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Comitê de Food Service analisa tendências globais de investimentos em franquias

Comitê de Food Service analisa tendências globais de investimentos em franquias
João Baptista Junior, coordenador do Comitê de Food Service da ABF, na abertura da reunião

A 1ª Reunião do ano do Comitê de Food Service da ABF, realizada na quarta-feira, 27/2, foi inovadora. Abrangente, o tema do encontro fugiu do dia a dia do Comitê e envolveu o interesse geral dos diversos segmentos do franchising e dos associados: fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês) e as tendências de investimentos em franquias, com foco no segmento de Alimentação. Em um café da manhã oferecido pela Duff & Phelps, empresa especializada em proteção, restauro e maximização de valores, os participantes tiveram a oportunidade de compreender mais a fundo essas questões.

O encontro foi aberto por João Baptista Junior, coordenador do Comitê e teve a participação de Joshua Benn, diretor geral e líder global da indústria de alimentação da Duff, e de Alexandre Pierantoni, diretor geral de M&A da companhia no Brasil e na América Latina. “O objetivo [do evento] é levar as empresas à compreensão e à percepção de valor”, disse Baptista.

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Alexandre Pierantoni e Joshua Benn (a partir da esq.) durante o evento sobre tendências e perspectivas de investimentos em franquias no Brasil

A forma como os investidores veem a valorização das empresas foi analisada por Pierantoni. O potencial de expansão dos negócios é um fator considerado. “O tamanho e o crescimento importam”, afirmou.

O especialista também observou o quadro atual do País para atrair potenciais investidores. De acordo com o executivo, “hoje no Brasil o cenário é positivo”. Segundo Pierantoni, na visão da Duff o empresário “vende” projeções para o futuro. Assim que a empresa se coloca num bom contexto, olhando para o futuro, ela se projeta no mercado.

Benn falou a respeito do panorama de investimentos no segmento de food service nos Estados Unidos. Segundo ele, o ambiente no país tem sido bem desafiador, pois há restaurantes demais e não há uma grande base de restaurantes antigos, e a inflação também é um fator de interferência. “As empresas querem empregar, implementar [ações] para reduzir o seu custo final”, disse.  Ainda de acordo com o executivo, as fusões e aquisições têm ocorrido nesse mercado.

Redução de custos

Quanto a medidas para redução de custos, Pierantoni observou que, no Brasil, as empresas têm se tornado cada vez mais regionais. Essa atuação mais restrita visa a reduzir, por exemplo, os custos de logística.

“Em franquias nos Estados Unidos, há mudanças nas atividades estratégicas. Todos estão buscando oportunidades para racionalizar os custos. Precisam associar novos negócios às suas plataformas”, afirmou Benn.

Ao analisar as perspectivas para o crescimento das empresas no Brasil e na América Latina, o diretor geral de M&A da Duff para a região elencou diversos fatores. Segundo ele, os novos governos estão impulsionando mudanças radicais nos fundamentos econômicos e políticos. No Brasil, o governo federal tem afirmado ser favorável à globalização, ao livre comércio, à redução da burocracia e das privatizações. São também importantes as reformas estruturais, as da previdência e tributária, e o chamado “pacote anticrime”, que combate diretamente, entre outros ilícitos, a corrupção.

Pierantoni defendeu, ainda, que é preciso “reduzir o desemprego, aumentar o salário médio e o consumo, e retomar os níveis anteriores à crise”. Assim, “o consumidor retomará os hábitos pré-crise, resultando em crescimento consistente da economia”, afirmou.

Tendências, alimentação fora do lar e millennials

Em busca de valorização no mercado, as empresas de food service nos Estados Unidos estão atentas às tendências em alta. Entre elas, o líder global da Duff destacou o mercado de entrega de comida online. Dados da empresa indicam um crescimento de 25% do nicho entre 2016 e 2020.

