Entrevista

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Matéria reproduzida da Revista Franquia & Negócios Ed. 57


MENINO PRODÍGIO

Empreendedor alagoano de 13 anos já tem sua própria empresa de compra de material escolar, ministra palestras em grandes eventos sobre o tema e revela intenção de franquear a marca no futuro.

Davi Braga

POR PAULO GRATÃO

Davi Braga nunca ganhou mesada e, por essa razão, capricha na hora de escolher presentes de aniversário, Natal e Dia das Crianças. Prova disso é que no próximo dia 12 de outubro o maceioense de 13 anos já sabe o que vai pedir para os seus pais, a empresária Cristiane Peixoto e o investidor anjo João Kepler: uma câmera fotográfica profissional que imprime a foto logo após ser produzida. “Quando eu ganhar, vou comprar o filme, levar no colégio, fotografar todo mundo e cobrar R$ 5 por foto”, arquiteta. Mas essa não é a primeira ideia empreendedora de Davi, que sempre organiza os bolões de jogos de futebol na escola e cobra 15% de taxa de participação. Desde o ano passado está no ar a startup List-it, que consiste em compra de material escolar por uma aplicação virtual envolvendo papelarias de todo o Brasil e lucra 10% por transação. Por enquanto é possível realizar os pedidos por um formulário simples no site. Até a entrevista, o aplicativo List-it já contava com 3,7 mil formulários preenchidos. O feito já rendeu palestras ministradas por Davi em eventos como o Demo Brasil Nordeste, em Recife, no início deste ano.

Davi é o CEO do List-it e conta com dois sócios, maiores de idade, mas rigorosamente escolhidos de acordo com critérios estabelecidos por ele próprio. O jovem empresário, que cursa o oitavo ano do Ensino Fundamental, adiantou que estuda a possibilidade de franquear a sua ideia. “Penso muito na possibilidade de transformar o List-it em franquia, já estamos fazendo acontecer, mas eu não quero lançar agora. Vou esperar esse e o próximo ano passar.

Eu quero deixar pronto, guardado na gaveta”, revela, em primeira mão, o promissor CEO. A seguir, confira os principais trechos da entrevista que Davi concedeu à revista Franquia & Negócios ABF sobre empreendedorismo.

Como você define empreendedorismo?
Empreender é basicamente montar um negócio, algo diferente, que seja útil às pessoas, que ninguém tenha feito. Para isso, é preciso ter coragem e ousadia. Empreender é um estado de espírito.

Você teve a ideia do List-it observando o trabalho da sua mãe. Como foi?
Ela tem uma papelaria e, conversando com as amigas, viu que o trabalho de comprar material escolar não era só dela. Ela separava o que tinha e o que não tinha ela comprava fora, enfrentava fila e sofria com falta de produtos. Tinha que ir a várias lojas diferentes para comprar material escolar. As pessoas gostavam tanto que iam à ela pedir o material, ao invés de comprar diretamente em várias lojas. As amigas falaram tanto que a demanda cresceu logo, até que minha mãe não conseguia fazer mais sozinha. Percebemos quando marcávamos para ela chegar aqui em casa meio dia, pra irmos à praia, e ela chegava duas da tarde. Para facilitar para o consumidor e para ela, criamos o List-it.

Como seus pais te ajudaram na criação do negócio?
Na hora que eu tive a ideia anotei em um pedaço de papel “comprar material escolar por telefone”. Quando meus pais chegaram em casa eu falei: tive uma ideia de aplicativo em que a pessoa compra apenas colocando seus dados e pagando. Perguntei ao meu pai como eu poderia fazer do melhor jeito possível. Ele disse que já existiam soluções que faziam isso, mas nenhuma para vender material escolar. Foi meu pai quem me apresentou para várias pessoas, inclusive meu parceiro, que hoje é meu sócio, Júlio Quintela.

Como você escolheu sua equipe?
Fui apresentado a uma série de designers e desenvolvedores e escolhi o que mais se encaixava e o que tinha competência para entregar tudo a tempo. Tentei escolher o mais novo, por eu mesmo ser jovem. Achei uma programadora de 19 anos que hoje em dia trabalha comigo. Eu tenho dois sócios, sendo que um é programador, Carlos César, e o outro é designer, Júlio Quintela.

Qual é sua participação na empresa hoje em dia?
Eu sou fundador e trabalho muito com marketing e vendas. Apresento a empresa em vários locais por meio de palestras, falo com muitas pessoas tentando espalhar cada vez mais o List-it. Já estive no Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Como funciona a negociação com os fornecedores?
O Júlio cuida da parte de negociação. Ele é muito competente, não só com fornecedores, mas com potenciais clientes, pois recebemos propostas de palestras em vários estados. Sobre os fornecedores, exigimos que a loja já esteja no mercado há mais de cinco anos, tenha um determinado número de itens da lista de material escolar e que tenha responsabilidade suficiente para entregar no prazo que solicitarmos.

Quais são as metas para o negócio nos próximos anos?
Expandir o List-it para todo o Brasil e ter uma loja parceira em cada estado, em até dois anos. Queremos chegar a 75% do País, é um número alto, mas tem que pensar grande.

Como você divide seu tempo entre o List-it, escola e amigos?
Eu estudo pela manhã, chego meio dia, faço as tarefas e quando tem prova estudo mais. Vou para os esportes, tenho aula de inglês e enquanto isso eu sempre monitoro pela internet e fico com o telefone ligado. E, claro, todo final de semana estou com meus amigos, vamos para o shopping­ jogar paintbol.

Quais suas brincadeiras ou jogos favoritos?
Desde cedo eu sempre fui empreendedor. Quando estava no quarto ano eu fiz uma viagem internacional e comprei dois potes de chicletes. Quando cheguei aqui vi que não vendia em lugar nenhum de Maceió (AL), aí comecei a vender na escola. Cada bolinha eu vendia por 25 centavos, contratei vendedores e o pagamento era em chicletes. Era divertido, saíamos pelo colégio gritando: “olha o chiclete”. Eu vendi tanto que o inspetor me proibiu. Depois disso, eu comecei a vender cupcake no colégio. Minha irmã sempre foi muito prendada, eu levava caixas de papelão e vendia todos. Isso foi ano passado, o diretor do colégio chamou meus pais para reclamar que eu estava afetando as vendas da cantina. Aí eu criei um grupo no Whatsapp com a marca Maria’s cupcake, que é o nome da minha irmã e entregava na escola, afinal eu estava proibido de vender e não de entregar. Desse dinheiro que eu juntei eu comprei uma TV de 32 polegadas.

Você conversa sobre o List-it com os amigos da sua idade? O que eles falam sobre sua ideia?
Eu converso muito com eles. No começo sempre tiravam onda, mas quando viram que eu comecei a dar palestra, que era de verdade, eles aceitaram e me pedem ajuda para ter uma ideia.

Já sabe o que você quer ser quando crescer?
Sempre tive muito gosto por startup, meu pai me levava em eventos do setor e eu quero com certeza viver disso, vou fazer faculdade de marketing e administração. Meu pai foi rígido e eu acho que se não tivesse cortado a mesada desde o início e ter me levado para congresso eu não teria nem criado o List-it. Meu pai sempre foi meu grande mentor, sempre me ajudou.

Publicado em 03/10/2014

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