Início Notícias Capacitação fortalece as franquias de baixo custo

Capacitação fortalece as franquias de baixo custo

Jornal DCI – 12/03 – Flavia Milhassi 
As microfranquias, operações de baixo investimento inicial-até R$ 80 mil ganharam destaque no Brasil no último ano. Contudo, com elas surgiram também problemas com a falta de capacitação e a taxa de mortalidade dessas operações atingiu, ano passado, 3,1%, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Tanto as operações “em casa” (home based), quanto as com lojas físicas sofrem a falta de mão de obra qualificada, e até mesmo com a desistência do próprio empreendedor, conforme explicou o diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo. “Por vezes, o empresário compra uma franquia de ‘papel'(sem suporte do franqueador), e isso ajuda a ampliar a taxa de mortalidade do setor.” O executivo referiu-se à falta de experiência do franqueado e também a falta de uma assessoria especializada no segmento na hora da compra da operação.
Camargo usou como exemplo o caso das empresas prestadoras de serviços domiciliares Pra que Marido, Dr. Resolve, entre outras. “Quem compra uma microfranquia de consertos sofre com a inexperiência na contratação do profissional. Primeiro, eles não sabem onde encontrar um marceneiro ou um encanador. Já vi microfranquias fechando justamente por falta de funcionários.”
Para que esse tipo de problema pare de barrar o crescimento dessas operações de baixo custo, Camargo e o diretor de microfranquias da entidade, Edson Ramuth, afirmaram que a ABF disponibiliza canais de empreendedorismo para atender a demanda. “Sempre sugerimos aos franqueados que procurem profissionais para atuar como cuidadores e na manutenção de residências em locais especializados, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)”.
Outro ponto ressaltado pelos especialistas no setor foi a contratação de uma empresa especializada em recrutamento profissional. “Esses empresários têm que entender que mesmo com o baixo investimento, a sua estrutura tem de ser igual à de uma franquia convencional”, enfatizou Ramuth. Mesmo com os empecilhos mencionados, esse nicho dentro do ranking desempenhou um papel significante. No ano passado, só esse mercado cresceu 29% no número de unidades ao alcançar 17.197pontos de vendas. O faturamento também apresentou incremento: 31%, sendo responsável por 5,1% da receita total do setor de franquias com ganhos de R$ 5,9 bilhões no período.
Para melhorar o desempenho desses empresários e reduzir o fechamento de operações, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a ABF passou a ajudar esses empreendedores: indicam onde e como conseguir crédito com juros mais baixos apoio que tem crescido entre as microfranquias assim como os direitos previstos em lei (8955 / 94) do franqueador e do franqueado.
Quiosques
Uma forma de fugir dos altos preços dos alugueis ministrados em shopping centers fez surgir outro nicho em potencial: o de quiosques. Empreendimentos de São Paulo têm recebido um número maior de negócios, como os quiosques da rede Fantasia, que comercializa produtos da Disney. Maquiagens e produtos de beleza também se destacam. A Contém 1G, por exemplo, tem atualmente 109 lojas em operação, sendo 63 quiosques. Para este ano, a rede espera ter outros 60 pontos de vendas divididos entre lojas e quiosques. Outra rede, a au Brésil, da marca francesa de cosméticos EOccitane, também optou pelos quiosques instalados em shoppings para ampliar a presença da marca, lançada há um ano, aproximadamente. Hoje são 20 franquias localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe e também Goiás.
As operações de alimentação são outras que ganham destaque nesse nicho. Só a rede de fast-food Bob’s conseguiu superar a abertura de unidades do McDonald´s no ano passado, ao contabilizar em sua análise anual os quiosquesdesorvetesabertosem2013. Ricardo Camargo, da ABF, explicou que o setor de alimentação chegará a outro patamar com a ajuda dos quiosques. “Teremos novas marcas em operação esse ano no setor de fast-food. Mas não é só isso, o setor está em constante transformação, tanto que temos hoje o conceito de alimentação móvel com as food trucks”, ressaltou o diretor.
Balanço
Em 2013, o setor de franquias como um todo cresceu 11,9% e apresentou o faturamento médio de R$ 115 bilhões na comparação com 2012. Atualmente, operam no Brasil2.703 redes de franquias (marcas), que juntas somam 114.409 entre próprias e franqueadas. O número representa alta de 9,4% na comparação com 2012.
Entre as marcas que investiram no setor em 2013 estão nomes como Malwee, Le Coq Sportif, Santos na Área e Academia Store, de vestuário. No segmento de alimentação, os novos players foram: Stuppendo, Pão to Go (padaria drive thru)), Kappa Gourmet e Açaí Raiz.
O franchising contribuiu também nos últimos anos com a criação de mais de 88 mil novos postos de trabalho, totalizando assim 1.029.681 empregos diretos e formais um crescimento de 9,4% em relação a 2012. Das marcas em operação no País, 92,4% são redes nacionais, sendo que deste total 121 estão fora do Brasil. Entre as marcas brasileiras no exterior há também destaque para Container Concept, Fabrizio Giannone e a Yogoberry.
Ainda segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), cuja presidente é Cristina Franco, o Sudeste é a região com maior concentração de unidades com 58,7% de mercado (market share). O restante fica dividido em Sul com 14,5%; Nordeste 14,5%; Centro-Oeste 8% e Norte com 4,3%. Para Camargo, “essa concentração confirma o potencial de crescimento que as demais regiões ainda têm para a criação de marca ou expansão.” Para o cenário deste ano, a entidade estima crescimento de 10% no faturamento no franchising.