Entrevista

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História de cinema

Durante a entrega da estatueta do Oscar® de melhor atriz, em 2010, Sandra Bullock dedicou o prêmio a “uma mãe que cuida de seus filhos, não importa de onde eles venham”. A atriz se referia a Leigh Anne Tuohy, que teve a história de sua família retratada em Hollywood no filme Um Sonho Possível (The Blind Side), mostrando como Michael Oher, ou Big Mike, um garoto traumatizado, conseguiu vencer desafios quando foi acolhido por uma família que o amou e acreditou em suas habilidades. O marido de Leigh, Sean Tuohy, é um dos mais bem-sucedidos franqueados norte-americanos e teve sua história empreendedora retratada como pano de fundo do enredo principal.

Sean tem sob seu domínio mais de 90 unidades de franquias de alimentação das marcas Taco Bell, Long John Silver’s e Kentucky Fried Chicken (KFC), ambas da franqueadora Yum! Brands, que também detém a Pizza Hut, em sete estados norte-americanos, e emprega mais de cinco mil pessoas. “Praticamente tenho que pensar como franqueador, exceto no desenvolvimento de produtos”, revelou o empreendedor em painel realizado no 1º Congresso Internacional de Franchising ABF, em São Paulo, no último mês de abril.

O perfil de Sean se enquadra no que é muito valorizado no mercado norte-americano atualmente, e vem ganhando espaço no Brasil: o multifranqueado. Não somente franqueadores, mas fundos de investimento também têm apostado suas fichas nessa modalidade que ganha cada vez mais espaço dentro do franchising.

Antes de se tornar um franqueado de sucesso, Sean era feliz no posto de presidente de uma empresa, mas não era o dono. Gerenciar pessoas e responder para alguém era algo que o satisfazia até que percebeu que nada disso valeria a pena se não pudesse estar presente em momentos que considerava realmente importantes. “Entrei no franchising para não precisar pedir permissão para ir à peça de
Páscoa da minha filha. E é isso que falo para todos os meus funcionários: nem peçam autorização, vão à peça”, afirma.

O primeiro investimento de Sean como empreendedor foi em uma loja desacreditada e avaliada em US$ 460 mil, em uma cidade de 37 mil habitantes, no estado do Mississipi. “Eu consegui a loja do próprio franqueador, porque ele não gostava daquele ponto. Eu coloquei amor na loja, assim como fizemos com o Michael, e hoje ela vale US$ 3 milhões”.

Sean concedeu uma entrevista exclusiva à revista Franquia & Negócios, logo após sua participação no Congresso, sobre a gestão de suas franquias. Confira os principais trechos a seguir:

Você tem uma rede maior do que muitas franqueadoras. Pretende se tornar um franqueador um dia?
Não, eu não tenho esse talento. Realmente não tenho, sou totalmente bloqueado, não sou criativo. Não vejo isso no futuro, de verdade.

É mais fácil ser um franqueado do que um franqueador, então?
Sim, é mais fácil. Na verdade, eu não sei como é ser um franqueador, mas sei como seguir a rota. Algumas pessoas não gostam de seguir linhas, mas não tenho problema com isso. Então, eu prefiro ser um franqueado. Mas se eu fosse franqueador, levaria o prospect para uma montanha russa, em um parque de diversões, pois essa é a nossa vida.

Você é livre para inovar nas suas lojas? Pode criar ações?
Não, seguimos instruções. É tudo muito restrito. Não temos liberdade, todos os trabalhos que operamos e os processos são os que encaminham ao sucesso. Não criamos produtos e ações. Nada. Fazemos exatamente o que eles falam.

O franqueador é o mesmo, mas como você lida com diferentes marcas e regras? Elas se conversam?
As três marcas são da mesma empresa, mas ainda assim é competitivo. Eles não querem que façamos operação cruzada. Cada gerente e chamado de coach, que deve treinar as pessoas e desenvolve-las. A cada oito coachs, um responsável regional.

Então sua maior preocupação é com a gestão de pessoas?
Não adianta chamar só os mais inteligentes e mais rápidos. E ele tem que saber que está representando uma marca. Eu tento fazer todos os dias que a roda gire melhor e não mais rápido. O filme basicamente falava sobre valorização do ser humano. Sobre como a sociedade enxerga as pessoas. Mike era subestimado por todos. Sempre falo que nós não vendemos comida, estamos em um negocio de pessoas. O que tentamos garantir é a valorização delas.

Com qual frequência você visita as lojas?
Eu vou a uma loja por mês. Têm umas vinte lojas que eu nunca vi. Contratei uma pessoa para isso, não sou operacional. Eu não tenho qualificação para avaliar as lojas, conheço minhas limitações.

Qual sua percepção do atual cenário do franchising norte-americano? As legislações estaduais prejudicam a expansão?
Sabe, estou em sete estados e não sinto tanta diferença. Os impostos são diferentes, mas isso é incipiente. Estamos executando bem as lojas nos sete.

E quais desafios têm que enfrentar na gestão das unidades?
Quando construímos uma loja, sempre temos problemas com vizinhanças que não querem um prédio feio. Negociações com a prefeitura é o mais difícil.

Você pensa em abrir lojas em outros países?
Não, você está de brincadeira? Eu tenho muitas oportunidades nas cidades em que já estou, isso não é para mim. Pessoas estão animadas (para internacionalizar), mas não é pra mim.

Quais os planos de expansão para 2014?
Abriremos seis lojas esse ano.

Publicado em 29/05/2014
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