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“O Franchising vai fechar 2014 com alta de 5% a 7%, o que acho respeitável”

Brasil Econômico – Erica Ribeiro – 30/12/14

Pela primeira vez em dez anos o setor de franchising no Brasil vai crescer abaixo de dois dígitos. Em 2013 foram R$ 115 bilhões, alta de 11,5% ante o ano anterior. Para 2014, a previsão é de 7% de crescimento. O percentual é considerado “respeitável” pela presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Cristina Franco, levando em conta o Efeito Copa do Mundo e as eleições como fatores negativos. Ela vê a constante preocupação dos franqueadores com treinamento e processos como diferencial para manter o crescimento, ainda que num nível menor.

Qual é a perspectiva de crescimento no faturamento do setor de franchising em 2014?

O franchising vai fechar o ano com alta de 5% a 7%, o que acho respeitável. Isso porque mesmo com um cenário como o que nós tivemos com manifestações no começo do ano, um pessimismo coletivo, as incertezas para muitos mercados por conta da Copa do Mundo, o pós-Copa e, em seguida o acirramento político, com um futuro que se mostrava incerto o setor ainda assim registrou crescimento.

É a primeira vez em muitos anos que o mercado não cresce a taxas de dois dígitoss…?

Sim, não tivemos uma alta de dois dígitos, como a que vivemos por um ciclo de dez anos. Mas esse crescimento, tendo em vista todos os obstáculos enfrentados não só pelo setor de franquias como por toda a indústria e o setor de serviços no país, é muito importante. Reforça e corrobora um conceito que trabalhamos durante anos e que provou ser eficaz, que é o investimento em treinamento, em processos e na segurança jurídica do mercado. Não deixamos de crescer e isso tem muito a ver com esses princípios que o franchising brasileiro trabalha.

Quais são as projeções para 2015 diante do cenário que se apresenta Será mais um ano de crescimento abaixo de dois dígitos?

Vamos crescer entre 7% e 9% no próximo ano em faturamento. E, para abertura de novas unidades, entre 9 % e 10 %. As redes de franquia continuam aprimorando a performance das unidades abertas e executando seus planos de expansão em cidades que oferecem oportunidades de negócio, sobretudo no interior do país. As pessoas querem consumir onde residem e as marcas de franquia já perceberam isso. As pressões serão as mesmas mas novamente vamos mostrar que nossa operação vai dar uma resposta positiva ao mercado por ter estrutura e fazer do treinamento de franqueadores e franqueados a base para que mais empresas e mais setores da economia olhem o franchising como um meio eficaz e seguro, inclusive do ponto de vista da legislação, para se empreender.

Que segmentos estão olhando com mais atenção o mercado de franquias?

A indústria está cada vez mais vendo o franchising como um canal de distribuição, vendas, visibilidade da marca, contato com o cliente. Temos casos bem-sucedidos como o da AmBev (com as franquias Nosso Bar e quiosque Chope Brahma) e L’Oreal, que tem franquias de quiosques da marca Maybeline. São formatações de entrega de produtos em operações de varejo que garantem também uma nova forma de relacionamento com o cliente.

O Brasil ainda está na moda nesse mercado para franquias internacionais?

Sem dúvida, sim, o franchising brasileiro continua na moda. O interesse das franqueadoras internacionais segue, mesmo com outros mercados se abrindo. Muitas delas estão observando o nosso país, cada vez mais atentas e estruturando formas de se aproximar. Em alguns casos, estão literalmente desembarcando nos aeroportos, nas praças de alimentação de aeroportos em regime de concessão e que dispõem de condições para instalação de lojas. É o caso das redes Olive Garden e Red Lobster, que já estão em aeroportos. A legislação brasileira é clara e isto sem dúvida dá segurança ao investidor.

A Lei do Franchising está em vigor desde 1994. Ela consegue acompanhar a evolução do setor?

Estamos sempre discutindo as melhorias neste aspecto. Nesse momento, inclusive, está em tramitação no Congresso um aditivo à lei para que uma empresa que deseja se tornar franqueadora tenha, no mínimo, um ano de atuação em seu mercado. Nossa expectativa é que ela seja aprovada ainda em 2015. Somos a segunda maior entidade do setor de franchising no mundo, depois dos Estados Unidos, e vemos esse movimento acontecendo lá fora.

A segurança da legislação neste setor vem chamando a atenção dos fundos de investimento. Acredita que esse apetite se manterá nos próximos anos?

Acredito que sim. Os fundos de investimentos estão efetivamente entrando neste mercado e vivenciamos alguns movimentos bastante significativos. Um destes movimentos foi a compra da rede Mundo Verde pelo fundo de investimentos Axxon e que este ano foi adquirida por Carlos Martins, ex-dono da rede Wizard e do Grupo Multi. Este é um mercado que, sem dúvida alguma, busca empresas que demonstram capacidade de crescimento e que são marcas sólidas e conhecidas. E aí, retorno ao princípio do que temos de importante no franchising brasileiro e que em um ano como o de 2014 nos sustentou: o treinamento.

O que vai ser tendência para 2015 no mercado de franquias, sempre com tantas novidades?

A tendência não só para 2015 como para a próxima década será o surgimento das redes de franquias especializadas em home care e cuidados de pessoas com necessidade de atendimento especial ou idosos. A expectativa de vida aumentou e essa é uma trajeto ria em ascensão. Por isso, a indústria de cuidados com as pessoas da chamada melhor idade vai certamente aparecer bastante no setor de franquias com mais intensidade a partir do ano que vem.

Algum outro mercado terá destaque a partir do ano que vem ?

Sem dúvida outros dois segmentos vão se mostrar boas opções no mercado. Um deles, o de beleza, especificamente os salões de beleza. E isso tem muito a ver com a mulher que cada vez mais está inserida no mercado de trabalho. Hoje, 44% delas chefiam os lares brasileiros. E elas querem ficar mais bonitas, tendo um salão mais perto de sua casa ou trabalho. Outro setor que tende a crescer ainda mais é obviamente o de alimentação fora do lar. Um mercado que crescerá a médio prazo e por conta das taxas de emprego no país.