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Franquias no rumo da consolidação

Diário do Comércio – Karina Lignelli – 05/12
No cenário que se desenha, há a expectativa da chegada de 30 a 40 marcas estrangeiras e uma onda de fusões e aquisições, já em curso. Em mesmo com “um PIB ralinho”, o setor de franchising perde a pujança. À opinião, do especialista em varejo Adir Ribeiro, pode ser confirmada pelos números. Pelas previsões da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor deve fechar 2013 com faturamento na casa dos R$ 117 bilhões, 14% a mais que em 2012. Para 2014, a projeção é de crescimento na ordem de 13%, com incremento de 9% em inaugurações, e 8% em novas marcas o que deixa o Brasil em terceiro lugar nesse quesito, de acordo com o ranking mundial do World Franchising Council.
As movimentações do mercado dão uma pista das tendências de consolidação do sistema, cujo pano de fundo é a expectativa de chegada de 30 a 40 marcas estrangeiras por aqui segundo a ABF, e também pelas fusões e aquisições. Exemplo disso é a compra do Grupo Multi, uma das maiores redes de idiomas do País (dono das bandeiras Wizard, Yázigi e Skill) por quase R$ 2 bilhões pelo grupo britânico Pearson.
“O setor tem se mostrado de muita atratividade para grandes grupos e fundos de investimento, e eles têm entrado no modelo de expansão dessa indústria para dobrar o tamanho do seu próprio negócio”, explica Gustavo Schifino, vice presidente da ABF, que menciona a compra de parte das operações da rede Outback no Brasil por um grupo americano para “melhorar seus balanços.”
Essa tendência deve continuar em 2014, segundo o executivo. “Apesar da perspectiva menor que a projetada inicialmente para o crescimento do faturamento do setor (no início do ano, era de 16%), uma alta anual que fique na casa de 9% ou 10% é muito atrativa para conglomerados e multinacionais, que procuram franqueadores que tenham redes de atuação nacional e faturamento a partir de R$ 100 milhões”. Já Adir Ribeiro, que também é sócio-fundador da Praxis Business, afirma que o franchising vive um “momento propício” para esse movimento, e a compra do Multi comprova que os grupos estrangeiros enxergam o Brasil no longo prazo. “Não é uma projeção de cinco anos, mas de décadas à frente, sempre olhando o aumento do potencial do consumidor e as franqueadoras que estão tomando corpo, que estão em condições de serem adquiridas”, explica. Ele menciona outro fator, que é o potencial do mercado brasileiro de franchising.
Segundo ele, estimativas da IFA (Federação Internacional de Franchising, na sigla em inglês) apontam que nos EUA há 3,5 mil marcas franqueadas e quase 900 mil unidades, já no Brasil, há 2,5 mil marcas, com 100 mil unidades ativas.
“Em dez, 15 anos, a consolidação desse mercado acontecerá por meio dessas fusões e aquisições, que vão tornar as franqueadoras mais robustas para atuar de maneira efetiva inclusive para ir para o mercado internacional”, sinaliza Ribeiro, mencionando redes como a Imaginarium e a Chilli Beans, que receberam aporte de fundos de investimento, a compra das redes de idiomas Wise e Red Balloon.e o CNA, a segunda maior rede depois do Grupo Multi, que acaba de anunciar projeto de abertura do capital.
Além dos investidores estrangeiros, redes nacionais engrossam as fileiras dessa tendência para aumentar sua participação no mercado. Exemplo disso são as marcas Suco Bagaço, da SB Franqueadora, que em 2012 comprou a rede Roasted Potato, e da WT, do mesmo grupo que atua no segmento de vestuário e adquiriu da rede World Tennis, a Tennis One e a Thejeans Boutique, segundo Marina  Mascimbem Bechtejew Richter, sócia do escritório KBM Advogados, especializado em franquias e varejo.
“Um dos fatores que levam uma rede a adquirir outras é a solidez o que explica essa tendência. É uma questão de abrir o leque, aumentar a presença com o número de lojas, elevar o poder de negociação junto aos fornecedores, dar mais possibilidades ao franqueado, diversificar para atender o público consumidor. É interessante para todos. Mas é importante fazer um estudo prévio da situação da marca, além de verificar se o contrato não veda esse tipo de alteração no negócio antes de partir para operações do tipo”, recomenda Marina.
Mesmo com projeção de alta para 2014, o ritmo de abertura de lojas será mais lento, segundo a ABF, devido à postergação da inauguração de nove shoppings centers o que deve ser compensado pelo crescimento de lojas de rua puxadas pela interiorização das marcas, e pelos strip centers (faixa de lojas diversificadas com amplo estacionamento na frente). Já as microfranquias, que em anos anteriores protagonizaram uma explosão de crescimento que puxou a alta do setor, não terão mais tanto espaço por estarem em fase de estruturação das redes.
“O crescimento será mais modesto, embora tenha o fator Copa do Mundo, pela frustração dos shoppings que não foram inaugurados e acabaram retraindo a expansão do setor”, afirma Gustavo Schifino, da ABF. “Mesmo assim, conseguimos crescer, três, quatro vezes mais que o PIB, por isso o franchising continua a ser ‘a China do Brasil’ quando se fala em crescimento”.