Millennials # Franchising

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A famigerada geração Y deixou de ser tendência e se tornou realidade no varejo mundial. Redes precisam se preparar para os franqueados com esse perfil

A burocracia do ambiente corporativo tradicional não era a praia de Mariana Mascarenhas, de 27 anos. Com passagem por grandes empresas multinacionais, o objetivo da moça desde sempre foi empreender. “Minha família é toda de empreendedores. Eu tentei carreira em empresa, mas não gostava do ambiente muito engessado”, explica.

Apesar da vontade, Mariana não tinha experiência com comércio e a família é do ramo automotivo, o que pouco ajudava seu desejo por trabalhar com moda. Ela precisava encontrar alguma forma de ter suporte, treinamento e modelo de negócio formatado para conseguir andar com as próprias pernas. Essas vantagens a levaram ao setor de franquias, mais especificamente à Outlet Lingerie. “O maior desafio foi entrar sozinha. Eu não tenho sócio, precisei contatar uma equipe e achar o ponto comercial”, diz.

Mesmo com a padronização da franqueadora, Mariana viu que poderia dar um toque mais jovial à comunicação da marca com o entorno da loja, em São Bernardo do Campo (SP), e implantou algumas ações para atrair mais clientes. Começou a disparar as promoções da loja no Instagram e por WhatsApp, para as clientes. Além disso, iniciou eventos locais, como o Chá Renew, focado na nova onda de redução mamária. “Muitas mulheres estão optando por retirar o silicone. Ela pode deixar uma lista na loja, cada amiga compra um sutiã, ou fazemos o evento e cada uma faz uma compra”, explica. Os eventos podem ser realizados tanto nas casas das consumidoras, quanto na própria loja.

A loja de Mariana ultrapassou a meta máxima estipulada pela franquia, no ano passado, e a perspectiva é que em 2016 o faturamento aumente 12%. A empreendedora também já pensa em investir em outra franquia na região do ABC, em 2017

Assim como Mariana, jovens cada vez mais insatisfeitos­ com o mercado corporativo optam por abrir a própria empresa. Esse, aliás, é um desejo da geração Millennial – jovens nascidos entre 1980 e 2000 –, em geral. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Revista Franquia & Negócios ABF, e realizada pela AGP Pesquisas Estratégicas, com um público interessado em empreendedorismo, 84% dos jovens querem ter o próprio negócio. Destes, 69% optariam por franquia. “É uma geração que se move mais por causa e propósito do que por dinheiro. Não que o dinheiro saia de cena, mas deixa de ser o protagonista. As redes de franquia terão que trabalhar muito para se alinharem com a geração Millennial”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

A visão de negócios antenada de Mariana mostra uma nova realidade do setor de franquias, capitaneada pelo empreendedorismo da geração Millennial. O grande desafio dos negócios criados por mentes jovens é o equilíbrio. “A prosperidade está em equilibrar as características positivas de cada geração. Hoje não podemos focar no conflito de idades e sim na complementaridade delas, pegar a qualidade de cada uma e fazer um grande time”, explica o sócio-diretor do Instituto de Desenvolvimento Profissional (Idepro), Alexandre Slivnik.

A grande questão que as empresas precisam se atentar é que o jovem da geração Y não é mais o futuro, ou uma tendência. Ele já está aí, modificando os negócios e as relações de consumo dia após dia. “Qualquer coisa pensada para ser simples é atrativa para esse público”, afirma o fundador da consultoria Leão Business Upgrade, Juarez Leão.

#ComoLidar
O suporte a esse franqueado também precisa ser adaptado, na visão de Terra. Esqueça as cartas e minimize reuniões presenciais. Com um perfil mais digital, o franqueado Millennial é muito mais facilmente alcançado por uma mensagem no grupo do WhatsApp ou em redes sociais. “O que muda é o driver do relacionamento, a transmissão da informação não é prejudicada de forma alguma”, afirma.

Filosoficamente, as duas gerações anteriores nasceram para trabalhar, conforme explica o especialista. Já a geração Millennial trabalha para viver. Eles podem até dedicar-se mais que os mais velhos, mas fora do ambiente corporativo. “O Millennial não tem aquela visão de workaholic. Se olhar na dimensão do negócio, talvez seja um déficit. Ele não vai estar na empresa 14 horas por dia, mas vai estar ligado nela 24 horas por dia”, explica Terra.

