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O que franchising deve esperar das reformas?

Matéria reproduzida pela revista Franquia & Negócios – Edição 77

por Fernando Tardioli*

Depois de três anos de queda, o varejo comemorou um crescimento de 6% nas vendas do último Natal. Segundo a Serasa Experian, que divulgou o índice, o desempenho foi o melhor desde 2011, o que pode mostrar um cenário de maior confiança do consumidor na economia e uma leve retomada no crescimento brasileiro – apesar da instabilidade político-econômica.

Os fatores que influenciam o consumo, como a menor taxa de desemprego e queda no índice de endividamento das famílias, estão favoráveis, então, a retomada do otimismo no varejo é gradual, mas, concreta.

Diante das reformas da Previdência e Trabalhista, o que o setor de franchising – representado basicamente pelo varejo de produtos e serviços – pode esperar? É possível ser otimista, num ano em que as eleições são uma verdadeira incógnita e, ainda, há uma série de feriados e uma Copa do Mundo, para embolar, com uso de trocadilho, o meio de campo?

Em primeiro lugar, as reformas – Fiscal, Previdenciária, Trabalhista, Tributária – são extremamente necessárias ao Brasil. São essas medidas que permitirão que o País controle melhor seus gastos públicos, enxugue a máquina e, de maneira geral, ‘profissionalize’ a burocrática e ineficiente atividade pública, da qual os empresários dependem e, da maneira que está, não podem se beneficiar para ver suas empresas crescendo. Depois, cada uma das reformas traz benefícios específicos para o varejo, setor fundamental da economia.
A Reforma Trabalhista, por exemplo, flexibilizará as relações de trabalho, podendo melhorar as condições para lojistas e seus funcionários, ao mesmo tempo em que coibirá ações infundadas na Justiça do Trabalho.

A aprovação da reforma da Previdência, por si só, já iniciaria o ajuste fiscal, permitindo que o Governo gaste proporcionalmente ao que arrecada – ao menos, no que tange às aposentadorias. Essa questão está diretamente ligada ao varejo, porque a simples confiança de uma economia mais centrada em rever os gastos públicos já atrairia mais investimentos, poderia controlar os juros e reacender o consumo, propiciando uma alta nas vendas.

Para que o varejo se beneficie, porém, as reformas precisam acontecer antes das eleições. Isso porque nenhum parlamentar desejará ver sua imagem, à beira das eleições, vinculada a uma pauta pouco popular, e a tendência será, portanto, enviar todas as pendências para 2019. Assumindo um presidente com perfil conservador – e não reformista, o que seria ideal para o varejo –, o crescimento pode ser bem mais lento do que o desejado.

Por fim, se pensarmos nos juros, que influenciam diretamente no comportamento do consumidor, vale lembrar que a taxa básica tem caído, mas, se a inflação subir, ela sobe proporcionalmente. Com os juros mais altos em cheque especial e cartão de crédito, o consumidor fica novamente endividado e seu orçamento volta a ser comprometido, com inadimplência e queda no consumo. É um ciclo perigoso, que afeta os novos negócios – em franquia, ­traduz-se como pausa na expansão – e também a inovação e os investimentos na marca.

Os parlamentares acreditam que as reformas acontecerão. Tomara mesmo. Pelo bem do governo, da população brasileira e das franquias.


*Fernando Tardioli é Diretor Jurídico da Associação Brasileira de Franchising (ABF), do World Franchise Council (WFC), da Federação Ibero-Americana de Franquias (FIAF) e sócio do escritório Tardioli Lima Advogados