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Infraestrutura em alta atrai redes estrangeiras

Jornal DCI – 05/06 – Flávia Milhassi
 
Perspectiva da associação que representa setor de franquias é que 30 marcas cheguem ao Brasil
 
Com a ampliação e melhoria dos aeroportos no País, as concessionárias procuraram, diretamente, empresários estrangeiros para negócios por aqui.
 
A melhoria na infraestrutura brasileira, em especial nos aeroportos, tem facilitado a inserção de marcas estrangeiras no mercado brasileiro de Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), hoje 205 marcas internacionais operam no País e, até o final deste ano, a expectativa é que outros 30 invistam em solo nacional.
 
“Assim que os aeroportos começaram as obras de ampliação, a própria administração desses espaços procurou diretamente as marcas estrangeiras a oferecer espaços”, explicou o diretor executivo da entidade Ricardo Camargo. Ainda segundo Camargo, redes como a Red Lobster e Johnny Rockets são exemplos de marcas que iniciam operações em solo brasileiro. A primeira escolheu o Aeroporto Governador André Franco Montoro (Guarulhos) e a segunda o ShoppingTietê Plaza.
 
A representatividade dos players internacionais é tamanha no setor de franquias brasileiro, que ao analisar apenas os resultados do McDonald’s, pode-se dizer que ao menos 10% do faturamento do País é oriundo de marcas internacionais. Somando outras redes, esse montante pode até triplicar.
 
Na opinião da presidente da ABF, Cristina Franco, os investidores internacionais olham o cenário macroeconômico brasileiro e não se prendem às especulações de que o Brasil pode entrar em crise. “Sim, temos uma economia com crescimento sereno, mas esses empresários olham a conjuntura econômica brasileira após o biênio (2014 e 2015). O Brasil está na moda, assim como é tendência para os próximos anos”, enfatizou ela.
 
A opinião é compartilhada pelo diretor-presidente da consultoria Global Franchise, Paulo César Mauro. “Essas marcas nem cogitam não estar no Brasil. Aqui é um mercado com enorme potencial, com 200 milhões de habitantes”. Na Global, 50 marcas, em sua grande maioria dos Estados Unidos, são assessoradas para a implementação de projetos no Brasil. Entre elas há destaque para a Sears, varejo de eletrodomésticos, a de material de construção Mr. Bricolage, a de serviços Regai Nails (manicure), a de alimentação Little Caesars, o restaurante português Casa do Galo e a 7 Ca- micie de moda.
 
“Quando essas marcas encontram dificuldades como o preço da importação ou exportação de produtos, elas procuram soluções para não deixar de investir no Brasil”, explicou Mauro. A italiana 7Camicie, por exemplo, ao invés de produzir roupas e acessórios na Itália passou a produzir na Colômbia, logo a importação dos produtos sai mais barata.
 
O diretor-presidente da Global Franchising enfatizou também que essas empresas investem de US$ 500 mil a US$ 20 milhões em novos mercados. “O maior investimento virá de quem comprar as franquias”, argumentou.
 
Com investimento de 60 mil euros, o português Paulo Alexandre trouxe ao mercado brasileiro a Arranjos Express. Com um conceito diferente de franquias de reparos para roupas, a Arranjos investiu no Brasil para fugir da crise, que atingia a Europa desde 2008, conforme apontou o executivo. “Começamos a prospectar mercados como o de Angola, Rússia e Brasil nessa época. O País mostrou-se oportuno por diversas frentes de avaliação: as suas dimensões, a língua, os hábitos e a aceitação do segmento”. O projeto começa a se estruturar, tanto que estão em operação no País 20 unidades e a perspectiva é que outras seis unidades sejam inauguradas até o final do ano. “Este ano pretendemos faturar R$ 6 milhões, ou seja, 50% a mais do que conseguimos em 2013”, diz Alexandre, lembrando que o custo de investimento (de R$ 97 mil a R$ 170 mil) é um diferencial da empresa. “Pretendemos chegar a Goiânia, Curitiba e Fortaleza”.
 
Quem também especula o mercado brasileiro desde o ano passado é a marca francesa de artigos esportivos Le Coq Sportif. Após um processo de restruturação da marca na França, que envolveu até a troca de presidente, a rede Le Coq Sportif mira agora o solo tupiniquim. A marca abriu a sua primeira unidade em abril deste ano, e agora em junho começa a atuar pelo sistema de franquias. Para não encarecer os produtos, a marca tem fabricação nacional de suas roupas, sendo importados apenas os calçados e acessórios de seu país sede e de Portugal.
 
Quem também chegou ao Brasil foi a franquia imobiliária Coldweel Banker, participando pela primeira vez da ABF Expo que acontece até o próximo sábado em São Paulo. Para se instalar aqui, a empresa norte-americana investiu R$ 17 milhões. Hoje, ela atua com uma unidade própria e 21 franquias. Até o final do ano, a rede pretende termais 60 lojas no País.
 
O professor do Curso de Administração da Universidade Newton Paiva, de Belo Horizonte (MG), Wilson Costa, argumentou que além das marcas que chegaram ao Brasil como franquias, existem diversos outros internacionais que começaram no País com lojas próprias e, com o passar dos anos, entraram para o segmento comprovando o potencial desse nicho de mercado. “Algumas grifes internacionais que já atuavam no Brasil como é o caso de Adidas, Calvin Klein, Samsung e Tommy Hilfiger estão optando agora pelo modelo do franchising. Acredita-se que essa decisão pode estar alinhada na redução de riscos e velocidade de expansão”, disse Paulo Cesar Mauro. Na opinião de Costa, o segmento que recebe o maior número de operações é o de alimentação, mas serviços como cuidados pessoais também ganham destaque aos olhos dos estrangeiros. “A maior parte das redes estrangeiras que chegaram ao País estão nos setores de alimentação como a Great American Cookies e Pretzelmaker Pretzel Time e de vestuário e beleza, como a De sigual e a GAP”.
 
O professor, quando questionado se com a vinda de estrangeiros o setor se tornaria mais profissionalizado, disse que a probabilidade é muito pequena, uma vez as redes nacionais são competitivas e já têm um bom nível de gestão de negócios. “Mas é certo que trarão novos diferenciais competitivos, principalmente os relacionados à inovação dos produtos e serviços e maior eficiência logística.”
 
Nomes nacionais também buscam outros mercados
 
Atualmente, um número significativo de franquias genuinamente brasileiras têm procurado outros mercados para aumentar a atuação. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), hoje das mais de 2.703 marcas associadas à entidade, 121 (nacionais) já operam em outros países.
 
O diretor-executivo da ABF, Ricardo Camargo, afirmou que esse é um número pequeno, já que representa apenas 8% das redes em outros países. “Isso tem que ser melhorado. Por isso, mais uma vez, fechamos parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para nos ajudar nesse processo”, disse ele.
 
Com relação aos negócios no mercado interno, a perspectiva é de crescimento menor este ano, 10% frente aos 11,9% obtidos em 2013, mas Camargo mostrou otimismo. “Sabemos que a Copa do Mundo dificultará as vendas das franquias dentro dos shoppings, mas marcas como Havaianas vão se beneficiar com o evento esportivo. Precisamos esperar o mês de julho acabar para identificar o efeito Copa para o setor”, declarou.
 
Sobre empresas como o Carrefour presentes na feira, ele comentou que as galerias das lojas devem atrair mais franquias. “As franquias estão ocupando espaço significativo nos supermercados”, finalizou.