#FollowMe
As redes de franquia têm notado uma maior quantidade de candidatos na faixa etária Millennial. O fundador da microfranquia Guia-se, José Rubens de Oliveira Oliva, acredita que o comportamento conectado não se restringe à idade. “Obviamente tem predominância entre 20 anos e 30 anos, mas é um comportamento que está se estendendo independente de faixa etária”. Só em 2015, cerca de 27% dos contratos de franquia assinados na rede foram por jovens com menos de 30 anos.

Na Óticas Carol, 23% dos franqueados que inauguraram lojas ano passado têm menos de 35 anos. “Os franqueados na faixa de 30 anos têm um perfil muito dinâmico, são muitos ligados à novidade, e querem resultados rápidos”, observa o presidente da rede, Ronaldo Pereira. O executivo ainda diz que esses empreendedores têm mais facilidade para absorver a cultura empresarial e utilizar os recursos digitais disponibilizados pela rede.

A comunicação para o consumidor e funcionário da Chilli Beans sempre mirou nos jovens, mas também acerta em candidatos à franquia. Só no último ano, 34% das pessoas que assinaram contrato tinham até 35 anos. “Na Chilli Beans essa média de idade está presente tanto em nossos franqueados quanto em nossos consumidores. Para nós, já faz parte do nosso dia a dia estar presente e com suporte para atendê-los”, explica o CEO da rede, Caito Maia.

#FicaAki
Como não perder os funcionários Millennials? “As empresas que não souberem aproveitar essa forte característica empreendedora, vão perder esses jovens. O maior legado dessa geração é a possibilidade de fazer novos negócios nas empresas que atuam, eles têm sede de crescimento. Se não conseguirem, eles farão fora da empresa que estiverem trabalhando”, explica o sócio-diretor do Instituto de Desenvolvimento Profissional (Idepro), Alexandre Slivnik.

De acordo com a Nielsen e a GS&MD, Millennials representarão 75% da força de trabalho em 2025 ao redor do mundo. Suas despesas devem ultrapassar os baby boomers (nascidos no pós-guerra). No Brasil, China e Estados Unidos já ultrapassaram

Quase todos os Millennials compram pelo celular

Antes de ser o possível franqueado de uma rede, o jovem da geração Millennial é consumidor. E do lado de fora do balcão, vem ditando regras há algum tempo. A primeira é sobre a própria existência de um balcão, uma vez que 20% dizem preferir recorrer ao self checkout a passar pelo caixa convencional, segundo informações apresentadas na última edição da NRF’s Big Retail, que aconteceu no início do ano, em Nova Iorque.

A maior parte (86%) dos jovens da geração Millennial utiliza smartphones para compras. Isso sem contar que quase metade deles (47%) utiliza redes sociais para buscar informações, e isso pode impactar diretamente o negócio. “Eles esperam o mesmo dinamismo nas empresas, há dez anos era normal demorar um ou dois dias para dar retorno. Hoje, se levar mais de uma ou duas horas, a empresa não presta. Mudou completamente a forma que tem que operar”, explica o sócio-diretor do Idepro, Alexandre Slivnik

De acordo com a Nielsen, três em quatro consumidores dessa faixa-etária estão dispostos a pagar mais por um produto que valorize a sustentabilidade.

Um estudo da JCPenney revelou que 75% dos Millennials consideram a loja física o elemento mais importante na experiência de compra. No entanto, 100% deles usam a internet antes para buscar referências.

A felicidade e qualidade de vida são mais importantes para os Millennials do que a posse de itens. O presidente da SBVC, Eduardo Terra, explica que essa geração é mais adepta de serviços como Uber e Airbnb, por exemplo, do que comprar carros ou reservar hotéis. “Isso alavanca muito as franquias de serviços. É uma geração que não vai lavar roupa em casa, vai ter menos carros, mais bicicletas, vai andar mais de táxi e vai viajar mais, porque gosta de experiências. Todo setor voltado para viagens e idiomas vai crescer”, explica.

Rei do Mate investe em conectividade para aumentar o público

Para garantir a conectividade e permanência do Millennial em sua loja, comerciantes têm investido em redes WI-FI como um diferencial. No entanto, neste mês de abril, a Rei do Mate dará um passo a mais em relação a isso.

