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Franquias: mais enxutas, operações de quiosques crescem no País

Portal iG – Marília Almeida –18/10/2013
 
Os quiosques vêm chamando a atenção de empreendedores por serem uma operação de menor custo e aproveitarem um momento propício para as compras convencionais e por impulso no País, com o aumento de renda da população.
 
Eles estão entre os modelos que vêm sendo monitorados pela associação do setor de franquias em um período de custos maiores para as redes. É por meio do formato que as redes encontram mais espaço para crescer e até um modelo inicial para desenvolverem o negócio.
 
De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), 16,50% do total de quiosques no País estão concentrados no Estado de São Paulo, mercado que registra os aluguéis mais caros. O território paulista é seguido pelo Rio de Janeiro, com 6,90% do total de unidades; Curitiba tem 2,60%, e Belo Horizonte, 2,50%. 
 
Em relação ao total de unidades das franquias, contudo, os quiosques ainda são uma porção pequena. As redes que possuem lojas e complementam a operação com eles faturaram R$ 2,67 bilhões em 2012, ou seja, 2,6% do total do setor de franquias. Eles são 11,50% do número de redes e 5,3% do total de unidades.
 
Já as redes que têm apenas quiosques faturaram R$ 103 milhões no ano passado, pois correspondem a apenas 1,20% do total das redes e 0,4% do total de unidades de franquias, sejam lojas ou quiosques.
 
Somente a partir do ano que vem será possível verificar se a participação do modelo cresce nas redes. Mas a tendência é de que isso aconteça, aponta o diretor de inteligência de mercado da ABF, Rogério Feijó. 
 
As franquias O Boticário são um exemplo. Neste ano, já foram inaugurados 16 quiosques, 17% do total de pontos de vendas. De 2011 para 2013, foram 54 novas unidades.
 
A rede investe no formato mirando uma vantagem em relação às lojas tradicionais: a localização. “Como demanda um espaço menor, é possível instalá-lo em um local de boa visualização e maior tráfego”, conta Osvaldo Moscon, diretor de desenvolvimento de canais e franchising da marca.

O quiosque também é uma oportunidade da marca entrar em cidade de pequeno porte, que não tem potencial de consumo para receber uma loja.

Hoje, 76% dos quiosques de O Boticário estão presentes em hipermercados, 14% em shoppings, 6% em galerias e 4% em aeroporto, terminais e outras localidades.


Líderes
 
Entre as maiores operações de quiosques, tanto em termos de faturamento como de número de unidades, estão as redes de fast food Mc Donald´s e Bob´s, seguidas por Boticário e Ambev, com seu Quiosque Chopp Brahma, e Chilli Beans. Na lista, figuram também duas redes que têm somente quiosques: Nutty Bavarian e Touch Watches; e outra grande marca, a Havaianas.

O gerente nacional de franquias da Ambev, Raphael Rizzo, prevê encerrar o ano com 290 unidades de quiosques, a maioria dentro de shoppings. Ele conta que a operação cresce com o setor de shoppings no País. “Pegamos a onda. Essa ocasião de consumo tornou-se atrativa para os empreendimentos, fora as lojas para compras”. 

O risco baixo da operação, diz, chama a atenção de quem investe. “Estamos 50% acima da meta para este ano. É uma operação padronizada, ao contrário de um bar, que pode ter muitas variantes”.

Para impulsionar a performance, a empresa costuma facilitar a abertura de quiosques para o empreendedor que tem um bom desempenho, além de aprimorar o formato do mobiliário de tempos em tempos.


Rizzo aponta que nos últimos dois anos, a Ambev também aposta em promoções voltadas para quiosques. “Temos incentivos para dias de consumo baixo e também oferecemos brindes para quem consumir determinada quantidade de chopps.”

Em locais onde há dificuldades para a colocação de quiosques, a empresa tem um modelo que se assemelha às lojas. Em cidades sem centros comerciais, no interior dos Estados, existe um modelo de rua. 

Crescimento 
 
Fundada em 2009, a Touch Watches chama a atenção ao já figurar como uma das maiores operações de quiosques, tanto em faturamento como em número de unidades.

A marca, que não cobra royalties, optou pelo formato de quiosque para atender empreendedores em busca do primeiro negócio e porque o formato tem um investimento menor que uma loja, permitindo um “teste” menos arriscado do mercado.

Com a consolidação, 25% da rede já é de lojas operadas por franqueados que começaram com quiosques, conta o diretor de varejo e sócio-fundador da empresa, Marcelo Amado. Mas os quiosques crescem mais, conta ele.

Desde o início da operação, já esperando um crescimento maior, o quiosque da franquia foi desenhado de antemão para o aumento do mix de produtos que a marca teve com óculos de sol.

Somente nos corredores

Marcas que têm apenas operação de quiosques, como a Nutty Bavarian, são também negócios que podem não suportar os custos de uma loja, com a vantagem de estar em locais de grande visibilidade e com alto tráfego nos shoppings centers.

Daniel Miglorancia, CEO da Nutty Bavarian, diz já ter pensado em ampliar o negócio para lojas, mas o custo do investimento não compensou.

Mesmo com uma estrutura enxuta, a Nutty tem sofrido com o aumento de custos da matéria-prima e mão de obra no País. Resolveu então criar quiosques segmentados e maiores, que vendem produtos
com maior valor agregado, para tornar a operação rentável.

“Criamos produtos para os consumidores presentearem e levarem para casa. Também orientamos franqueados a oferecerem a opção de encomendas para eventos”, diz o executivo.

A rede vem tendo maior demanda de franqueados no último ano. Porém, tem dificuldades de encontrar pontos adequados. “Muitos lançamentos de shopping em cidades do interior não comportam nossa operação pelo nível de renda”, conta Miglorancia. O objetivo da Nutty Bavarian é terminar o ano com 100 pontos.

Restrições
 
O crescimento dos quiosques só não é maior porque os shoppings, segundo Feijó, ainda são resistentes em ampliar os locais onde é possível instalar quiosques. “Mas a demanda do mercado, principalmente com a criação de quiosques com produtos de maior valor agregado, vai fazer com que alguns revejam estas regras”, conclui.

Um exemplo é o grupo AD Shopping, que administra 28 centros comerciais no País, entre eles o Shopping Metrô Tatuapé, em São Paulo. Nos últimos cinco anos, a proporção de quiosques nos empreendimentos passou de 7% a 8%, em média, para 10% a 15%.

Robson Santos, diretor executivo da AD Shopping, indica que os quiosques são cada vez mais vistos como complementares ao mix de lojas. “São produtos como acessórios e equipamentos de informática ou serviços, como esteticista e massagistas”.