Sem crise

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Com seus serviços considerados como essenciais durante a quarentena, setor pet celebra bons resultados em 2020 com aumento do número de animais adotados

Na contramão da maioria dos setores da economia, que já vinham registrando perdas há alguns anos, e que foram potencializadas pela pandemia do novo coronavírus, o pet não tem muito do que reclamar.

Com seus serviços considerados como essenciais durante a quarentena, e também por conta do aumento no número de animais adotados – estima-se que a alta seja de 50%, e deva-se à solidão sentida pelas pessoas no período –, o segmento anotou bons resultados em 2020.

Pelos dados do Instituto Brasil Pet, o maior crescimento está na venda por comércio eletrônico.

No primeiro trimestre de 2020, na comparação com janeiro a março de 2019, a elevação foi de 65,57%; o valor movimentado saltou de R$ 1,49 bilhão para R$ 2,47 bilhões.

Em segundo lugar aparecem produtos veterinários (18%), seguidos por pet food (10%), pet care (6,9%) e serviços veterinários (5%).

“Mantemos um otimismo cauteloso.

É importante lembrar que o mercado pet brasileiro é constantemente listado como um dos cinco principais do mundo”, relata o presidente-executivo da entidade, Nelo Marraccini.

Em 2019, somados os faturamentos da indústria, dos serviços (veterinários e gerais) e da venda de animais, o setor totalizou R$ 35,4 bilhões, crescimento de 3% em relação ao ano anterior, quando chegou a R$ 34,4 bilhões.

“Apesar das turbulências econômicas dos últimos anos, se mantém resiliente. No ano passado, por exemplo, chegou a representar 0,30% do PIB (Produto Interno Bruto).

É o suficiente para estar à frente dos segmentos de móveis linha branca e automação industrial.

Além disso, representa uma transformação na sociedade, que tem considerado os animais de estimação, cada vez mais, membros da família”, comenta Marraccini.

Franchising

No franchising, o cenário também é positivo. Pesquisa de Desempenho Setorial, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), mostra que no terceiro trimeste de 2020 o segmento de Serviços e Outros Negócios, que engloba a área pet, registrou faturamento de R$ 4,683 bilhões, aumento de 9,4% em comparação com a mesma época do ano anterior.

Considerando 12 meses acumulados, houve relativa estabilidade (+0,6%), enquanto outros segmentos, como Hotelaria e Turismo, chegaram a perder quase 40%.

Dentre as marcas que têm tido bons resultados está a Fórmula Animal, farmácia de manipulação veterinária. O sócio-fundador Marcelo Piazera conta que o faturamento cresceu 10,6% no segundo trimestre de 2020 em relação aos três meses anteriores, e 10,3% na comparação com o mesmo período de 2019.

“Estamos mantendo a curva de crescimento esperado, mesmo com o impacto considerável no custo da nossa operação para garantir a funcionalidade das unidades, e em segurança.

As que estavam em processo de abertura tiveram atrasos, tanto para escolha de ponto, entrega de fornecedores e obtenção de licenças, mas continuamos com a previsão de abrir mais cinco em 2020”, relata o franqueador, ­complementando que a rede deverá encerrar 2020 com 44 unidades em funcionamento.

Para 2021, a meta são 50 e, para 2022, 60.

Nos meses de quarentena, nenhuma operação da Fórmula Animal ficou parada.

“Algumas tiveram que funcionar com portas fechadas, recebendo pedidos por site, e-mail e WhatsApp e, outras, cumpriram regras municipais de horários diferenciados de atendimento.

Também continuamos fazendo entregas em domicílio”, informa Piazera.

No caso da Clinicão, franquia de clínicas veterinárias com cinco operações no País, o comportamento financeiro tem se mantido heterogêneo.

“Unidades como a da Aclimação, em São Paulo, tiveram grande crescimento, praticamente dobrando o faturamento, mas as que fecharam sofreram queda por volta de 20%.

Em termos gerais, estamos conseguindo retomar de forma bastante satisfatória à normalização dos resultados”, aponta a CEO da empresa Monique Silva.

No quesito expansão, a rede, no início da quarentena, registrou diminuição no número de leads, em cerca de 50%, mas, anda assim, se mantém otimista:

“A expectativa era a de abrir mais nove unidades em 2020, mas mudamos a rota e o planejamento, fixando a meta em duas novas franquias. Com o investimento contínuo em divulgação, estamos retomando a curva de interessados.

Apesar da pandemia, entendemos esse momento como uma grande oportunidade para as nossas franquias.

Muitas pessoas deixaram seus empregos e podem investir em um segmento que sofre pouco, pois é necessidade básica cuidar dos animais de estimação.

Assim, pretendemos chegar a sete unidades até o final de 2020, e em 14 até o final de 2021”, acrescenta a executiva.

Lançamentos

Apesar do momento complicado para o mercado brasileiro, tanto a Fórmula Animal quanto a Clinicão não pararam de investir em novidades.

A rede de farmácias de manipulação veterinária, além de ter iniciado as vendas da linha Ser Natural, composta por produtos pet à base de óleos essenciais, preparou agora um lançamento no segmento de alimentação natural.

Já a marca de clínicas veterinárias trabalhou na implantação do Plano de Saúde Clinicão, que será aceito em todas as suas unidades.

No mercado em geral, o presidente-executivo do Instituto Pet Brasil acredita que também haverá muitas novidades:

“a prestação de serviços por meio de aplicativos e o e-commerce devem tornar-se cada vez mais importantes nos próximos anos. Uma das apostas é o serviço de assinaturas para produtos recorrentes e a expansão de franquias nas cidades de médio porte em todo o Brasil”.

Mundo animal

A população de animais de estimação no Brasil é de 141,6 milhões, sendo (55,1 milhões de cães, 40 milhões de aves canoras e ornamentais, 24,7 milhões de gatos, 19,4 milhões de peixes ornamentais e 2,4 milhões de répteis e pequenos mamíferos), segundo o Instituto Pet Brasil e a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).