A rede contratou os serviços da empresa Uau-fi, que fornece um aplicativo “metamórfico”, nas palavras da empresa. Isso significa que diversos estabelecimentos podem oferecer promoções e emitir alertas pela mesma ferramenta. Ao entrar em uma loja, o aplicativo no smartphone do cliente se transforma com a cara daquela marca. Por enquanto, apenas o Rei do Mate está utilizando o serviço entre as franquias brasileiras, segundo o diretor comercial da marca, Antonio Carlos Nasrui.

Por meio do aplicativo, o cliente faz o login apenas uma vez e está habilitado para usar a internet em qualquer ambiente que utilize o Uau-fi. “Esperamos receber entre 10% a 20% de público para as lojas em até um ano. Queremos reter clientes e iniciar programas de fidelidade que antes não conseguíamos fazer”, explica Nasrui. A ferramenta ainda dará todo um banco de dados sobre os clientes que frequentam o estabelecimento, para que o franqueado possa adaptar o atendimento de acordo com as informações colhidas.

Atualmente, 74% do público da marca têm entre 14 anos e 39 anos. A ideia da rede é que os clientes passem a usar as lojas para trabalhar, estudar e se comunicar com amigos. De acordo com o diretor, todas as unidades já receberam lounges para se adaptar a essa realidade.

Negócios Millennials

Os jovens já estão influenciando o sistema de franquias em todas as pontas, seja como funcionário, franqueado, stakeholder ou até mesmo franqueador. As redes criadas pela geração Millennial têm em comum a facilidade de transportar o negócio para as mídias sociais e a virtualização dos processos da empresa. Confira algumas histórias:

#DoNossoJeito
A franquia Viva Eventos, de Juiz de Fora (MG), foi fundada por cinco amigos, de 32 anos a 35 anos, enquanto ainda estavam na faculdade. Todos eram de cursos distintos – administração, odontologia e direito – e pensavam em seguir a carreira de formação.
Nem passava pela cabeça dos amigos empreender, mas ao perceber que a única empresa da cidade focada em eventos não dava conta do recado, resolveram fazer eles mesmos. “Quando nos formamos percebemos que tinha uma certa carência nos eventos de formatura. Sempre tradicionais, sem novidade, inovações, sempre o mesmo padrão”, explica o diretor de franquias, Vitor Pedrosa.

A maioria dos franqueados é da mesma faixa etária dos fundadores. Quase todo o escritório é on-line, mas as cobranças e sistemas de metas são rigorosos, como os modelos tradicionais. “Temos um clima jovial dentro da empresa, mas com um sistema de metas bem rígido”, explica Pedrosa. Hoje, nenhum deles exerce a carreira de formação.

#Crush_consumidor
Bruno Goroditch, 35 anos, e Leandro Souza, 33 anos, são dois amigos de infância, que fizeram intercâmbio nos Estados Unidos. Ambos trabalharam em restaurantes por lá. Leandro teve mais contato com o negócio e voltou inspirado a abrir um restaurante de espetinhos no Rio de Janeiro.

A Espetto Carioca nasceu em 2010. “Não imaginamos que o crescimento seria tão rápido. Em 2011 montamos a segunda loja em Jacarepaguá, depois veio a terceira em 2012 e percebemos o potencial que o negócio tinha”, explica Bruno. A pouca experiência foi um empecilho para contratar mão de obra, mas eles encaram tudo como um aprendizado.
Enquanto outras empresas patinam nas redes sociais tradicionais, os dois apostaram no Tinder, aplicativo de relacionamentos, para divulgar a marca. Funcionou assim: a empresa fez um perfil chamado Casal Procura para divulgar um prato combinado. Foram mais de 150 “matchs”, sendo a maioria de homens. Quando o chat começava, a empresa perguntava a localização do crush e indicava o restaurante mais próximo, para que ele conhecesse o “casal”.

Deixa_Comigo
Michel Jeger, 34 anos, trabalhou por um tempo na empresa do pai, mas a burocracia o chateava. “Ter uma empresa era uma necessidade para fazer algo da minha vida. Me juntei com uns amigos e fizemos o primeiro Koni no Leblon”, explica.

O empreendedor descobriu uma grande demanda reprimida pelo negócio no Rio de Janeiro. Prova disso é que pouco tempo depois da abertura da marca, o Grupo Trigo (detentor das marcas Spoleto e Domino’s) se interessou e adquiriu. Um dos frutos de Michel é a internalização da agência de design da empresa. “Sempre nos preocupamos muito com design, uma forma de comunicar mais jovem, mais antenada, surpreender os clientes em eventos, locais onde eles não imaginavam que a gente estaria”, explica.

