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Franqueados investem em ações próprias

Guilherme Daroit – Jornal do Comercio (RS) – 14/10 
 
Para quem vê de fora, franquias não são exatamente estabelecimentos muito propícios à inovação individual dos franqueados. Mas, em uma gama tão grande de empresas e tão distintas entre si, nem sempre essa impressão corresponde à realidade. Empresários que apostaram em ações e experiências próprias em suas franquias atingiram bons resultados e, em alguns casos, até tiveram suas novidades adotadas depois por toda a rede de franqueados.
 
Um dos casos mais conhecidos no Rio Grande do Sul é o de Henry Chmelnitsky, franqueado da Pizza Hut, que lançou diversos sabores regionais de pizza para o seu negócio, entre elas Romana, Veneza, Gaúcha e a de Brigadeiro, depois transformadas em sabores nacionais e adotadas por todas as franquias brasileiras da rede. A última, aliás, continua sendo, até hoje, uma das cinco mais vendidas nas lojas.
 
“Podemos dizer que temos no nosso DNA a busca por oportunidades que atendam à satisfação do cliente”, destaca o empresário. A afirmação faz ainda mais sentido pois, em seu histórico, Chmelnitsky também conta com o fato de ter sido o primeiro franqueado do McDonald’s no Rio Grande do Sul. Nessa época, foi o responsável também pela implantação de cookies no cardápio do restaurante, além da criação do serviço de tele-entrega na rede, também transformadas mais tarde em serviços de todos as unidades brasileiras.
 
“Desde aquele tempo, já tínhamos com a franquia a relação de buscar a inovação”, afirma Chmelnitsky. “A gente acaba aprimorando o produto, desenvolvendo-o e adequando-o à nossa realidade, e quando ele está mais maduro, passa a ser comercializado nacionalmente”, conta.
 
Para o empresário, algumas franquias podem ser realmente muito fechadas para novas experiências, mas, respeitando os valores e padrões da franqueadora e pedindo autorização prévia, sempre há espaço para novas experiências. 

“Essa abertura para desenvolvimento de produtos está calcada na relação de confiança que você estabelece com a marca”, conta Chmelnitsky. “Se você é um franqueado que põe a marca e seus padrões em primeiro lugar, você tem crédito para buscar essas inovações, mas se você não opera bem, não trata bem seu cliente, tudo fica mais difícil”, afirma.

Há franquias, também, em que a iniciativa pessoal do franqueado é que movimenta o negócio, como a BagNews, empresa que distribui gratuitamente a estabelecimentos sacolas com anúncios estampados.

Criada em 2009, a empresa conta hoje com 29 franquias no País e uma em Sydney, na Austrália. “Decidimos o público-alvo e as estratégias em conjunto, mas são os franqueados que vão prospectar os anunciantes e praticamente patrocinar a confecção das sacolas”, afirma o sócio-fundador da empresa, Osmar Afonso. Segundo o empresário, cada franqueado tem a sua própria história em relação às negociações e preços dos anúncios. Além da sacola, carro-chefe da empresa que se assemelha a uma página de classificados, os franqueados também têm espaço para criarem outros produtos de anunciantes únicos, como sacos de pão e caixas de pizza, por exemplo, a partir de sua própria iniciativa. Nos franqueados que conseguiram implementar essas novidades, o faturamento mensal aumentou em até 30%. 


“Temos um contato bem próximo com os franqueadores, é bem livre para ideias”, conta o franqueado da BagNews em Porto Alegre há cerca de três meses, Mauricio Peixoto. “Principalmente em relação a procedimentos, até quando recebemos o treinamento inicial, era comum nos dizerem que algumas etapas tinham sido sugeridas por algum franqueado”, complementa Peixoto.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Gustavo Schifino, encara como natural a adaptação das franquias às localidades em que estão atuando. “O franchising não é uma caixa hermética em que o franqueado tenha que seguir uma cartilha engessada. Até existem algumas que são assim, mas são absoluta minoria”, afirma. “O que existe é um esqueleto que deve ser respeitado, e a grande maioria permite algum nível de adaptação”, conclui o dirigente, que também é franqueador das lojas Trópico.

Gustavo Schifino conta que, em sua própria rede, os franqueados têm à disposição uma gama muito grande de opções individuais, como qual será o foco da unidade – a Trópico vende artigos de surf, skate e moda -, os modelos de remuneração, e os tipos de publicidade empregada.

“A maior parte dos franqueadores não se opõe a inovações, só exige aprovação prévia para manter a unidade, o que dá bastante mobilidade para o franqueado fazer ações criativas e específicas para a sua comunidade”, afirma o empresário.