A evolução das ferramentas de Web Design no modelo SaaS

Especial Publicitário

por: Marcelo Simonka em 15 de julho de 2014

Faço parte da primeira geração de Web Designers que começaram a atuar comercialmente no Brasil e lembro quando, entusiasmados, recebemos a notícia de que o formato de imagem JPEG estava liberado para ser utilizado em nossos projetos. Tudo isso porque o navegador mais atual, o Mosaic, passaria a dar suporte para esse tipo de imagem em sua próxima versão. Era 1995 e utilizar o formato JPEG na nova versão do Mosaic te colocava na vanguarda do Web Design. Engatinhávamos orgulhosos de nossos passos rumo à modernidade, no entanto mesmo o mais visionário dos Web Designers de minha geração não conseguiu prever onde o web design chegaria quando tangenciasse o conceito de computação em nuvem e seus modelos de SaaS – Software as a Service.

Tradicionalmente, um Web Designer necessitava de um computador potente, uma suíte de programas gráficos e, eventualmente, um bom editor HTML, pelo menos para projetos mais simples, além obviamente de seu conhecimento e talento na área. E aí começavam as dores de cabeça: a cada versão lançada de um bom software gráfico havia a necessidade de upgrade das capacidades do computador para executá-lo. Para complementar, as licenças de uso de softwares estavam cada vez mais caras, o que descambaria inevitavelmente em pirataria. O acesso à internet vinha por último: não precisava ser o mais veloz disponível, desde que permitisse um desempenho aceitável para navegação e transferência de dados via FTP, quando na publicação do site. Em determinado ponto, havia a hoje esquecida briga entre os navegadores mais populares da época: o Nestcape – descendente direto do Mosaic – e o novo Microsoft Internet Explorer. Ou seja, o Web Designer tinha que criar o site de forma que ficasse funcional e bonito nos dois navegadores, tarefa hercúlea e ingrata. O armazenamento de dados e seu compartilhamento eram feitos através de acessos comuns ao FTP ou envio de discos de armazenagem (disquetes, ZIPs ou CDs). Até pouco tempo atrás – não muito, pois embora rica, a história do web design comercial é relativamente curta, 19 anos se contarmos de 1995 até hoje -, com algumas melhorias aqui e ali, essa ainda era basicamente a rotina de um profissional da área.

Foi então que a velocidade de acesso à internet começou a crescer e a baratear mundialmente e os conceitos de software metamorfosearam-se. Eis que as ideias acerca dos modelos computacionais evoluíram para a computação em nuvem, e então muita coisa mudou nessa rotina do Web Designer (pelo menos para aqueles em situações emergenciais ou que preferiram atuar de forma menos ortodoxa):

• Programas gráficos podem ser substituídos eventualmente por versões online (em alguns casos com menos recursos, mas ainda assim bastante abrangentes), onde não há mais necessidade de instalação ou uso de licenças. Com isso, enxergamos a diminuição da pirataria e da necessidade imprescindível de computadores de grande performance, uma vez que o processamento e execução do programa não acontece mais em seu computador, mas na nuvem em que o aplicativo se encontra. Os argumentos acima são, também, todos válidos para editores online de código (HTML ou até mais sofisticados) ou para conversores de formato de imagens. Um exemplo? Conheça o Pixlr.

• Bancos de imagens, colaborativos ou não, estão disponíveis em versões pagas e também gratuitas, minimizando em alguns casos a necessidade de máquinas fotográficas digitais e scanners. Um dos pioneiros é o FreeImages.

• Repositórios na nuvem para armazenagem ou troca de arquivos são uma realidade há alguns anos. Dispensam apresentações nomes como FileShare, Dropbox, Google Docs ou Microsoft One Drive (anteriormente Sky Drive).

• Mesmo a elaboração do projeto, a montagem e andamento de um cronograma e o encaminhamento de alertas e tarefas para todos os envolvidos na construção de um website (Web Desingner, Cliente e terceiros); agora estão online e facilmente acessíveis através de qualquer dispositivo com acesso à internet. Um case interessante de ferramenta desse tipo é o ASANA.

• Diferente de 1995, hoje se tornou necessário testar o site não apenas em vários tipos de navegadores, mas também em várias versões dos mesmos em diferentes sistemas operacionais. Por questões de conservadorismo ou financeiras, não é a totalidade dos usuários que migram seus navegadores e sistemas operacionais para versões mais atualizadas, dificultando a vida do Web Designer quando precisa testar seu layout. Eles encontram um grande conforto através do Browser Stack, serviço que disponibiliza a mudança de browser, versão e sistema operacional com poucos cliques, através de acessos a diferentes máquinas virtuais.

A migração total de um modelo de criação de sites do off-line para o on-line ainda não ocorreu, seja porque os editores disponíveis ainda apresentam poucos recursos, porque o profissional da área ainda não viu vantagens nisso ou porque seu conservadorismo não permite. A própria criação, edição e publicação; hoje podem ser feitas on-line e até mesmo via tablets e celulares, através das inúmeras plataformas de criação de sites que provedores ao redor do mundo disponibilizam a custos ínfimos. Mas é fato que a dependência total a um acesso à internet também dificulta essa passagem, por mais barata e rápida que ela vem se tornando no Brasil.