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Franquias que vendem saúde

Jornal Diário do Comércio – 11/04 – Paula Cunha 
 
Em um mundo no qual as pessoas têm cada vez menos tempo livre, com horas de almoço curtas e estresse, a busca por uma alimentação saudável tornou-se uma tendência, e os países emergentes, como Brasil, não ficaram de fora deste movimento, de acordo com pesquisas internacionais, como a realizada pela consultoria Euromonitor. A procura por uma alimentação de meIhor qualidade faz parte de um processo de conscientização da população em relação à qualidade de vida, algo que tem sido estimulado pelos meios de comunicação que passaram a trazer informações sobre o assunto e o aumento da renda da população. No Brasil, as redes de franquias embarcaram nesta tendência ainda na década de 1990, mas somente agora este segmento está se consolidando.
 
De acordo com Sérgio Molinari, consultor da unidade de Food Service da GSMD Gouvêa de Souza, no Brasil, o número das franquias voltadas à alimentação saudável cresce entre 3% a 5% acima da expansão média do setor de alimentação fora de casa, que por sua vez avançou 14% ao ano na última década. O crescimento desta opção saudável de alimentação, destaca Molinari, esteve sempre bem acima do Produto Interno Bruto (PIB) do País, que avanço por volta de 3% no período. Esta evolução positiva do segmento, diz o consultor da GSMD, é sustentável e irreversível.

Em todo o País, há diversas redes atuando neste campo como, por exemplo, Mundo Verde, Salad Creations, Seletti Culinária Saudável, Bendita Fruta, Spremuto, DNA Natural, Ginga, Saúde no Copo, Korin, Wraps, Go Fresh, Ramov Empório do Suco e Suco Bagaço, entre outras.

Cadeias estrangeiras, que também pretendem explorar este mercado no Brasil, estão desembarcando, como a australiana Sumo Salad, que inaugurou sua primeira unidade na Capital paulista no início deste ano. 

Conscientização Segundo Molinari, há uma lógica que justifica a procura por refeições mais balanceadas: é que as pessoas estão cada vez mais relacionando qualidade de vida a alimentação saudável. O consultor diz que o Brasil e o mundo têm cada vez mais pessoas obesas, cardíacas e diabéticas. Nesse contexto, os meios de comunicação aumentaram o espaço que dedicam a este assunto, o que ajudou no processo de conscientização da população em relação ao tema, inicialmente das classes mais favorecidas e, agora, da nova classe média. “Nos últimos dez anos, 40 milhões de pessoas entraram no mercado de consumo brasileiro e passaram a se alimentar fora de casa, comendo o que não comiam antes”, disse Molinari.

Este movimento pela alimentação saudável pode ser observado em todo o mercado de alimentação, opina o consultor. Ele cita que há redes de fast food que flexibilizaram seus cardápios para atender este novo público interessado em melhores hábitos alimentares. Entre elas, Molinari destaca cadeias como Subway, My Sandwich e Marieta, que oferecem opções para o público que procura sanduíches com ingredientes diferenciados e que podem proporcionar uma refeição mais equilibrada. Estas redes também acabam por atender o consumidor brasileiro que, dentro deste processo de conscientização, tem optado por procurar uma alimentação melhor para a sua saúde durante a semana e costuma relaxar estes hábitos aos sábados e domingos.

“O processo de passagem da população de uma classe para outra (E para D, D para C e C para B) vai continuar e deverá haver um sistema de orientação para a sociedade sobre alimentação para que as despesas da saúde pública sejam reduzidas, pois o Brasil não conta com o padrão de informação observado na Europa e em outros países. Assim, as redes de alimentação fora do lar que oferecerem opções diferenciadas terão espaço para crescer, desde que invistam em produtos de qualidade, pois o nível de exigência dos consumidores brasileiros está aumentando e eles sabem reconhecer um trabalho sério”, observou Molinari.

