- Alta no acumulado de 12 meses foi de 14,3%
- Todos os segmentos do setor cresceram, com destaque para Alimentação Comércio e Distribuição (43,9%), Food Service (26,6%) e Serviços e Outros Negócios (25,3%)
- Operações localizadas nas ruas expandem participação, chegando a 54,2%
O mercado de franquias no 1º trimestre acelerou, registrando um crescimento nominal de 19,1% na comparação com o mesmo período de 2023, mantendo assim sua curva ascendente. O faturamento geral do setor avançou de R$ 50,854 bilhões para R$ 60,560 bilhões. É o que mostra a Pesquisa Trimestral de Desempenho do setor referente aos três primeiros meses de 2024 realizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. O estudo aponta que no acumulado de doze meses, o setor cresceu 14,3%, cujo faturamento passou de R$ 218,962 bilhões para R$ 250,367 bilhões. Esse resultado foi alavancado por fatores sazonais e o forte desempenho dos segmentos de Alimentação (tanto Comércio e Distribuição, quanto Food Service) e Serviços e Outros Negócios.
Entre os fatores sazonais, destaque para o dia a mais em fevereiro e, principalmente, a Páscoa ter caído este ano no 1º trimestre, o que, associado a maior demanda por chocolates finos, trouxe grandes resultados para as franquias de chocolate. O cenário macroeconômico também foi fundamental para o desempenho do setor. A elevada taxa de ocupação, o PIB no 1º trimestre, a queda (ainda que lenta) da taxa SELIC e a inflação mais controlada estimularam uma maior disposição da população que aqueceu o consumo.
Para Tom Moreira Leite, presidente da ABF, “a taxa expressiva de crescimento das franquias no período reflete tanto a fortaleza do setor, que continua sua jornada de expansão e busca por eficiência e novos modelos de negócio, como eventos extraordinários. De fato, redes de chocolate relataram um grande resultado na Páscoa, agregando ao desempenho do primeiro trimestre um faturamento significativo. A identificação de mais marcas atuando no setor e uma forte demanda no nicho de sorveterias e açaís, associada à onda de calor, também alavancaram o setor como um todo neste trimestre”.
O presidente completa ainda “que o cenário positivo não elimina desafios importantes no setor, como ajustar operações omnichannel, acompanhar a constante mudança do comportamento do consumidor e, principalmente, equacionar a elevada carga tributária, a pressão inflacionária e a quitação de compromissos financeiros assumidos ao longo da pandemia. Neste sentido, a aprovação do PERSE vai ser muito importante para os segmentos elegíveis cumprirem seus compromissos da pandemia e manterem planos de expansão, gerando ainda mais empregos, impostos e renda. Além disso, estamos acompanhando de perto o impacto da tragédia no Rio Grande do Sul. Muitos franqueadores e franqueados foram afetados e vamos ter mais claro estes impactos na pesquisa do segundo trimestre”.
Expansão do número de operações e empregos
De acordo com o levantamento da ABF, as redes de franquias mantiveram um bom ritmo de expansão no período pesquisado. Os dados apontam que foram abertas 4,3% mais operações e encerradas 1,9%, resultando num saldo positivo de 2,4%. Em relação aos repasses, a estabilidade se manteve, como na pesquisa do mesmo trimestre no ano passado, cujo índice ficou em 0,8% contra 1,0% em 2023 (dados referentes às marcas respondentes). A variação no primeiro trimestre de 2024 representou um acréscimo de 7.473 operações de franchising no País ante o mesmo período do ano passado, totalizando 191.376 operações (dado extrapolado para o mercado todo). Em relação aos empregos diretos, o setor totalizou 1.658.000, 4,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Segmentos crescem na totalidade
O estudo mostrou avanço do faturamento em todos os segmentos listados pela ABF. Alimentação Comércio e Distribuição teve o crescimento de receita mais expressivo, 43,9%, em razão especialmente do ótimo desempenho das chocolaterias na Páscoa (uma das principais datas do ano e que ocorreu no primeiro trimestre), e à queda da inflação, com a massa real de rendimentos ampliada em 4,6% no último ano. Outras justificativas são as mudanças nos gostos dos consumidores, o desejo de exclusividade, o declínio na popularidade dos ovos caseiros e a busca por alternativas mais saudáveis, junto com aumento de ações promocionais e collabs que alavancaram o ticket médio das vendas no varejo. Esses fatores geram oportunidades para empresas que oferecem produtos mais refinados ou que atendam a preferências dietéticas específicas. O crescimento do nicho de mercados autônomos, a expansão do número de operações no geral e ações de marketing foram outros fatores que apareceram na pesquisa e contribuíram.