Michel fala que aprende muito em sua estadia no Trigo. A integração com empresários mais maduros é elogiada pelo jovem executivo. “Consegui me adaptar a alguns processos para aprender a delegar. Empreendedor tende a matar no peito, fazer sozinho e deixar cacos no meio do caminho. Se não tiver o foco de formar time, não consegue abrir caminho para as pessoas que vão te suceder”.

Quem é o jovem empreendedor de franquia?

A Revista Franquia & Negócios ABF encomendou uma pesquisa direcionada à AGP Pesquisas Estratégicas com potenciais empreendedores. A sondagem foi realizada on-line com 24 estados brasileiros, entre fevereiro e março deste ano. “A pesquisa foi direcionada principalmente para pessoas que já buscam informações sobre empreendedorismo ou que já empreendem. A amostra conta tanto com o público Millennials, quanto com pessoas de outras faixas etárias, possibilitando a comparação entre os dois estratos”, explica o sócio da AGP Pesquisas Estratégicas, Aécio Larrubia Junior.

A maioria dos jovens da geração Millennial (84%) tem interesse em abrir o próprio negócio, destes, 69% optariam por franquia. Alimentação é um segmento que atrai todos os perfis de investidores, pois está no topo tanto para os jovens, quanto para os mais velhos. Já o segundo lugar mostra claras diferenças: Millennials preferem Cosméticos, enquanto as outras gerações apostariam em Cafeterias. “Eles se interessam mais por empresas com produtos de desejo para o consumidor, como cosméticos e vestuário. Apesar de ter mais interesse em produtos de consumo, o curioso é que eles citam Educação e Treinamento, e o mais velho, não”, observa Larrubia.

Entre as marcas mais citadas estão grandes redes do franchising nacional. O Subway é a mais almejada pelo Millennial, seguida pela Cacau Show e Kopenhagen. Os mais velhos também se interessam pelas duas primeiras, mas em ordem invertida: a loja de chocolates se daria melhor. A diferença se dá na terceira posição: O Boticário é objeto de desejo dos mais velhos.

Ser um negócio inovador é mais importante para os Millennials, ao passo que o atual cenário econômico motiva mais as escolhas das outras gerações. Ambos, no entanto, escolhem prioritariamente por boas oportunidades de negócios e gostarem do ramo. “As outras gerações têm a mente mais focada no que querem, eles têm experiência. O Millennial ainda sonha um pouco, aponta mais opções aleatórias”, explica Larrubia.

Os dois eixos comparados acreditam que se tornar proprietário de uma franquia é poder trabalhar em algo próprio, mesmo que tenha que abdicar de mais horas pelo negócio. No entanto, os empreendedores mais jovens pensam em investir e receber sua parte do lucro ao final de cada mês, corroborando a informação de que a preocupação maior dos jovens é com qualidade de vida.

A maior parte dos Millennials pretende recorrer a financiamentos de parte do investimento para adquirir sua franquia. Assim como os mais velhos, a maioria tem disposição para investir até R$ 80 mil, o que abarcaria modelos de microfranquias, de acordo com os parâmetros da ABF. No entanto, eles estão mais propensos a pensar em negócios maiores, até R$ 300 mil, do que os investidores mais velhos.

A franquia aberta pelo jovem pode tê-lo dedicado até mais de oito horas por dia. Mas, no fim de semana, boa parte deles se propõe passar até oito horas, no máximo, dedicados ao negócio.

Inspirações

Os empresários que inspiram cada geração ajudam a entender o comportamento empreendedor de cada uma. No entanto, para todas as idades consultadas, o apresentador Silvio Santos é modelo absoluto de empresário. “Ele sempre traz inovações e isso desperta a admiração de todos os públicos”, observa Larrubia.

Abílio Diniz também é citado, mas com mais importância para os mais velhos. “Muitas vezes, o jovem vê um tio, um primo ou um amigo que empreende e vê como inspiração. Pessoas que fizeram algo inovador, como o Steve Jobs, também o inspira”, explica Larrubia.

34% dos Millennials são funcionários de empresas privadas
27% das outras gerações são donos do próprio negócio
Alimentação é o segmento preferido por 60% dos Millennials e 47% das outras gerações

 

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