Ao contribuir para a formação de empreendedores, franchising alia-se à educação e abre as portas para realizar um dos maiores sonhos do brasileiro: ter o seu próprio negócio.

O conhecimento é um dos motores do franchising, mas há outras características intrínsecas ao setor que levam a transformações sociais muito significativas para os empreendedores que dele fazem parte. A transferência de know-how, a disseminação das melhores práticas de gestão, o treinamento e a capacitação oferecidos pelos franqueadores aos seus franqueados são algumas dessas características principais, o que coloca todo o franchising como um grande vetor de educação no País.

Para Tom Moreira Leite, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o caráter educacional do setor de franquias está em seu DNA. “Desde o início da relação do franqueador com o franqueado, a capacitação está presente. Um exemplo é a transformação digital vivenciada pelo mundo dos negócios como um todo. Do back office ao front end das nossas operações industriais, de serviços, de atendimento e na relação com nossos franqueados, a transformação digital do franchising avança. E a pedra de toque dessa inovação, entretanto, não se atém apenas à transformação digital, mas sobretudo à educação”, afirma o executivo.

Segundo ele, sabe-se que o empreendedorismo representado por micro e pequenas empresas representa hoje mais de 90% dos CNPJs do Brasil, assim como se sabe que a média de vida das iniciativas independentes de empreendedorismo é baixa. Os microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) têm taxa de mortalidade de, respectivamente, 29%, 21,6% e 17% após cinco anos de atividade. No franchising, no entanto, a realidade é outra: a taxa de mortalidade é, no mínimo, quatro vezes menor. “O franchising se constitui no empreendedorismo assistido na medida em que atrai o empreendedor para um ecossistema comprovadamente sólido”, observou.

Ainda de acordo com Moreira Leite, o empreendedorismo assistido leva a trajetória do empreendedor franqueado para uma alta taxa de sucesso em sua jornada. “Da mesma forma e pelo mesmo caminho, avança positivamente o franqueador”, complementa.

A educação é um dos pilares fundamentais das políticas públicas governamentais e o franchising é um grande aliado de todas as iniciativas que promovem a capacitação com enfoque no empreendedorismo. Uma das ações da ABF em conjunto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, resultou no Portal Parceria Sebrae ABF, cujo foco é oferecer gratuitamente a educação empreendedora a todas as pessoas interessadas. Outra ação da Associação é a ABF Academy, a nova plataforma para capacitação no setor, com atividades gamificadas e ferramentas que possibilitam acompanhar a jornada de aprendizagem do usuário.

“A capacitação não é uma preparação para o mercado de franquias. Ela é o próprio franchising! A essência dos negócios de franquias está justamente na capacidade de multiplicação do conhecimento e transferência de know-how. Compartilhar acesso, dividir conhecimento, apoiar o crescimento alheio e com isso crescer junto! A educação é a jornada capaz de transformar o sonho em realidade, transformar quem tem uma boa ideia, num negócio promissor, um pequeno franqueador numa grande operação em rede. Entendemos que precisamos dar a oportunidade a todos que tenham interesse de qualquer forma por franquias, a trilharem o caminho de um conhecimento consistente sobre esse universo apaixonante”, ressalta Claudia Vobeto, diretora de Capacitação da ABF.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
Observando-se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, é possível inter-relacioná-los às práticas do franchising em alguns dos seus 17 pontos, tais como no 4) Educação de qualidade; 8) Trabalho decente e crescimento econômico; 10) Redução das desigualdades e 17) Parcerias e meios de implementação.

Como exemplo das transformações sociais resultantes dessa relação do franchising com a educação, selecionamos algumas histórias inspiradoras de franqueados que tiveram suas vidas transformadas a partir do momento em que ingressaram no setor, muitos deles como colaboradores até se tornarem donos do próprio negócio. Confira:

“O franchising foi a base da minha vida profissional”
Rogério Alves de Oliveira, ao longo de quase 30 anos de experiência na AlphaGraphics, segue construindo um legado de muito aprendizado e disciplina. O office boy que buscava por oportunidades em 1996 foi se desenvolvendo em todos os departamentos da unidade localizada no Centro Histórico de São Paulo e hoje é franqueado da operação da Bela Vista, na zona central da capital paulista.

“Durante 21 anos da minha vida fui aproveitando todas essas oportunidades que me foram dadas, por isso mudei tanto de cargo. Aprendi sobre todos os pontos de operação da marca na região. Estou há um bom tempo na mesma empresa, mas isso nunca significou estagnação, pois sempre estive em crescimento e aprendendo muito”, conta. 

Após liderar uma equipe de 15 vendedores, em 2017 Rogério recebeu o convite dos sócios da unidade na época, Paulo Hideo e Ricardo Assunção, e não pensou duas vezes: juntou-se à sociedade na operação. Além dos ganhos na vida profissional, ele também observa como o desenvolvimento da vida pessoal foi impactado pelos aprendizados aquiridos no franchising.