Alimentação Food Service também se destacou com um crescimento de 26,6%, alavancado pela consolidação da retomada dos salões, a persistência do hábito de pedidos delivery, a demanda provocada por grandes eventos e pelo próprio turismo, novas marcas operando neste mercado e a expansão da base de operações das franquias já estabelecidas. A pesquisa identificou ainda forte demanda nos nichos de sorveterias e franquias de açaí, associada à onda de calor. Por fim, algumas franquias de Food Service também tinham produtos voltados à Páscoa e foram beneficiadas.
Serviços e Outros Negócios registrou alta de 25,3% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O aquecimento de serviços no geral (de acordo com o IBGE houve um crescimento de 1,4% do Setor de Serviços no 1º trimestre), o avanço de franquias Business to Business e de logística, e o desempenho das redes ligadas ao agronegócio alavancaram este segmento.
Na sequência vieram os segmentos de Entretenimento e Lazer (19,6%), Casa e Construção (15,8%) e Saúde Beleza e Bem-Estar (14,7%).
“Embora todos os segmentos tenham crescido, neste trimestre, notamos uma maior heterogeneidade de resultados. Isso devido tanto à sazonalidade, como a condições de cada mercado. Por exemplo, em Moda este é um período tradicional de promoções e há uma maior concorrência no online. Já Educação continua seu processo de transformação, com o ganho de eficiência e abrangência com o digital”, explica Tom Moreira Leite.
Operação em rua e outros formatos avançam
O estudo da ABF apontou, ainda, que, a exemplo do primeiro trimestre de 2023 comparado ao mesmo período anterior, na distribuição das operações por localização continua o predomínio das operações de franquias em ruas, que passaram de 52,0% para 54,2%. As operações em shopping centers também se mantiveram na segunda posição, com uma redução de 22,2% para 19,8% (embora em termos absolutos tenha crescido).
O item “Outros” – que envolve negócios como mercados autônomos, operações em prédios comerciais, postos de combustível (lojas de conveniência), condomínios residenciais, store in store, hospitais e clubes esportivos – despontaram no trimestre analisado em terceiro lugar, com uma participação que saltou de 5,2% para 11,7%.
“O boom da localização Outros está muito associado ao crescimento de redes de conveniência, mini-mercado autônomo, cafeterias, modelos compactos e microfranquias de forma geral, apontando mais uma vez a capacidade de reinvenção do setor não apenas em termos de formato, mas na disposição de desenvolver operações que vão aonde o consumidor está”, explica o presidente da ABF.
Uma excelente oportunidade para constatar esse movimento do setor de franquias brasileiro é a ABF Franchising Expo, maior feira de franquias do mundo, que será realizada de 26 a 29 de junho, no Expo Center Norte, em São Paulo. Como parte da ABF Franchising Week (semana de imersão no universo das franquias), a ABF Franchising Expo reuniu em 2023 em torno de 400 marcas expositoras e recebeu uma visitação de 60 mil pessoas. Os ingressos para 2024 já estão à venda, com descontos na compra online. Para obtê-los, basta clicar aqui.
Metodologia
A Pesquisa de Desempenho do Franchising referente ao 1º trimestre de 2024 envolveu uma base amostral com redes respondentes que representam cerca de 32% das operações e 45% do faturamento do setor. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino. Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World Franchise Council (WFC), Federação Ibero-Americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.
Imagens: ABF/Divulgação