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Flórida é porta de entrada para franquias brasileiras nos EUA

G1 – 02/07 – Simone Cunha

Região dos EUA com maior número de brasileiros, de acordo com o Itamaraty, a Flórida é vista como porta de entrada de franquias brasileiras no mercado norte-americano pela associação do setor. O estado tem por volta de 250 mil brasileiros, segundo estimativas conservadoras do ministério das relações exteriores, que não têm característica de censo. Nos EUA, há cerca de 1 milhão de brasileiros, pelos mesmos cálculos.

Os Estados Unidos são o país com maior número de franquias brasileiras (fora, claro, do Brasil), de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), que contabilizou 42 marcas com presença por lá no ano passado e vê a Florida como uma porta de entrada para o país. A Flórida, mais especificamente Miami, é por onde a grande maioria das franqueadoras brasileiras entram nos EUA, diz o diretor internacional da associação, André Friedheim. Segundo ele, o estado do sul dos EUA é visto como um local mais fácil de começar a expansão por conta da comunidade de brasileiros e latinos que vive lá, além de ser destino comum para quem visita os EUA. A região é também a mais próxima do Brasil.

“Se você pegar as duas últimas redes que aportaram nos EUA, Giraffas e Vivenda do Camarão, as duas entraram pela Flórida”, diz Friedheim, se referindo às franquias associadas.

Pelo menos cinco redes têm projetos de expansão para o estado norte-americano, quatro delas por meio da consultoria Global Frachising: DNA Natural, especializada em comida saudável; Açay, de bebidas e alimentos energéticos; Pão to go, rede de padarias drive-thru; Multifranquia, dona da Emagrecentro, Miss Hollywood e Walking Party; e Spoleto.

Propaganda brasileira

De acordo com o diretor internacional da Global, Wagner Almeida, os brasileiros vivendo lá facilitam a entrada das marcas porque as divulgam primeiro entre os hispânicos e depois entre os americanos. “A economia também está mais dinâmica e lá ninguém põe o patrão ‘no pau’”, diz Almeida.

A comunidade brasileira foi um dos pontos que levou a DNA Natural a optar por abrir um escritório na Flórida para guiar a expansão internacional, que deve incluir unidades em Miami. “Tem bastante a ver com o nosso público aqui no Brasil e tem uma comunidade grande de brasileiros por lá, o que ajuda a entrar em um mercado internacional, em que é preciso fazer toda uma adaptação de marca. A gente acha que é mais fácil”, diz a diretora da rede, Débora Gallina. Segundo ela, a DNA foi procurada por brasileiros que moram nos EUA interessados em abrir uma franquia e a partir daí começaram o trabalho de preparação da marca e dos produtos: o cardápio terá de ser adaptado às frutas e saladas da região.

Foi também a procura de interessados que fez a Açay negociar a abertura de uma franquia em Orlando e outra em Miami. A marca é o varejo da indústria de açaí Petrus Fruity, com 28 anos de mercado e que exporta cerca de 50% da fruta que produz para os EUA. A internacionalização, no entanto, havia começado por Angola e Portugal, onde já há unidades abertas e vai continuar pela Coreia do Sul, onde deve ser aberta uma loja em agosto.

O Spoleto, que tem 325 lojas no Brasil, no México e em Porto Rico, tem unidades negociadas na Flórida. “Acreditamos que a abertura de lojas nas áreas residenciais de Orlando vai expor a marca a uma diversificada base de clientes que representam o país inteiro”, diz o vice-presidente do grupo Trigo, Eduardo Ourivio.

Americanizar

Ainda que sejam os brasileiros o foco principal, Almeida orienta que as redes flexibilizem 30% do cardápio e adaptem os serviços para entrar no novo mercado. “O desafio é que as marcas não são conhecidas, diferente das americanas que vêm para cá”, diz.

O diretor da ABF concorda: “É a mesma coisa que a gente diz às estrangeiras, que têm de se tropicalizar quando vêm”.

A Giraffas entrou no mercado norte-americano em 2011 por Miami e hoje tem quatro lojas próprias ali e outra em Orlando. Com o cardápio adaptado para não bater de frente com as grandes redes de fast food locais, a rede planeja abrir no ano que vem a primeira franquia por lá. “Optamos por um mercado que tivesse grande porcentagem de consumidores latinos: o estado da Flórida. É que internacionalizar agrega faturamento e imagem positiva para a marca, são crescimentos diferentes e complementares”, diz o presidente da rede nos EUA, João Barbosa.

A Vivenda do Camarão abriu duas unidades nos EUA no fim do ano passado usando nome em inglês: Shrimp House. A ideia é investir em restaurantes com sócios locais nos próximos anos e a partir de 2016 começar a operar por meio de franquias

Vendendo pão francês no Brasil, a franquia de padarias Pão to go vai ter pão de fatia para entrar no mercado dos EUA, onde está abrindo quatro unidades em Miami e Orlando. “Se por um lado o modelo drive-thru facilita a entrada por ser bem conhecido por lá, os pães preferidos são industrializados por isso vai ter de haver adaptação no cardápio”, diz o fundador Tom Ricetti.

No mercado de serviços, o Grupo Multifranquias vai mudar o nome de sua rede de salões de beleza de Miss Hollywood para Miss Brasil por ver nosso país como propaganda pronta na área de estética. “Vamos começar por Miami para focar primeiro no público latino-americano, que é muito preocupado com beleza e estética”, diz o diretor do grupo Edson Ramuth.

Depois de abrir lojas na Colômbia, eles estão montando escritório em Miami para expandir as marcas de “ônibus-balada” Walking Party, a de salões de beleza Miss Hollywood e a de clínicas de estética Emagrecentro.

Brasil pequeno

Em defesa da internacionalização, Almeida diz que o Brasil está ficando pequeno para as grandes redes, que buscam entrar em cidades com mais de 500 mil habitantes. Para ele, o requisito para abrir unidades fora é estar consolidado, o que traduz como ter pelo menos três anos de rede no Brasil e mais de 50 lojas. Confiante na ida de franquias brasileiras para a Flórida, o consultor também se mudou definitivamente para Miami.