Portal Administradores – Redação – 07/03
Fazer a diferença entre ser um consumidor fiel e um bom franqueado, além de conhecer o real investimento necessário para o negócio são essenciais nesse sentido. Quem nunca teve o sonho de ter seu próprio negócio? Cerca de 40% dos brasileiros tem vontade de abrir uma empresa. Para os que já passaram da fase de sonhar, existem inúmeras decisões importantes antes de dar o ponta pé inicial.
Certamente uma das ideias que ocorre é se é melhor investir num negócio novo ou comprar uma franquia. Se a opção for o sistema de franchinsing, veja as 10 coisas que você precisa considerar antes de fechar um contrato.
1. COF é a regra do jogo: A lei de franquias n. 8.955/94 estabelece que todos os franqueadores elaborem uma Circular de Oferta de Franquias (COF) para que os interessados em adquirir a marca possam decidir se vão ou não investir no negócio. A COF é a regra do jogo. Este instrumento jurídico possui todas as obrigações e deveres de cada parte, bem como demais regras que envolvam o dia a dia da operação. Leia atentamente este documento, pois uma vez que o contrato seja assinado, você não poderá alegar que desconhecia ou não concordava com alguma de suas clausulas.
2. Diferentes perfis de franquias: Existem diferentes tipos de franquias no mercado. É importante ter ciência de qual delas mais se encaixa com o seu perfil e com os seus objetivos pessoais e profissionais. É importante saber quais são as exigências que a franqueadora possui quanto à dedicação ao negócio. Pode ser somente um franqueado investidor? Precisa ter algum conhecimento técnico ou de mercado para operar o negócio? Pode ter outras atividades em paralelo? Pode ter outras lojas franqueadas no futuro? As respostas destes questionamentos lhe ajudarão a tomar a melhor decisão com base nas suas expectativas desta nova fase de sua vida.
3. Investimento real: Preste atenção nos números de investimento inicial apresentados. A grande maioria das franquias colocam uma faixa de investimento devido as variações que podem ocorrer em virtude da localização, tipo e estado do imóvel, formato do modelo de negócio, dentre outras variações. Esteja preparado para o pior e tenha uma reserva maior do que o exigido pelas empresas franqueadoras. Desta forma, caso tenha alguma surpresa durante a implantação da sua franquia, você estará preparado para arcar com todos os custos. Começar a operação devendo dinheiro, seja para a família, amigos ou instituições bancárias, certamente não será agradável.
4. Consumir versus trabalhar no negócio: É óbvio dizer que é preciso ter afinidade com o produto e a marca para se abrir uma franquia. Entretanto, o fato de você ser um consumidor assíduo e fiel, não significa que será um franqueado de sucesso gerenciando este negócio. Recomendo que você colete informações de como é trabalhar neste segmento. Será preciso trabalhar aos finais de semana e feriados? Qual é o horário de funcionamento da loja? Precisa estar presente em que momentos? O que é preciso fazer para se ter sucesso neste segmento? Está disposto a cumprir todos estes requisitos?
5. Retorno esperado: Muitas empresas apresentam um retorno do investimento padrão, deixando claro que pode variar de acordo com a localização e dedicação do franqueado. É preciso fazer uma análise minuciosa com os números apresentados, pois algumas vezes não fazem muito sentido. Faturamento superestimado, despesas e custos subestimadas e um investimento inicial irreal, podem apresentar números maravilhosos, que dificilmente se tornarão realidade. Converse com os franqueados atuais e verifique o quão consistente são as premissas utilizadas no modelo financeiro. Não negligencie esta fase e lembre-se que a decisão precisa ser feita racionalmente e não de forma emocional. Afinal de contas, você não está comprando um sapato, e sim, um negócio que pode durar para a vida inteira.
6. Sucesso: Se você quer abrir uma franquia para trabalhar menos, desista da ideia. Grande parte do sucesso de seu novo empreendimento virá de seu esforço e dedicação. Em muitos casos, há um aumento significativo de trabalho pois no início, o negócio exigirá que você seja mais participativo e multifuncional. Além disso, saiba que a gestão da franquia é sua responsabilidade. O franqueador não tem uma equipe que irá substituir um funcionário que falte ou que esteja de férias. Arregace as mangas e mãos à obra!
7. As promessas são cumpridas: Converse com os franqueados atuais para saber se as promessas feitas durante a venda da franquia são cumpridas depois. Os franqueados já passaram pela mesma situação que você e a maioria deles terá o maior prazer em lhe ajudar. Diante disso, pode ter certeza que se o franqueador pisou ou pisa na bola, você ficará sabendo.
8. Capacidade de abastecimento e tempo de entrega: Tenha certeza que o franqueador e /ou seus fornecedores homologados tenham capacidade de abastecimento. É comum ver alguns casos em que o franqueado fica sem os produtos para vender bem na época de maior demanda. Tenha certeza que não faltará ovos de páscoa na páscoa! Outro ponto é com relação ao tempo de entrega. Avalie quanto tempo a fábrica leva para lhe entregar os produtos. Esta informação é vital para definir o tamanho do seu estoque, bem como os prazos limites que você deve fazer os pedidos de compras, de forma a não faltar os produtos para os seus clientes.
9. Nível de envolvimento da rede na tomada de decisão: Tente identificar se o franqueador envolve a rede franqueada nas decisões estratégicas da empresa. O ideal é que a franqueadora tenha momentos formais que envolvam os franqueados, pois eles que estão na linha de frente do negócio e podem identificar novas necessidades ou oportunidades de melhorias. Algumas redes de franquias já realizam ações para envolver os franqueados nas decisões através de comitês, convenções e reuniões diversas. Via de regra, franqueadores que acham que sabem tudo, podem ser um problema, pois dificilmente eles irão atender as suas demandas caso não tenham vivenciado algo semelhante. Definitivamente, envolver a rede é importante pois é o canal de entrada de informações para que a empresa possa crescer cada vez mais.
10. Territorialidade: A maioria dos contratos de franquia possuem uma clausula de territorialidade, em que prevê quais são as regras de territorialidade para o franqueado. Há três opções: sem território definido, com exclusividade territorial e com preferência territorial. Sem território definido é quando o franqueado não tem direito ou garantia alguma quanto ao território que irá atuar. Por um lado é ruim pois não se tem uma segurança, mas por outro, permite o franqueado ter maior liberdade a desbravar outros mercados. Exclusividade territorial é quando o franqueado possui exclusividade sobre um determinado espaço definido. Em outras palavras, durante a vigência do contrato, somente o franqueado poderá explorar o mercado de sua região. Já a preferência territorial é quando o franqueado possui um território determinado, mas tem preferência sobre este espaço em uma futura expansão. Caso o franqueador identifique que há potencial para abrir novas unidades, o franqueado da região terá preferência, mas se não quiser exercê-la, o franqueador poderá colocar outro franqueado no mesmo território.
A escolha por uma rede de franquias precisa ser feita com base em preencher os apontamentos acima. Em alguns momentos será preciso que o potencial franqueado abra mão de algumas coisas. Porém, ignorar alguns fatores e readequar o sonho para caber dentro dos modelos disponíveis no mercado pode acabar fazendo com que tudo se transforme num grande pesadelo.