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Comitê de Moda e Cosméticos trata de importação e gargalos brasileiros

Comitê de Moda e Cosméticos trata de importação e gargalos brasileiros
(A partir da esq.) Pierre-Emmanuel Joffre (L'Occitane), David Bobrow (Tip Top) e Jae Ho Lee (Grupo Ornatus/Morana)

O Comitê de Moda e Cosméticos da ABF, coordenado por Celina Kochen, recebeu associados em sua reunião periódica nesta quarta-feira (25) para tratar dos “Desafios de abastecimento dos franqueadores importadores”, sob a ótica de três palestrantes.

David Bobrow, CEO da Tip Top, falou a respeito da experiência da marca com importação, iniciada em 2008. Nos primeiros anos, o foco da empresa estava na China, onde todo o processo de desenvolvimento era mais fácil, porém, nem sempre mais barato. “Não valia a pena desenvolver outros mercados”, disse Bobrow. Segundo o executivo, a variação do dólar era e ainda é um desafio. O palestrante lembrou que em janeiro de 2008 a moeda norte-americana era cotada no Brasil a R$1,60, saltando para R$ 4,20 dez anos depois.

Além da variação cambial, o executivo destacou entre os desafios internos o timing de entrega versus o prazo de pagamento e a entrada de estoque, a burocracia brasileira, o risco e a variação do frete no gargalo logístico. Dentre os desafios externos, Bobrow apontou a variação cambial do yuan, moeda chinesa, ou da moeda local do país de onde se importa, a barreira da língua, os problemas de qualidade dos produtos e as tentativas e erros relacionados a novos produtos e fornecedores.

Para se adequar, a Tip Top buscou novas fábricas no interior da China, outros mercados, como Bangladesh e Paquistão, e conquistar relacionamentos duradouros. De acordo com Bobrow, “credibilidade na China é tudo. Ir às fábricas, conhecer os donos, os fornecedores, não tem preço”.

Vantagens e desafios do mercado cosmético

Pierre-Emmanuel Joffre, diretor comercial e digital da L’Occitane abordou as vantagens e os desafios do mercado cosmético sob a ótica da companhia francesa. Com duas marcas no País,  L’Occitane en Provence e L’Occitane au Brésil, a rede francesa de cosméticos conta com mais de 300 lojas.

Importar no Brasil é um desafio “complicado e burocrático”, disse Joffre. Para o executivo, os principais problemas são as barreiras comerciais, regulatórias, jurídicas e fiscais. “O pior país do mundo para importar é o Brasil”, sentenciou. Ainda segundo o palestrante, o desafio maior é a incerteza quanto à chegada do produto ao país. Para driblar as dificuldades, a marca tem que ter um plano B, “se reinventar”, disse. Na visão do executivo francês, a complexidade fiscal do Brasil, com diferentes políticas tributárias nos diversos estados, também impacta negativamente os negócios.

Dentre as vantagens, Joffre destacou o fato de a produção local ter carga tributária menor e receber diferentes benefícios fiscais, a participação das associações de classe e entidades representativas do segmento e a maior proximidade da marca com os consumidores. “É legal trabalhar dos dois lados, tanto a importação quanto a exportação”, disse. “A L’Occitane sobrevive muito bem com o mix de produzir localmente e importar”, completou. Ainda segundo o executivo, o próximo desafio da L’Occitane brasileira será a exportação.

Case Morana

Jae Ho Lee, diretor de comunicação da ABF e CEO do Grupo Ornatus, detalhou o perfil dos franqueados, do consumidor e o modelo de negócio da Morana, rede formada por cerca de 300 lojas.  Na visão do executivo, a atuação da marca está baseada em cinco “Ps”: produto, preço, praça, promoção e prazo.

A Morana mantém um estoque de seis a oito meses para atender os franqueados, o que é considerado um longo prazo.  Segundo Lee, como grande marca de acessórios que é, a rede consegue negociar com os fornecedores um sistema de logística exclusiva para distribuição de seus produtos. “O franqueado quer pronta entrega”, ressaltou.

De acordo com o executivo, entre os desafios da marca estão a eliminação do show-room físico, melhorar a qualidade da oferta de cada loja e a automação logística. Dentre outras iniciativas, a empresa investiu em um armazém próprio para ter um sistema logístico eficiente. “O franqueador tem que ter esse pulmão”, completou Lee.

A próxima reunião do Comitê de Moda e Cosméticos da ABF está marcada para 20 de junho e debaterá o setor de shoppings. O encontro é aberto a todos os associados.

Fotos: ABF/Divulgação