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Crise abre portas do mercado externo a redes

DCI – 30/06 – Fellipe Aquino

A desaceleração econômica vista em todo o mundo pode impulsionar os negócios de marcas brasileiras que estão querendo partir para a internacionalização. Nessa nova ordem, os investimentos tornaram-se mais acessíveis, ampliando o mercado fora do País para empresas como o Giraffas, Shrimp House e Chalezinho.

Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), os setores que ganham destaque nessas operações são os segmentos de alimentação, de produtos pessoais e de calçados, que juntos chegam a 19% das 121 marcas presentes no exterior.

No mercado norte-americano desde 2011, a rede de fast-food Giraffas vem fazendo sucesso nos Estados Unidos. Com unidades em Miami, Condado de Broward e Orlando, na Flórida, a expectativa da marca é fechar o ano com pelo menos mais quatro unidades, totalizando 14lojas.”O projeto de levar a rede para o exterior é antigo na companhia e faz parte da nossa estratégia de crescimento, mesmo o Brasil tendo grande potencial de investimento”, afirmou o CEO da operação americana do Giraffas, João Barbosa.

De acordo com ele, a escolha pelo país aconteceu devido ao tamanho do mercado e a capacidade de crescimento da marca na região. “Nossa ideia é levar a rede para vários países do mundo. Mirando esse objetivo, os EUA são uma vitrine para todos os outros mercados. Além disso, também tínhamos a questão do aprendizado, já que podemos crescer e melhorar, inclusive, nossa operação no Brasil.” Ainda segundo Barbosa, a crise financeira que atingiu o país em 2008 foi fundamental para que a rede se internacionalizasse.

“No início tivemos muitas dificuldades, principalmente porque a economia americana estava aquecida e os preços dos aluguéis eram caríssimos. Com a desaceleração da economia, os preços diminuíram bastante, ficando muito mais fácil operar”.

Com a perspectiva de incrementar a operação americana em 106% ante 2013 e faturar R$32 milhões, a empresa teve que passar por algumas adaptações, já que a concorrência no mercado é alta. “Tivemos que mudar nosso posicionamento, pois seria impossível brigar com redes como McDonald’s e Burger King, que juntas somam mais de 30 mil lojas no país. Aqui estamos acima da categoria de fast-food, com restaurantes mais sofisticados. Nossos preços, por exemplo, são duas vezes mais caros que o do McDonald’s, porém a qualidade dos pratos também é melhor.”

Apenas com restaurantes próprios, a procura por investidores internacionais que querem abrir uma loja da rede é grande. “Assim que abrimos as quatro primeiras unidades nos EUA, surgiram investidores da Arábia Saudita e Egito interessados no nosso negócio. Porém, primeiro queremos fortalecer a marca no mercado para depois expandir operações, assim como fizemos no Brasil no segmento de franquias.”

Camarão no exterior

Outra companhia que também está investindo no exterior é a Shrimp House, marca do grupo Vivenda do Camarão, que opera no mercado norte-americano desde novembro do ano passado, como conta o sócio diretor da rede, Rodrigo Perri. “Resolvemos investir lá fora, pois tínhamos um modelo de negócio muito forte no País e a economia brasileira começou a crescer menos. Com a crise americana, vimos uma oportunidade de expandir nossa marca já que o mercado lá é forte e tem grande potencial de crescimento”.

Com expectativa de faturar R$ 200 milhões este ano, o grupo que atualmente conta com três lojas na Flórida espera chegar a30 unidades até 2017. “Nossa inserção no mercado americano é fruto de parceria com uma empresa que controla vários shoppings do País. Para tanto, fizemos uma pesquisa que apontou grande dificuldade por parte dos norte-americanos na hora de falar a palavra camarão, por esse motivo decidimos criar a Shrimp House.”

Sem grandes alterações no cardápio, pelo menos três novas unidades devem ser abertas até o final do ano, a custo de US$ 800 mil cada empreendimento. “Mantivemos nosso menu brasileiro, porém, incluímos novos sabores, já que o americano gosta da comida mais apimentada e salgada”. Com operações parecidas, Perri afirma que a principal vantagem de estar nos EUA são os baixos impostos do governo. “O custo de operar no Brasil e em território americano é quase o mesmo valor, isso porque mesmo com a tributação sendo mais baixa, a mão de obra ainda acaba sendo mais alta”, ressaltou.

Com projeções de chegar à América Latina, a companhia tem planos de crescer através do segmento de franquias, assim como acontece no Brasil. “Estamos com conversas iniciais na Colômbia, Paraguai e Portugal, porém antes temos que fortalecer a marca nos EUA. Assim que chegarmos a 35 lojas próprias temos intenção de abrir franquias da marca, assim como acontece com a Vivenda Camarão”. Hoje, 80% do público são compostos exclusivamente por americanos, que gastam em média US$ 10 por refeição.

Chegando ao mercado

No mercado há 35 anos, o restaurante Chalezinho é outro empreendimento que abrirá unidade fora do País. Com investimento de R$2 milhões, o negócio será aberto em Miami e voltado para a classe A, como contou Ricky Marcelline, sócio do grupo. “Sempre tive vontade de investir no mercado americano, gosto muito da organização e forma como eles veem os negócios por lá. É um mercado que tem crescido muito, mais do que o Brasil, que passa por período de incerteza”, disse ele, que completou: “A região da Flórida, por exemplo, teve um incremento de 9,6% em 2013. É um local com muitos turistas, já que muitas pessoas migrando para lá”.

Sem demonstrar preocupações com a concorrência, o empresário contou que tem planos de expandir o negócio nos EUA. “Queremos abrir pelo menos cinco unidades, para tanto tivemos que fazer algumas alterações, já que os americanos gostam de comidas com mais creme. Outro ponto foi a inclusão do queijo cheddar no cardápio”. Com uma unidade em São Paulo, a companhia conta ainda com seis casas noturnas em Belo Horizonte.