“O setor foi a base da minha vida profissional. Desde muito jovem, tive a oportunidade de trocar experiências com os franqueados da minha unidade, mas também com os franqueados de outras unidades da rede e isso fez a diferença. Obtive lições de vida que nunca imaginei, como desenvolver ideias inovadoras, identificar oportunidades, gerir equipes e análises, além de abrir meus olhos para formações acadêmicas”, completa. 

Já Eliana Restoy iniciou sua vida profissional aos 17 anos, atuando como auxiliar de Acabamento em uma unidade da AlphaGraphics. Ao longo dos anos, ela foi aprendendo várias atividades e cresceu dentro da empresa. Atuando em diversos cargos, se consolidou como gerente de Operações. Em 2019, a convite de Rogério, Paulo e Ricardo (que se aposentou em 2023, vendendo sua parte aos três sócios), Eliana também se tornou sócia da unidade da franquia na Bela Vista.

Formada em Administração de Empresas, a empreendedora agregou a prática de anos com a teoria do que aprendia no curso. “Acredito que a faculdade contribuiu para uma visão estratégica, financeira e comercial da unidade. Percebo que os processos estabelecidos pela franqueadora de capacitação e a Universidade AG facilitaram a replicação de sistemas operacionais das operações ainda mais”, diz.

“A franquia me proporcionou a chance de contribuir para a minha comunidade”
Carioca e com raízes familiares portuguesas, o DNA dos negócios sempre esteve à flor da pele de Almerinda Valinho, franqueada do McDonald’s. Ela iniciou na marca como trainee em 1996 e ao longo de quase 20 anos desempenhou diversas funções, desde gerência de restaurante até consultoria de treinamento interno.

A especialização na Universidade do Hambúrguer, em Chicago, foi a virada de chave para sua história. “Para uma menina que tinha acabado de sair da faculdade, isso me impressionou muito, ver o quanto eu era relevante para o McDonald’s, o nível de capacitação dos seus funcionários, dos seus franqueados. Lá eu tive mais vontade de estar na marca, pertencer, trabalhar, aprender e crescer”, afirma.

Aos 40 anos, a empresária decidiu seguir o plano de abrir seu próprio negócio, motivada pela experiência adquirida no McDonald’s e pelo desejo de explorar novos desafios. Após um período afastada da empresa para explorar outras oportunidades, ela retornou como franqueada em 2018, realizando um sonho e encontrando satisfação pessoal e profissional.

“Fazia sentido eu abrir a minha própria unidade. A franquia não apenas me proporcionou oportunidades de empreender com o que eu amo, mas também a chance de contribuir para minha comunidade. Aprendi muito e conquistei parcerias e projetos sociais que buscam desenvolver ideias inovadoras em jovens, além do empreendedorismo feminino e a educação como ferramenta de transformação, como no Surf do Bem. O projeto utiliza o esporte para apresentar uma nova perspectiva para mudar a realidade de meninas mostrando que ‘o lugar da mulher é onde ela quiser’”, conta Almerinda.

Atualmente, com dois restaurantes e um quiosque de sobremesas do McDonald’s em Búzios, no Rio de Janeiro, e um em Cabo Frio, a empreendedora frisa que está sempre à frente do negócio. “Acredito que seja o diferencial da marca nas cidades em que está presente. Moro em Búzios e pretendo expandir ainda mais a minha atuação na região. Para isso, alinho meus planos de negócios de forma detalhada com o que a franquia me oferece, unindo: benefícios atrativos, capacitação, parcerias estratégicas e, principalmente, uma relação de muita união entre a franqueadora, eu e meus fornecedores, garantindo o sucesso do meu negócio”, finaliza.

“O franchising abriu as portas que eu nunca imaginava”
Maria do Socorro Silva, nascida na cidade de Salgueiro, no sertão de Pernambuco, e migrou para São Paulo em 1998 em busca de uma vida melhor. A pernambucana conheceu a Sorridents em 2003. Após passar em todas as etapas de recrutamento e seleção, foi contratada como auxiliar de Limpeza. Um tempo se passou e Maria subiu para o cargo de auxiliar de Saúde Bucal e, logo, entrou para a faculdade de Odontologia. Atendeu como dentista em unidades da marca, fez parte do quadro de avaliadores da rede e, hoje, é franqueada no Itaim Paulista, em São Paulo.

“Eu não tinha perspectivas de vida. Infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres no Brasil. Após passar necessidades e sofrer violência sexual, psicológica e patrimonial, o franchising abriu portas que eu nunca imaginava. Hoje posso dizer que sou dona da minha vida e da minha casa”, afirma.

A empresária também conta que sempre foi muito acolhida pelo time do Grupo Salus – detentor da marca Sorridents –, que sempre forneceu o suporte necessário de treinamentos para manutenção da qualidade de marca, capacitação empreendedora e sistema de gestão. “Ao longo dos anos eu aprendi muito sobre o negócio e como gerir a minha unidade. Esses aprendizados que tive vão além do profissional e financeiro, me ajudaram no relacionamento, companheirismo, trabalho em equipe e em um olhar mais humano para a vida”, conclui.

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