Espaço para crescer 
 
De acordo com Ricardo Camargo, diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF), há um enorme espaço de crescimento para este segmento saudável à medida que a renda da população brasileira cresce. Camargo opina que esta tendência se iniciou com as redes de comida oriental, mais especificamente a japonesa, e lembra que os dados do faturamento do McDonalds, a principal rede de fast food em todo o mundo, apresentaram estabilidade nos Estados Unidos e na Europa, o que indica que os consumidores estão buscando alternativas. “Atualmente, a maior parte dos consumidores que buscam opções mais saudáveis é formada por jovens, mas os adultos também estão preocupados com a saúde”, diz Camargo.

Cozinha verde
 
Em 1988, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, uma pequena loja oferecia produtos de alimentação considerados saudáveis. Era uma novidade na época. Seus donos, um casal de brasileiros, havia morado na Alemanha e trouxeram de lá o conceito “verde” na cozinha, relacionado a sustentabilidade e bem-estar. Nasceu assim a Mundo Verde, que hoje é uma rede de franquias com mais de 282 lojas em todo o País, que recebem diariamente 150 mil consumidores e fatura por ano R$ 321 milhões.

Uma das pioneiras no ramo, a Mundo Verde continua encontrando terreno para crescer no Brasil. O faturamento de 2013 foi 22% superior ao de 2012. Para este ano, a projeção de aumento é de 34%. Sérgio Bocayuva, diretor executivo, explica que a expectativa é de abertura de mais 62 unidades. Os estados escolhidos são Minas Gerais, São Paulo e as regiões Sul e Centro-Oeste. A rede oferece produtos de 267 marcas, mais as marcas própria, que já somam 40 itens. A meta é lançar mais 200 itens até 2018. “Com o aumento da expectativa de vida da população é normal que ela procure mais qualidade devida. Queremos conquistara classe média emergente, que começa a buscar mais qualidade de vida”, conclui. 
 
Muito além de moda passageira
 
Quem soube aproveitar a tendência dos consumidores por uma vida mais saudável e engordou seu faturamento em 2013 foi a rede Seletti. A cadeia, que oferece pratos à base de saladas, peixes, carnes grelhadas e wraps (sanduíches enrolados) acompanhados de sucos evita minas especiais, espera 50% de elevação em seu faturamento neste ano. A marca estima ainda Investimentos de R$ 12 milhões na abertura de mais de 17 unidades.
 
A meta da Seletti é ampliar a atuação no Nordeste, onde tem três lojas, e no Centro Oeste. Em 2013, o crescimento foi de 35% ante o ano anterior, com 40 contratos.

Luis Felipe Campos, diretor da rede e idealizador do conceito, também aposta na expansão deste tipo de empreendimento em razão do público que deseja novidades que favoreçam o físico, estimuladas pela divulgação de informações sobre a importância dos cuidados com a saúde a partir da alimentação.

Para ele, “um estilo de vida mais saudável não é mais moda, é uma tendência que veio para ficar e está chegando a todas as classes sociais”. Por isso, a rede oferece um cardápio com mais de 30 itens e um visual colorido nas lojas com o objetivo de reforçaro conceito de que uma alimentação saudável oferece sabor e uma aparência agradável. A meta é conquistar o público cada vez maior que faz suas refeições fora de casa. 

“Coma muito e mantenha a forma”
 
Como objetivo de conquistar um público diferenciado e abocanhar uma parcela do ramo de alimentação saudável, a rede australiana Sumo Salad desembarcou no Brasil no início deste ano com metas ambiciosas de crescimento: inaugurar 100 unidades em todo o País nos próximos cinco anos. A primeira loja já está instalada no Shopping Frei Caneca, no Centro de São Paulo. A rede vai apresentar parte da culinária e cultura da Austrália por meio de saladas, massas e wraps (sanduíche enrolado) elaborados com fibras. 
 
A Sumo Salad já atua há 23 anos em seu país de origem e tem 107 lojas nos Emirados Árabes, Singapura, Nova Zelândia e Estados Unidos. O cardápio oferece saladas que podem ser montadas pelo cliente, com a combinação de 20 tipos de molhos. Elas podem ter frango grelhado e porções de arroz sete grãos acrescentadas e seus preços variam de R$ 17,90 a R$ 28,90 nos tamanhos médio e grande.