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Comitê Mulheres do Franchising debate ganhos para empresas que apostam na diversidade de gênero na liderança


Primeira mulher a presidir a ABF, Cristina Franco abriu o evento: desejo de que a essência feminina irradie para todo o franchising e todos os demais setores da economia

 
O mundo empresarial está cada vez mais feminino e obtendo vantagem competitiva ao investir na diversidade de gênero de seu corpo executivo. É o que evidenciou o evento “Diversidade de Gênero na Liderança. O que sua empresa ganha com isso?”. Iniciativa do Comitê Mulheres do Franchising da ABF, o evento realizado nessa terça-feira, 30/9, reuniu diferentes líderes empresariais no auditório Torre Santander, em São Paulo.

Cristina Franco, atual presidente e primeira mulher a comandar a ABF (2013-2014), abriu o evento abordando o cenário de dificuldades econômicas para as empresas em geral e o impacto no franchising. “Não somos uma ilha isolada, temos sofrido também, mas temos de acompanhar o que está acontecendo e buscar o desenvolvimento. Nossa indústria tem o caráter de treinar, motivar, padronizar, e seguindo esses princípios tenho certeza de que nós estamos e estaremos mais preparados para esse momento”, afirmou.

A executiva falou ainda dos resultados da Pesquisa de Desempenho do Franchising no 2º trimestre de 2014, recém divulgados: “Tivemos um recuo de 1% do primeiro para o segundo trimestre, crescimento de 5,4% entre os seis primeiros meses de 2013 e 2014. Temos projeção de crescimento de 5,5 a 7%. Quando olhamos a projeção do PIB, negativo em 0,4% ou zero, o que vamos fazer de resultado ainda é uma posição de envergadura. É um fato muito relevante e cada um tem de cuidar da sua produtividade”, salientou Cristina.

Defendendo a diversidade de gênero nas empresas e em seus postos de liderança, a presidente da ABF observou que a mulher é uma profissional “motivada, engajada, produtiva e disposta a enfrentar todos os momentos”. “Que a gente possa em tudo que já tem a nossa essência, irradiar para todas as redes que temos no franchising e também para todos os demais setores”, concluiu.

“O franchising promove inclusão financeira, ‘bancarização’ e acesso das famílias ao crédito”: Cristiane Andrade, superintendente do Banco Santander, na abertura do evento do Comitê Mulheres do Franchising da ABF

Cristiane Andrade, superintendente do Santander, profissional do mercado financeiro há 24 anos e em posição de liderança há 15, ponderou que é fundamental que as empresas entendam que é importante ter um olhar para a diversidade. Segundo ela, a mulher exerce um papel essencial na inclusão financeira, em cuidar da família e do próximo. Ao comentar a projeção de crescimento do franchising, em torno de 5,5% este ano, Cristiane disse: “É maravilhoso, pois sabemos que o franchising promove inclusão financeira, ‘bancarização’ e acesso das famílias ao crédito”. Ainda de acordo com a jovem mas experiente executiva, 57% do quadro funcional do Santander é composto por mulheres, porém apenas 25% delas são líderes.

Dra. Sandra Brandão, coordenadora do Comitê Mulheres do Franchising: empresas com liderança feminina na ponta são mais competitivas

Liderança feminina
“As empresas que estão se preocupando com liderança feminina na ponta estão ganhando em competitividade”, afirmou a Dra. Sandra Brandão, coordenadora do Comitê Mulheres do Franchising e sócia do escritório Brandão, Oliveira Gabrielli Advogados.

De acordo com estudo da consultoria Deloitte sobre “O poder e o domínio no consumo” apresentado pela advogada, asmulher responde por 88% das compras nos mercados, 79% das viagens, 71% das roupas dos maridos e 58% dos carros das famílias. Mas, como exemplo, elas ocupam apenas 9% das cadeiras do Congresso Nacional, 8% dos conselhos de empresas no Brasil e 16% nos Estados Unidos. Já no franchising brasileiro, 34% das redes franqueadoras são lideradas por mulheres.

(A partir da esq.) Lyana Bittencourt, Tatiane Tiemi e Marly Vidal trataram do tema “Empresas apostam na ascensão feminina”

Abrindo a sessão de painéis do evento conduzido por Rita Poli, coordenadora do Comitê e diretora da rede Big X Picanha, Lyana Bittencourt, também coordenadora do grupo da ABF e sócia-diretora do Grupo Bittencourt, moderou o debate sobre o tema “Empresas apostam na ascensão feminina”.

Em sua palestra, Tatiane Tiemi, diretora de relacionamento da Great Place to Work – única empresa global de pesquisa e treinamento para melhorar ambiente de trabalho – compartilhou estudos da organização que elabora listas das melhores empresas para se trabalhar. “A partir do momento que as empresas decidem, estimulam outras na construção de melhores ambientes de trabalho e na construção de uma sociedade melhor a partir das empresas”. A GPTW está presente em 53 países, suas pesquisas já envolveram 6.200 empresas e 12 milhões de funcionários impactados.

