Pesquisa da ABF registra ainda que número de unidades expandiu 2% de julho a setembro deste ano, totalizando 133.897 operações de franquias em atividade
O franchising brasileiro mantém sua resiliência e capacidade de reação mesmo em meio a um contexto econômico desfavorável. Esta é a constatação extraída da mais recente Pesquisa Trimestral de Desempenho do setor realizada pela ABF. De acordo com o estudo, o franchising registrou um aumento nominal do faturamento de 8,2% no 3º trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2014, com um total de R$ 35,5 bilhões. Já a receita do setor de janeiro a setembro de 2015 cresceu 10,1% em relação a igual período do ano passado, atingindo R$ 99,385 bilhões.
A presidente da ABF, Cristina Franco, atribui este desempenho ao sistema em rede e visão de negócios do setor. “A relação franqueador e franqueado não dá brechas para acomodação. Ambos buscam o fortalecimento do negócio e, vendo a fragilidade do mercado já em 2014, começaram a tomar medidas de saneamento em termos de custos e eficiência da operação. A constante troca de experiências também foi fundamental, uma vez que o empreendedor na ponta tem exemplos de estratégias bem-sucedidas e mantém o ânimo mesmo frente ao cenário adverso”, diz.
Cristina ressaltou ainda que a desvalorização do real e o fato de o franchising ter um ticket médio que cabe no bolso do brasileiro podem ter impulsionado segmentos como o de Turismo, Beleza e Alimentação. “Esses são segmentos tradicionais do franchising que souberam se adaptar rápido ao novo momento e capturaram uma oportunidade de um consumidor mais retraído, mas que não abre mão de alguns hábitos adquiridos como o cuidado com o bem-estar e a alimentação fora do lar”, afirma a executiva.
O levantamento registra ainda que o número de unidades cresceu 2% de julho a setembro deste ano, totalizando 133.897 operações de franquias em atividade. “Notamos que as redes têm sido mais conservadoras, mas não pararam seu processo de expansão. Vimos também diferenças entre os segmentos. Enquanto que o crescimento de Educação e Treinamento, Veículos e Hotelaria está mais ligado ao aumento do faturamento por loja, os segmentos de Negócios, Serviços e Outros Varejos e Acessórios Pessoais e Calçados têm sua expansão mais ligada ao crescimento do número de unidades de, respectivamente, 3% e 5%”, afirma Claudio Tieghi, diretor de Inteligência de Mercado, Relacionamento e Sustentabilidade da ABF.
Os segmentos que mais cresceram em faturamento no 3º trimestre foram Educação e Treinamento, Negócios, Serviços e Outros Varejos e Veículos, com 15% de crescimento, seguidos por Hotelaria e Turismo, com 14% de expansão. “Acreditamos que este desempenho seja influenciado pela busca de qualificação frente a um mercado de trabalho mais retraído e a busca de serviços e fornecedores com preços mais competitivos”, explica Tieghi.
A pesquisa traz uma novidade. Pela primeira vez é informado o número de unidades repassadas, que foi de 0,6%. “O franchising oferece a modalidade de repasse como alternativa ao fechamento da unidade. Esse fato demonstra também os benefícios de se ter um negócio em rede, planejado e melhor estruturado que os negócios independentes”, observa o diretor da ABF.
Franquias Brasil
A ABF realizou também uma correlação entre os dados trimestrais e o Projeto Franquias Brasil, que está levando treinamentos presenciais a 120 cidades, de 19 Estados. O objetivo foi capturar um indicador do interesse de potenciais empreendedores (tanto franqueados como franqueadores). No 3º trimestre de 2015, 70% das pessoas que buscaram qualificação no Projeto para se tornar franqueador são homens. O Sudeste é a região que apresenta o maior número de pessoas com o objetivo de se tornarem franqueadores, com 32%. Já o Nordeste é o mais representativo no número de interessados em se tornar um franqueado, com 44% dos participantes.
Fotos: Marcel Uyeta