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Mercado tesoura o pessimismo

O Popular – Redação – 09/07

Enquanto lojas amargam queda nas vendas, reparo de roupa e outras peças tem crescimento de até 30%

O ano de 2015 está marcado por queda no consumo. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o acumulado dos seis primeiros meses já apresentou queda de 2,64% nas vendas a prazo, na comparação com o mesmo período do ano passado. Tal cenário tem favorecido o mercado de consertos e customização de roupas, calçados, relógios, óculos e demais produtos, que já verificou crescimento de até 30%.

Em vez de sair às compras, os consumidores goianos têm optado por consertar e personalizar peças de artigos guardados. A regra geral é que o conserto vale a pena quando não fica além de 10% do valor da peça nova. A dentista Adriana Sartori customiza peças de roupas de toda a família, adaptando-as para a tendência atual. “Às vezes o tecido e a costura são excelentes, mas não se usa mais o modelo. É quando levo para os ajustes.” A médica Edith Zacariotti também se rendeu. “Se tenho ou ganho uma peça que não é do meu tamanho, levo para consertar. Mudo o cumprimento, largura ou ainda para customizo com acessórios para alegrar a peça”, diz.

Edith e Adriana são clientes da Maria Leuza Negreiros, que trabalha com esse tipo de serviço há 20 anos. Ela explica que já sentiu um crescimento de 20% este ano. “Investi e devo contratar mais costureiras para atender a demanda”, frisa Leuza.
As franquias que apostam em consertos também comemoram o momento. Com três unidades da Restaura Jeans em Goiânia, Liliane Ferreira Almeida afirma que apenas a unidade no Jardim Goiás teve 30% de aumento no faturamento. “Na crise, tem quem sinta e quem prospere”, celebra. Liliane lida mais com o público A, em razão da natureza do serviço. O reparo vale mais para quem investiu em roupas com maior valor, acima de R$ 200, por exemplo. “Nosso público pensa duas vezes antes de descartar uma peça boa.”

Contramão

O conserto de calçados também está em alta (leia mais abaixo), bem como a procura por reparações em relógios e óculos. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), José Carlos Palma Ribeiro, explica que os serviços de reparação e customização estão na contramão da crise. Enquanto há queda de vendas no comércio em Goiânia, o setor registra melhora e crescimento.

“As pessoas diminuíram o consumo e cortaram os gastos. A queda nas vendas é nítida e o comércio vem realizando várias liquidações para queimar o estoque e fazer caixa”, diz. José Carlos é proprietário da Conserttus, que trabalha com reparação de relógios, joias e óculos. Para ele, a procura tem sido constante e o crescimento é de 10%. “Para pequenos consertos há sempre demanda. E como consumidor, quanto mais se encontra lojas especializadas, mais estímulo para contratar o serviço”, pontua especialista em empreendedorismo Leandro Somma.