Desde 1997 o Brasil publica a lista das melhores empresas para se trabalhar. De acordo com a GPTW, naquele ano a participação feminina na estrutura das empresas premiadas era de 25%. Já em 2014, esse índice subiu para 47%. Em 1997, apenas 11% delas exerciam cargos de gestão nessas corporações, número que chegou a 40% este ano. Segundo Tatiane, o estudo demonstrou que as melhores empresas para se trabalhar apostam na ascensão feminina.

Uma dessas organizações, o Grupo Sabin, participou do evento por meio de Marly Vidal, diretora administrativa e de pessoas. Primeiro lugar entre as melhores empresas de saúde para se trabalhar, de acordo com o ranking 2014 da GPTW Brasil, o Sabin possui 77% de liderança feminina, maioria considerada “o segredo” da companhia, segundo Marly. “Adotamos uma política transparente e igualitária. Faço um processo seletivo de competência, não de gênero”, explicou a executiva do grupo que apresenta números vultosos: 2.000 colaboradores, 2 milhões de clientes atendidos em 2013, 134 unidades de negócio e R$ 420 milhões em faturamento.

(Da esq. para a dir.) Paola Tucunduva, Juarez Leão, Carlos Zilli, Regina Mandalozzo e Ana Ferrell falaram no painel “Diversidade de gênero na liderança traz vantagens competitivas às organizações”

Vantagens competitivas
Já no painel “Diversidade de gênero na liderança traz vantagens competitivas às organizações”, debateram Carlos Zilli, diretor de Comunicação da ABF e presidente da rede Imaginarium, Juarez Leão, diretor de treinamento, cursos e eventos da ABF e COO do Grupo Scalina, Ana Ferrell, diretora de branding e comunicação do Grupo Boticário e Regina Mandalozzo, professora do Insper, sob moderação de Paola Tucunduva, apresentadora do programa Alma do Negócio.

“Chama a atenção a possibilidade de ter diferença de tratamento entre homens e mulheres nas empresas. E por mais que a mulher mude, melhore seu desempenho, a característica de ser mulher, não muda. É justamente essa diversidade que é importante para as empresas”, afirmou Regina.

A mesma distinção de tratamento de gênero nas corporações brasileiras surpreendeu Ana, que voltou ao Brasil em 2005 após viver alguns anos como executiva de uma empresa nos Estados Unidos. “A mulher tem um olhar mais sensível, holístico”, observou a executiva e completou: “Hoje já avançamos bastante. Cada vez mais temos visto nas organizações as mulheres ocupando seu espaço”.

No Grupo Scalina, dos 3.300 funcionários, 56% são mulheres e 60% delas integram o corpo gerencial. Na direção, no entanto, são quatro homens e “em mais de vinte anos de carreira, só tive a oportunidade de trabalhar com uma diretora”, lamentou Juarez Leão. Ainda segundo o diretor da ABF, a diversidade proporciona embates produtivos e oxigena as empresas. “É preciso reconhecer as diferenças e contorná-las. A mulher é mais detalhista e, como todos sabem, Deus mora nos detalhes”, sintetizou.

Fundada por uma arquiteta e um médico, a Imaginarium tem um perfil de consumo majoritariamente feminino: “80% são mulheres, que compram para si e para os homens”, afirmou Carlos Zilli. Ainda segundo o executivo, 60% das colaboradoras da empresa são mulheres, 50% delas estão em cargo gerencial e 50%, na diretoria. “Sensibilidade e intuição vão determinar o futuro das empresas. No dia a dia das corporações havia muito imposição, agora precisamos de persuasão e a mulher sabe fazer muito bem isso”, observou.

Quanto à competitividade nas empresas, a professora do Insper destacou: “As mulheres foram educadas de forma diferente, até para receber feedback. Mulheres acham mal educado competir, mas as empresas atualmente querem isso”. Segundo Regina, é preciso que as mulheres aprendam o seu estilo de competir, a tomar risco.

Como mensagem final, a moderadora Paola Tucunduva defendeu que é necessário “construir um Brasil equilibrado com todas as diversidades”.

Encerrando o evento, Cristina concluiu: “O trabalho da Associação é ser porta-voz, promover o debate. Temos feito isso. Sou a primeira mulher presidente da ABF e mãe de homem. Nós também temos que educar para transformar o mundo. Nesse processo de equidade temos de trabalhar muito, com disposição, sermos resilientes para alcançar os resultados, cuidar do conhecimento e da evolução do setor”.

O comediante Rafael Marinho encerrou com bom humor o evento

A plateia que ocupou boa parte do auditório Santander pôde ainda assistir ao show de stand-up comedy do humorista Rafael Marinho, que deu um toque final de bom humor e alegria ao evento.

FOTOS: Keiny Andrade