Redes de franquia criam novos produtos e brindes a partir de insumos reaproveitados em suas operações. Ações ajudam na rentabilidade e reduzem o preço final ao consumidor
Manter o preço competitivo, em meio a todo o cenário turbulento que a economia atravessa, é uma missão que tira o sono de diversas empresas. Como apresentar novidades com orçamento cada vez mais apertado? O CEO do Grupo QG, Guilherme Carvalho, revela que encontrou a receita de forma criativa na rede QG- Jeitinho Caseiro e já aplica, também, na recém-lançada Bupaqê.
Há anos, Carvalho e sua equipe avaliam o aproveitamento de matéria-prima para o desenvolvimento de novos pratos. O grupo goiano trabalha com fábrica própria, o que facilita bastante o processo. “Quando vamos lançar um novo produto, já pensamos se é possível aproveitar algo que ajude a não aumentar o preço. Se não fizéssemos isso, o prato seria 30% mais caro para o cliente”, explica.
Um exemplo é o bacon que é fatiado para o sanduíche. As pontas que sobram são moídas e utilizadas no feijão de caldo. A muçarela também consegue ser aproveitada no pastel, um dos carros-chefes da casa. “Os picadinhos de carne e frango foram desenvolvidos para atender o estoque, que estava muito alto, e não gerar desperdício. Hoje, os dois pratos, lançados há dois anos, estão entre os cinco mais vendidos”, revela o CEO.
O cliente pode ver o lado positivo dessa prática e ainda incentivar, dependendo da forma que a empresa apresentar ao mercado, segundo o diretor da consultoria US Franchising, Eládio Toledo. “Além da economia, pode ser uma grande ferramenta de marketing. Precisa saber como divulgar a informação ao consumidor para não dar a impressão errada. Mas é importantíssimo comunicar. Ele próprio pode ajudar a desenvolver ou aprimorar alguma coisa”, aconselha.
Essas ações já existiam antes da recessão econômica, mas se intensificaram nos últimos anos, de acordo com o especialista. “Antes as empresas tinham orçamento para fazer brindes e se reinventar com mais recursos. Agora, não pode mais tirar dinheiro da operação para isso. É preciso se mexer com o que tem e inovar sempre”, explica o consultor.
Brindes
Dos 30 anos de existência da Rabusch, 20 são com fábrica própria. Isso trouxe ganhos, mas também desafios. “Passamos a analisar de que forma não geraríamos resíduos no meio ambiente. Em contato com algumas entidades, aderimos a um projeto que recebe doação de retalhos e doa para instituições, que capacitam para cursos de costura”, explica o
diretor-executivo da marca, Cristiano Seibert. A rede atende cerca de 90 organizações.
No entanto, mesmo após a doação, sobram alguns retalhos que nem sempre são aproveitados. Esses, eventualmente, são transformados em brindes para as lojas. O gerente ou franqueado recebe algo relacionado a alguma campanha ou itens como porta lixo, porta alfinetes e outros mimos para dar ao consumidor. “O cliente vai se sentir presenteado.
Fazemos com tecido ou colocamos a etiqueta avisando que é um resíduo que não foi jogado no meio ambiente”, explica.
Se vira na cozinha
A Água Doce Cachaçaria mantém dois programas que incentivam os funcionários a inovar com os ingredientes que têm na cozinha do restaurante. São o Mestre Cuca, criado em 2011, e o Doce Mistura, de 2012. “Os dois concursos premiam os vencedores com remunerações e o produto escolhido vai para o cardápio”, explica o diretor de expansão da rede, Júlio Bertolucci.
Os produtos são sazonais e, de acordo com Bertolucci, a intenção é estimular a inovação e ajudar a ter novidades no cardápio. Quando lançados, os produtos sempre figuram entre os mais vendidos. “É justamente essa a graça do concurso: fazer com que os colaboradores tenham ideias novas constantemente, que os clientes esperem os lançamentos e que deixem saudades, para que outros surjam em seus lugares”, explica o executivo.
Entre as inovações apresentadas, os funcionários já criaram opções como pasteizinhos de bacalhau, filé mignon gratinado, escondidinho de quatro queijos e filé de frango divino, além de batida de abacaxi com manjericão, morango frozen e caipirito.
Toledo acredita que a rede tenha mais resultados na inovação se conseguir engajar quem está no dia a dia da operação. O funcionário, quando se sente parte do processo, pode ajudar a encontrar soluções de inovação com o que tem em mãos. “Engajar os funcionários, dando participação financeira, é a forma que a rede economiza e assegura sua inovação no dia a dia. A parte mais sensível do ser humano, além do coração, é o bolso”, finaliza.
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