Matéria reproduzida pela revista Franquia & Negócios – Edição 85
*Por Fernando Tardioli
É obrigação das franqueadoras oferecer aos franqueados o suporte necessário para que suas unidades operem dentro de padrões previamente estabelecidos e busquem maximizar os resultados. Isso envolve, na prática, obter o lucro necessário para a manutenção da franquia e do próprio franqueado, além de garantir o retorno do montante aplicado no negócio no tempo previsto no plano de negócios.
Essa é a tarefa do consultor ou supervisor de campo. É um funcionário da franqueadora que tem a missão de visitar as franquias, detectar o que não está dentro do esperado e propor ações de melhoria. Não é um auditor ou um fiscal, mas sim um profissional preparado pelo franqueador para fazer avaliações e intervenções.
No entanto, como o franchising não para de evoluir, observamos uma tendência que merece a nossa atenção: o franchising colaborativo, ou seja, o envolvimento de franqueados na supervisão e consultoria de campo, apoiando e orientando outros franqueados.
Os franqueadores estão concluindo que ninguém melhor do que um franqueado experiente – que conhece e vive o negócio – para colaborar com outros franqueados, sobretudo os menos experientes. Ele também sabe o que dá certo e errado, o que pode e o que não deve ser feit; e como lidar com problemas com fornecedores, clientes e colaboradores, entre outras questões.
A conversa entre franqueados e a troca de experiências são sempre muito proveitosas. E o dia a dia nem sempre permite que isso aconteça periodicamente. Porém, um processo estruturado pode facilitar essa forma de apoio. E tem mais: uma coisa é ouvir de um terceiro o que precisa ser feito, ainda que seja da franqueadora, outra coisa é ouvir aquele que conhece a realidade do negócio – com suas dores e delícias. O impacto, certamente, é diferente.
É importante esclarecer que o objetivo dessa reflexão não é estimular a transferência de obrigações essenciais do franqueador para franqueados, mas sim, pensar até que ponto não é possível aproveitar as potencialidades de quem já faz parte da rede – no caso, a experiência de um bom franqueado para tornar o negócio melhor e mais forte.
Em se tratando de relacionamentos, se por um lado nota-se atualmente o aumento da intolerância, por outro há pessoas e grupos ávidos por compartilhar espaços, recursos e ideias. O melhor de tudo é saber que o franchising brasileiro se encaixa no segundo caso e, por essa razão, vem ocupando um espaço de destaque no cenário econômico atual.
*Fernando Tardioli é diretor Jurídico da Associação Brasileira de Franchising (ABF), do World Franchise Council (WFC), da Federação Ibero-Americana de Franquias (FIAF) e sócio do escritório Tardioli Lima Advogados