Segundo Benn, a geração Y (nascidos entre os anos 1980 e 2000) está impulsionando a tendência de se alimentar fora como premissa devido à velocidade, conveniência e à entrega habilitada pela tecnologia. “Os millennials têm demonstrado grande interesse por essas empresas”, ressaltou. E há, ainda de acordo com o executivo, uma proliferação de fornecedores de serviços por aplicativo nos Estados Unidos.

Perspectivas de valorização

Os palestrantes detalharam a metodologia de valorização dos negócios dentro do contexto brasileiro. O EBITDA (lucro após o pagamento de impostos) é fundamental na avaliação das empresas. “Quanto mais alto, maior será o valor de venda do seu negócio”, disse Joshua Benn.

Ainda segundo o executivo, várias sinergias serão colhidas numa estratégia de valorização do EBITDA. “Se o empresário tiver uma curva madura com seus restaurantes, isso também é levado em consideração”, pontuou.

Na visão de Benn, alguns fatores impulsionam a valorização de um negócio pelos investidores:  segmento, percepção da marca, entrega, o diferencial que esta marca tem para o mercado, “principalmente para os millennials”. São avaliadas também a performance da operação, a média de volume de vendas por unidade, o EBITDA  por loja, o perfil de fluxo de caixa (cash flow) “e, principalmente, se o empresário puder mostrar um modelo econômico forte”.  Entre os fatores  importantes estão, ainda, a gestão ambiental – como a rede atua e obedece às leis ambientais –, o time de gestão, os programas de fidelidade e o tráfego nas mídias sociais.

O gráfico abaixo mostra o valor médio de empresas de capital aberto e de companhias que passaram por fusões e aquisições (M&A) entre 2012 e 2018 nos Estados Unidos, Brasil e Canadá e na América Latina:

Valor Médio da Empresa / EBITDA Múltiplo

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Avaliação de risco dos negócios

Os especialistas mostraram os fatores que geram riscos aos negócios e impactam investimentos. Segundo os executivos da Duff & Phelps, ao dimensionar o risco do negócio, as condições econômicas e políticas do país são importantes na avaliação do chamado “risco sistemático” – a incerteza inerente a todo o mercado.

Porém, dados apresentados por Pierantoni e Benn revelam que “enquanto a indústria brasileira de restaurantes tem enfrentado um ambiente de consumo desafiador nos últimos anos devido à recessão, o Brasil oferece recompensas substanciais a longo prazo aos investidores devido ao seu tamanho de mercado e à base de consumidores jovens”.

De acordo com Pierantoni, “há muitas empresas bem posicionadas no Brasil para investidores. O Brasil está muito bem posicionado para crescer com essas marcas”, avaliou.

Mas o País precisa superar alguns desafios para conseguir atrair investidores interessados nas empresas nacionais. Segundo Alexandre Pierantoni, os investidores internacionais querem governança e uma combinação entre estabilidade e crescimento. “Consistência. Assim que o Brasil conseguir entregar resultados consistentes e crescimento combinados conseguirá atrair esses investimentos”, afirmou.

Ainda de acordo com o executivo, o processo para se chegar nesses investidores requer uma abordagem estruturada, sabendo o que eles querem, consistência e, “o mais importante é encontrar o parceiro mais apropriado”.

O evento foi muito bem avaliado por Ricardo Bomeny, presidente do Conselho de Associados da ABF e CEO do Grupo BFFC, detentor das marcas próprias Bob’s e Yoggy, e das franqueadas Pizza Hut e KFC no Brasil. Para o executivo, foram três os principais destaques do evento. “Primeiro, a diferenciação do tema. Quebra um pouco a nossa rotina de eventos e temas. Gostei muito mesmo. Segundo, faz um panorama de como o Brasil está em visibilidade nesse momento através dos fundos que estão olhando esse mercado. E terceiro, para os varejistas de forma geral, ficou claro que o setor de alimentação é um grande alvo de fusões e aquisições e na entrada de parceiros estratégicos que profissionalizam o nosso setor”.

Fotos: ABF/Divulgação