Alcione Albanesi foi para a China em 1992 e abriu o mercado de lâmpadas leds no Brasil ao criar a FLC, tornando a empresa líder do mercado nacional. “Para vencer as multinacionais, você tem que pedalar na subida o tempo todo”, afirmou.
A empresária conduziu a plenária do 2º dia da Convenção ABF do Franchising nesta quinta-feira (27), que contou na abertura com a participação de Marcelo Maia, secretário de comércio e serviços do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e de Fernando Tardioli, diretor jurídico da ABF. Tardioli apresentou ao público e pediu o apoio do secretário aos pleitos que a Associação tem levado ao Governo Federal, entre eles a modernização das leis trabalhistas, a elevação do teto do Simples e a não incidência do ISS sobre a taxa de franquias e royalties. “O Brasil é o único país do mundo que tributa royalties sobre serviços”, ressaltou. O conjunto de demandas do setor foi formalizado na Carta da Bahia, assinada pela diretoria da Associação e entregue diretamente a Maia.
Em sua palestra “Empreendedorismo que ilumina e transforma vidas. Mais que um case de sucesso, uma história do ‘bem’”, Alcione deu um emocionante depoimento a respeito de sua experiência pessoal e empreendedora e como fundou a ONG Amigos do Bem.
Em 1993, Alcione fez uma viagem para o Nordeste e a partir do natal daquele ano, a empresária passou a transformar vidas. Desde então, ela permanece dez dias por ano no sertão brasileiro.
Em dezembro de 2014, a fundadora da FLC tomou a decisão que julga a mais difícil de sua vida: vendeu 80% de sua participação na empresa para se dedicar às pessoas carentes do Nordeste brasileiro. “Para cuidar de empresas há grandes executivos, mas para cuidar de pessoas, é preciso ter dom”, afirma.
Alagoas, Pernambuco e Ceará são os três estados em que a Amigos do Bem centraliza suas ações e onde quatro “cidades do bem” foram criadas. Hoje a ONG atende 100 mil crianças, serve 180 mil refeições mensalmente, conta com 230 educadores e 6.800 voluntários distribuídos em 78 grupos de trabalho que atendem 115 povoados e 60 mil pessoas regularmente. “Descobri que é possível quebrar um ciclo de miséria secular do nosso Nordeste”, disse. Para Alcione, há somente dois pilares para promover as transformações socioeconômicas que o Brasil precisa: a educação e a intervenção da sociedade civil.
Por fim, Alcione compartilhou sua receita de sucesso: primeiro, trabalhar muito, ser persistente, não desistir, agilizar processos, construir pontes, cuidar das pessoas e semear transformação. “Invista nas pessoas e eu sempre construí pontes. Os colaboradores são responsáveis por nos levar ao sucesso e mais do que ouvi-los, nós temos que senti-los”, disse. Ainda segundo a empreendedora, em 20 anos, a FLC nunca teve uma ação trabalhista.
“Crowdfunding do Bem”
Em 2016, as doações para a Amigos do Bem caíram 40% e em 2015 a ONG viu o trabalho de anos ser queimado em um grave incêndio. Mas por ser resiliente e não desistir, Alcione preferiu olhar o sol por trás da nuvem de fumaça que subia do galpão.
Para levantar fundos para a Amigos do Bem, Claudio Tieghi, diretor da ABF e mestre de cerimônia do evento, anunciou a realização do Crowdfunding doBem. Os recursos arrecadados serão investidos na compra de castanhas para reativar a fábrica de beneficiamento que está parada há quatro meses. Pessoa física pode doar a partir de mil reais, parcelados no cartão de crédito. Pessoa jurídica, a partir deR$ 2 mil. Os doadores que desejarem poderão ter seu nome (no caso de pessoa física) e marca (pessoa jurídica) divulgados pela ABF como retribuição à doação.
A presidente da ABF, Cristina Franco, anunciou a realização da Caravana do Franchising para o Sertão, que terá projetos para garantir empregabilidade às comunidades atendidas pela Amigos do Bem.
Fotos: Keiny Andrade