Diário do Comércio – Nádia de Assis – 18/11
O mercado de franquias no Brasil não para de crescer. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), a expansão registrada neste ano deve variar entre 5,5% e 7% em relação a 2013, quando o faturamento foi de R$ 115 bilhões. Entretanto, estudo divulgado pela Teamvision, consultoria de Gestão e Franchising, aponta que cada rede inaugura anualmente 3,65 unidades. A média pode ser considerada baixa, conforme avaliação do sócio-diretor da empresa no Brasil, Rodrigo Ramos.
De acordo com o especialista, o índice evidencia a dificuldade que várias empresas têm para levar os seus negócios para outras cidades do país e também para o exterior. Ele informa que aproximadamente 50% das unidades franqueadas estão situadas no eixo São Paulo e Rio de Janeiro e que Minas Gerais, terceiro maior Produto Interno Bruto do país (PIB), concentra somente 8% delas.
Ramos ressalta que este cenário impõe um grande desafio às marcas brasileiras, independentemente do segmento no qual elas atuam. “Elas precisam criar um conceito de franchising que possibilite a implantação das franquias em outros países e em cidades do interior”, frisa. Dessa maneira, as companhias serão capazes de reduzir a dependência do mercado interno, além de explorar o potencial de consumo em ascensão dos municípios menores.
Marcas – A quantidade de marcas de franquia no Brasil surpreende, na visão do especialista. O número de empresas – 2,7 mil – supera o dos Estados Unidos, nação pioneira no mercado de franchising. Porém, a quantidade de unidades em funcionamento – 114,4 mil – é sete vezes inferior à do país norte-americano. Como exemplo, ele compara as redes Subway e O Boticário, duas grandes franqueadoras sediadas nos Estados Unidos e no Brasil, respectivamente. “Existem cerca de 30 mil unidades do Subway contra apenas três mil do O Boticário”, menciona.
Ele frisa que, caso as marcas nacionais não tracem um plano de expansão internacional para os próximos anos, elas podem perder espaço também dentro do Brasil, uma vez que o país recebe um número cada vez maior de marcas globalmente conhecidas, o que contribui para acirrar a competição. Ramos observa que, a princípio, uma alternativa interessante seriam os países de língua portuguesa, onde a influência brasileira pode ser considerada forte. Entre eles estão nações africanas como Angola e Moçambique.
O planejamento é considerado especialmente essencial, caso a empresa decida apostar na expansão internacional. Em um primeiro momento, é preciso definir a melhor forma de entrar no país. Posteriormente, é necessário investir em uma estrutura capaz de garantir a expansão da marca naquela localidade. Finalmente, é preciso direcionar investimentos para ações de marketing e também para a participação em feiras específicas do setor.
Interiorização – O especialista salienta a importância das franqueadoras tentarem interiorizar os seus negócios, o que pode ser feito por meio do desenvolvimento de novos formatos de investimento. Entre as opções estão as microfranquias, que exigem aporte de até R$ 80 mil. Elas incluem as franquias em quiosques, muitas vezes mais viáveis em relação às lojas físicas. Para Ramos, Minas Gerais é um Estado que pode ser especialmente beneficiado por esse modelo, em função da elevada quantidade de municípios que registram índices acelerados de desenvolvimento socioeconômico.