificação dos franqueados visando à lucratividade. De acordo com Cristina, a questão já tem sido fortemente trabalhada no Conselho de Associados e na diretoria e agora deve ser levada aos franqueadores. O propósito é contribuir para que o franqueado tenha o lucro esperado com sua unidade, pois essa é uma das premissas do setor. “Queremos colaborar com as redes nas capacitações não específicas dos franqueados, que envolvem o know how de franchising”.

Essa preocupação vem ao encontro do novo perfil do investidor em franchising, que já chega ao mercado mais bem informado. Tendo isso em vista, a ABF Educação foi outro pilar que já teve aperfeiçoamentos significativos nos últimos dois anos, como a unificação do conteúdo da diretoria nacional, seccional e regionais.

Além disso, as negociações de créditos para franquias que ocorreram nesses dois anos, como o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), em parceria com o Sebrae, Santander e Bradesco, terão os frutos colhidos ao longo dos próximos anos. “É a ponte dos últimos dois anos para os próximos dois. Foi muito trabalho, mas usufruiremos o benefício no momento em que o franchising nacional mais precisa, um ano com economia mais dura para o varejo. Qualificação e crédito mais barato são fundamentais para seguir crescendo”.

Cristina Franco, Rita de Cassia Poli, Sandra Brandão, Eleine Belavary, Angela Manzoni e Lyana Bittencourt: Diversidade de gênero na liderança
Cristina Franco, Rita de Cassia Poli, Sandra Brandão, Eleine Belavary, Angela Manzoni e Lyana Bittencourt: Diversidade de gênero na liderança

DEPOIMENTOS

RECURSOS HUMANOS
Pessoas na conta

“Praticamente em todos os segmentos econômicos vivemos um dos mais acirrados processos de compressão de margens a que se assistiu desde o início da revolução industrial”

Alain Guetta

Equilibrar a satisfação dos funcionários com políticas motivacionais e controle de rotatividade, diante de tantas ofertas no mercado, são alguns dos desafios que permeiam a rotina de franqueados e também preocupam franqueadores. Aumentar salários seria a resposta óbvia, mas para acrescentar zeros em uma conta em que não entram recursos, é preciso que diminua de outra. “Praticamente em todos os segmentos econômicos vivemos um dos mais acirrados processos de compressão de margens a que se assistiu desde o início da revolução industrial”, afirma o presidente da Guetta Franchising e ex-presidente da ABF-Rio, Alain Guetta.

O consultor explica que a alta concorrência do mercado, benéfica para o consumidor mas que exige mais esforço dos varejistas, dificulta a revisão salarial frequente. Isso faz com que ações como planos de carreira, criação de sistemas empresariais, que prezem pela conquista de objetivos, e reconhecimentos que ajudem no desenvolvimento do profissional se tornem diferenciais para manter o quadro em tempos de pleno emprego, sem grandes impactos. “Precisamos arranjar novos e mais criativos enfoques motivacionais, que impeçam as pessoas de abandonar seus empregos por mínimas diferenças salariais”.

CLIENTES
A conquista do consumidor

“Precisamos concentrar energia onde efetivamente temos poder: identificar nossas fraquezas, pois temos controle sobre elas. Não tem interferência externa”

Altino Cristofoletti

Com o orçamento cada vez mais restrito, os clientes passaram do consumo desenfreado a eleger compras prioritárias e selecionadas. O desafio das franquias é criar estratégias que as permitam figurar entre essas seletas opções. Tudo começa no atendimento. “Precisamos concentrar energia onde efetivamente temos poder: identificar nossas fraquezas, pois temos controle sobre elas. Não tem interferência externa”, afirma o vice-presidente da ABF para o biênio 2015-2016, Altino Cristofoletti.

Diante desse cenário, 2015 se apresenta como uma rica oportunidade de amadurecimento para o franchising e de seus modelos de negócios, principalmente no que tange o relacionamento com o consumidor. “A concentração dos recursos deve recair no desenvolvimento do time, seja da franqueadora ou das unidades de atendimento”, explica.

VENDAS
É possível vendar mais!

“O consumidor terá uma série de contas que não pode abrir mão, uma renda menor disponível para o consumo e uma maior batalha por ela”

Artur Grynbaum

O consumidor mudou de humor em vários momentos de 2014. De acordo com o membro do Conselho de Associados da ABF e presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, esse é o índice que consegue antever a predisposição de consumo. “Mostra se a pessoa está disposta a consumir nem que seja um cafezinho quando sai à rua. Se ela não está com esse humor, nem o cafezinho vai ser tomado”. De acordo com o executivo, eventos como a Copa do Mundo e as Eleições despertaram oscilações de humor muito controversas no consumidor, respingando no varejo como um todo.

Na visão de Grynbaum só existem duas formas de aumentar o faturamento: trazer novos clientes ou estimular os que já consomem a comprar mais. “O consumidor terá uma série de contas que não pode abrir mão, uma renda menor disponível para o consumo e uma maior batalha por ela”.

Apesar da renda retraída por conta da inflação, as franquias têm potencial para alavancar as vendas por loja, quem investiu na consolidação da marca já começa na frente. “Marcas fortes, que tenham serviços e processos bem estabelecidos e relacionamento com o consumidor tendem a se destacar em ambiente com escassez de renda. Estão mais presentes na cabeça do consumidor”.

 

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