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Microfranquia cresce mais que a convencional

Jornal Valor Econômico (Especial Franquias) – Rosângela Capozoli – 29/11
Negócios que dão certo em grande ou média escala, podem ser uma boa aposta em escala reduzida. É o que vem ocorrendo com o aquecido mercado das franquias. Na esteira do sucesso desse tipo de negócio que desde 2005 vem crescendo na casa de dois dígitos as microfranquias aumentam com o mesmo entusiasmo. Microfranquias são aquelas cujo investimento inicial vão até R$ 80 mil e o faturamento mensal fica próximo dos R$ 30 mil. Enquanto o segmento como um todo projeta um crescimento de 14% neste ano, as microfranquias devem fechar o ano com salto de 19%.
O mercado de franquias deve encerrar 2013 com faturamento de R$ 117 bilhões ante os R$ 103 bilhões verificados no ano anterior. As expectativas para o próximo ano também são animadoras: o setor terá um salto de 13%, com um aumento de 9% em inaugurações e 8% de novas marcas. Já as micros, que tiveram um salto de 24% ao atingirem R$ 4,5 bilhões em 2012, devem fechar o ano com alta de 19% e ultrapassar a marca de 400 redes. A explicação para tanto sucesso está também na classe média, só que desta vez ela quer estar do outro lado do balcão. “Os negócios são alavancados pela expansão da classe média que também é empreendedora e quer ter um negócio próprio. As redes de serviços são as mais cobiçadas”, explica Edson Ramuth, diretor de microfranquias da Associação Brasileira de franquias (ABF).
As franquias de alimentação costumam estar entre as que mais crescem, segundo a ABF. O aumento em 2012 chegou a 18,3% em relação ao ano anterior e está abrindo o apetite de franqueadores que também querem provar o formato de microfranquia. A rede Megamatte, de produtos de alimentação, por exemplo, instalada no mercado desde 2005 e com 113 unidades franqueadas espalhadas pelo país, começa a voltar sua atenção para as microfranquias. “Os projetos de microfranquias começaram a ser desenvolvidos em 2011. As duas primeiras unidades serão inauguradas até o fim de 2013, no Rio de Janeiro, nas zonas norte e oeste, dentro de centros comerciais”, diz Júlio Monteiro, diretor executivo da rede.
Os futuros franqueados , segundo o executivo, já atuam na área de microfranquias em outros segmentos. Essa formatação de loja exige, no máximo, seis funcionários e a estimativa de faturamento é de R$ 750 mil por ano. A loja tem em média 9 metros quadrados e os investimentos são a partir de R$ 80 mil. “A estimativa é que esse novo tipo de franquia abra mais 15 unidades em 2014 e outras 14 lojas em 2015. O segredo é manter um mix de produtos que agregará muito na operação, aumentando o faturamento desse franqueado, mesmo num espaço pequeno.”
O formato “home based” no qual o fraqueado trabalha na própria casa também ganha adeptos à medida que não precisa arcar com gastos e o investimento inicial sai bem mais em conta. A Mídia Pane, por exemplo, que atua no segmento de comunicação, abriu o negócio no ano passado e jã conta com 72 franqueados, em 10 Estados. A empresa busca anunciantes que querem ver seus nomes em sacos de papel usados no varejo, principalmente padarias. Para o franqueado, o investimento inicial varia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil e a taxa de franquia começa com R$ G mil, com um lucro líquido esperado de até R$ 8 mil. A ideia de vender os espaços nos sacos de pão, Vanessa de Oliveira Peixoto, sócia da empresa, trouxe da Espanha. “A estrutura operacional do negócio é enxuta e sem a necessidade de ponto comercial, o que viabiliza ao empreendedor recuperar o valor do investimento em até seis meses.” A rede de franquias tem sede em São José dos Campos (SP).
“O preço do anúncio é atrativo e não existe desperdício, já que o saco de pão sai da panificadora com destino certo a mesa do consumidor e atinge, de forma sustentável, o público-alvo dos anunciantes, ao contrário do que acontece com folhetos”, diz a empresária. Vanessa confessa que a demanda pelo negócio ficou muito além de suas expectativas. “Hoje hã entre os franqueados médicos, advogados, professores, entre outros profissionais liberais que desejam aumentar o faturamento e querem investir em um novo negócio.” Diante do tamanho da procura, a empresária já tem planos arrojados para o futuro. “Pretendo chegar ao fim de 2014 com 2 50 franqueados.”
O segredo é que o negócio não exige a contratação de funcionários. “O próprio funcionário franqueado consegue tocar tudo sozinho. Nós fornecemos o material e o franqueado faz o levantamento do cliente, nos passa o briefing e nós desenvolvemos a arte”, explica. Segundo Vanessa, a quantidade de embalagens impressas por mês é de 1,8 milhão.
Há 35 anos no Brasil, o Kumon, método criado no Japão em 1958, não se arrepende de ter aportado no país no formato de microfranquia. “É uma característica do nosso negócio”, explica Júlia Yurika Shiroiwa, gerente de recrutamento de novos franqueados. O método Kumon permite a aprendizagem desde a idade pré-escolar até a adulta, mas o grande foco está nas crianças de cinco a 14 anos. “Trabalhamos com matérias como matemática, português, inglês e japonês. Não exigimos experiência prévia ou formação na ãrea por parte dos franqueados, mas é necessário ter interesse em trabalhar com crianças”, explica. Segundo a gerente, o período de retorno do investimento fica entre 18 a 24 meses. “A lucratividade média sobre o faturamento oscila entre 20% e 30%. O investimento inicial é de R$ 50 mil e a taxa de franquia pode variar de R$ 1.860 a R$ 2 mil. Uma unidade de cem alunos garante um faturamento médio de R$ 17 mil mensais.” O Kumon tem 1,5 mil franqueados.
De acordo com Ramuth, existem microfranquias em todas as áreas, mas as redes de serviços são as que mais se destacam. “Existe uma maior procura por serviços domiciliares em geral, desde a parte de reparos, limpeza até depilação em casa”, afirma. Ramuth sugere que para quem está disposto a investir, a dica principal é ter cautela e pesquisar bem o mercado e as redes antes de assinar o contrato. “Grande ou micro, ambos os negócios exigem dedicação”, diz o diretor.