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Jovens querem ser donos do próprio nariz

Jornal Folha de Pernambuco – 01/06 – Raquel Freitas
 
Empresários entre 20 e 30 anos desejam independência financeira cada vez mais cedo
 
De uma conversa, uma idéia. É assim que nascem milhares de negócios todos os meses. Somente no mês de abril deste ano, 1.184 empresas foram abertas em Pernambuco, conforme dados da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). Reflexo de uma nova formatação no mercado de trabalho e para fugir da dependência financeira, os jovens compõem cada vez mais uma fatia maior dessa realidade. Eles passam a sentir a necessidade de ter a própria empresa e de assumir protagonismo à frente dos negócios. Vitrine para a cadeia produtiva, a faixa etária dos 20 aos 30 anos é engrenagem importante para o desenvolvimento econômico, pois passa a investir, empregar e gerar receita.
 
Joyce Cansanção, Flávio e Marcone Vieira, todos com 29 anos, são exemplos de que a geração Y pode transformar ideias em negócios rentáveis. Na gestão, há seis anos, da Go! Temakeria, Joyce contou que a concepção do projeto nasceu de uma conversa informal entre os amigos. Recém-formada em administração na época, a empresária lembrou que o trio analisou os riscos, o nicho de mercado e a responsabilidade de implantar o ‘novo’ no Recife. Inicialmente, a ideia era aplicar o investimento em uma franquia do segmento algo que, segundo especialistas, ofereceria mais segurança para quem é principiante. Pensaram melhor e resolveram eles mesmos emplacarem a novidade: a primeira temakeria do Estado. O público respondeu. Atualmente, o grupo possui 10 unidades entre próprias e franquias. Sem revelar o aporte inicial para a primeira unidade da Temakeria, em 2008, a empresária contou que o investimento para quem quiser investir na franquia varia entre R$ 180 mil e R$260 mil.
 
Estudos recentes da Associação Brasileira de Franchising (ABF) reafirmam que o ramo de alimentação é realmente uma febre entre os empresários do segmento, principalmente entre os jovens. De acordo com a ABF, no ano passado, o setor de alimentação registrou um faturamento de R$ 23,9 bilhões.
 
De olho nessa tendência de consumo, a jovem empresária Camila Moraes, 24 anos, fez o caminho inverso ao de Joyce. Com um comportamento mais conservador, ela mirou para algo certeiro. “Me sentia inexperiente para começar do zero, então busquei na franquia a segurança para o meu início. Mesmo com pouca idade, sabemos que o arriscar deve ser cauteloso”, analisou. Para realizar o sonho de ter o próprio negócio e se desprender da primeira experiência profissional na empresa da sua família, Camila desembolsou R$ 300 mil. Com 30 dias de operação, a produtora de doces americanos, a Brou’ne, já vendeu 3,5 mil cápsulas de café. A meta, estabelecida pela rede, era de que o quiosque vendesse, no primeiro mês, mil cápsulas.
 
O fato de o negócio dar certo, não quer dizer que o caminho tenha sido fácil. Pelo contrário, a burocracia, o difícil acesso ao crédito e os entraves fiscais são algumas das dificuldades que freiam o investimento dos jovens. Sem capital para o projeto, o empresário e designer Perseu Bastos, 23 anos, precisou submeter sua idéia a patrocínio para que ela se tornasse realidade. Desenvolvendo plataformas de jogos para acompanhamento e avaliação cognitiva, ele e mais dois amigos (Lucas Alencar, 23 anos, e Pedro Queiroz, 22) tocam o sonho empresarial com o financiamento da Startup Brazil. Acelerados pela Outsource Brazil, a equipe recebe R$ 200 mil para manter a infraestrutura. Ainda assim os custos se sobressaem. Para complementar a renda, o grupo administra outra empresa de jogos e aplicativos.