O mercado de franquias no Brasil teve um crescimento de 8,8% em sua receita no 3º trimestre ante o mesmo período do ano passado, de acordo com a Pesquisa de Desempenho Trimestral do setor realizada pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. O faturamento passou de R$ 35,699 bilhões para R$ 38,836 bilhões nesse mesmo período. Considerando-se os meses de janeiro a setembro de 2016, o setor registrou um crescimento de 7,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Embora os reflexos da retração do consumidor, do desaquecimento do mercado de trabalho e da menor disponibilidade de crédito continuem a impactar o setor, o franchising tem resistido e está colhendo os frutos do trabalho em rede, que possibilita a franqueadores e franqueados obter ganhos em escala, maior flexibilidade e capacidade de negociação com fornecedores. Vale lembrar os benefícios obtidos pelas redes de franquia ao adotarem medidas quanto a controle de custos, criação de novos formatos e novos mix de produtos, dentre outras. Além disso, os leves sinais de recuperação da economia brasileira, como a previsão de queda da inflação ainda este ano e a retomada do crescimento do PIB, ainda que tímida, já a partir de 2017, favorecem a melhora do ambiente econômico e podem elevar os níveis de confiança dos investidores e dos consumidores.
Para Cristina Franco, presidente da ABF, “pouco a pouco, começamos a observar sinais de melhora no quadro econômico geral, o que se reflete positivamente no franchising. Por ora, o foco na eficiência, a busca por atrair o consumidor e o desenvolvimento de novos mercados e modelos de negócio têm sido estratégias amplamente aplicadas e fundamentais para enfrentar este momento de travessia”.
De acordo com o estudo, o faturamento acumulado do mercado de franquias de outubro de 2015 a setembro de 2016 (12 meses) teve uma elevação de 6,7%:
“Fizemos a lição de casa do ponto de vista do primeiro semestre, que ficou dentro do esperado para o setor, e o segundo semestre é tradicionalmente melhor para o varejo em geral e para o franchising”, disse Cristina Franco.
O diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi, explica também que “a otimização de recursos e de processos, a negociação de insumos em bloco com fornecedores homologados, a readequação de aluguéis de imóveis e canais de distribuição e a chamada diversificação de canais de venda de produtos e serviços contribuem para esse bom desempenho do franchising mesmo em fases difíceis da economia”.
A pesquisa indica ainda que a expansão das franquias em número de unidades no 3º trimestre foi de 7,2% comparada ao mesmo período de 2015 e de 3,7% dentro do trimestre (ou seja, a variação de 01/07/2016 a 30/09/2016). No trimestre, 1,4% das unidades foram fechadas. No final do período, operavam no Brasil 143.540 unidades.
O foco na relação com o consumidor e na sua fidelização à rede também favorece o sistema de franquias. Segundo o diretor da ABF, é preciso destacar a intensificação do uso das redes sociais, a alteração de cardápios entre as redes do segmento de alimentação, um dos mais consolidados do franchising, a extensão de campanhas promocionais para manter aquecida a relação com o consumidor e atraí-lo como iniciativas que contribuem para manter o faturamento do setor e preparam as rede para o momento de virada da economia.
Desempenho do franchising por segmento no 3º trimestre de 2016
Perspectivas
As novas perspectivas de melhora do cenário macroeconômico brasileiro tornam mais promissor o horizonte à frente. A recuperação econômica, no entanto, está sujeita à manutenção de condições favoráveis ao investimento e à efetiva retomada dos níveis de confiança dos investidores e dos consumidores.
A ABF apoia a agenda de austeridade nos gastos públicos apresentada pelo Governo Federal por meio da PEC 241 (Proposta de Emenda à Constituição que estabelece um teto para as despesas públicas). “O governo tem dado passos no sentido de ter uma administração mais austera, com maior produtividade e menores custos, receita que o franchising adotou desde 2014 e se mostrou bem sucedida”, ressalta Cristina Franco.
Ainda de acordo com a presidente, “como porta-voz oficial do franchising brasileiro, a ABF também tem atuado junto ao governo, levando pleitos considerados de suma importância para o setor, como o aprimoramento das regras do Simples – já em andamento –, o aperfeiçoamento da Lei do Franchising, a modernização das leis trabalhistas, a melhoria das condições de financiamento para franquias e a pacificação da não incidência do ISS sobre a taxa de franquias e royalties. São ações que se implementadas promoverão a geração de mais empregos e renda, e maior crescimento para o setor e para a economia brasileira”, completa.