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Saiba como abrir uma microfranquia e evitar armadilhas

Patrícia Basilio – Portal iG São Paulo – 11/06/2013
Cansada de deslocar-se diariamente entre o hospital em que trabalhava em Jundiaí e sua casa em Campinas, ambas no interior de São Paulo, a enfermeira Gislaine Feliciano, 34 anos, mudou de vida em 2011 quando ganhou do marido uma franquia Home Angels, de cuidadores de idosos, de presente de casamento.
No início do negócio, a empresária afirma ter se desesperado com tamanha responsabilidade. Chegou a pensar em desistir duas vezes, mas foi incentivada a continuar pelo franqueador, o Grupo Zaiom. “Nos primeiros meses da franquia eu tive que ser enfermeira, administradora e gerente comercial ao mesmo tempo”, recorda.
Hoje, a empresa possui três filiais, 30 funcionários e fatura R$ 60 mil por mês. A terceira unidade acabou de ser lançada e, por este motivo, ainda não gera receita, explica Feliciano.
“Decidimos fechar uma microfranquia porque não tínhamos dinheiro para uma unidade maior, nem experiência para abrirmos uma empresa do zero. Meu marido queria que eu mudasse de vida e ficasse mais perto da família”, explica a empresária.
Como a franquia de Gislaine, há 12.561 outras unidades no Brasil de empreendedores que buscaram a independência na carreira nas microfranquias, segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Este segmento, composto por 368 redes, faturou R$ 103 bilhões em 2012, o que representa um crescimento de 16,2% em relação a 2011. De acordo com a associação, são consideradas microfranquias empresas com investimento anual de até R$ 80 mil.
Apesar da expansão, especialistas alertam para os cuidados ao investir nesse modelo de negócio. “Há empresários lançando franquias sem nunca terem operado uma unidade piloto antes. Ou seja, sem nenhuma experiência de negócio”, alerta Melitha Novoa Prado, consultora jurídica especializada em franquias.
Como evitar armadilhas
Antes de fechar o negócio, o ideal é verificar se a franquia tem, pelo menos, um ano de operação e solicitar um estudo de viabilidade, indica a consultora. Além disso, o empresário precisa ter disposição para trabalhar como se fosse um trabalhador autônomo, uma vez que a franquia é enxuta e não há equipe para realizar tarefas administrativas, por exemplo. “O empreendedor tem que ser um bom administrador, vendedor e gestor. Tudo isso ao mesmo tempo”, diz Prado.
A acomodação foi o motivo da desistência de “vários” empreendedores na Zaiom, umas maiores redes de franquias do País. “O sucesso da operação depende de como ela é conduzida. Não dá para começar distante e achar que vai dar certo. Tem que colocar a mão na massa”, afirma Marco Imperador, diretor do grupo.
A rede reúne as marcas Home Angels, Home Depil, Amigo Computador, Dr. Faz Tudo, Dr. Jardim, Tutores e Fale Globish, que será lançada na feira ABF Franchising Expo nesta quarta-feira (12). O investimento inicial das franquias é a partir de R$ 20 mil.
Planejamento
Fazer um planejamento de longo prazo também é crucial para a microfranquia não se tornar uma armadilha. Segundo André Friedheim, diretor da ABF e da consultoria Francap, é preciso avaliar também os custos pós-lançamento, como reposição de estoque, impostos, royalties e encargos trabalhistas. Em geral, o investimento inicial inclui ponto comercial, taxa de franquia, equipamentos, primeiro estoque e capital de giro.
Esse último [capital de giro] deve ser bem planejado também, uma vez que o montante é crucial para a sobrevivência do negócio nos seus primeiros meses de vida, fase em que a cartela de clientes é limitada”, diz Friedheim.
E os cuidados não param por aí. É preciso analisar também os prazos determinados em contrato. Isso porque algumas microfranquias permitem que o empreendedor inicie a operação de forma enxuta, sem funcionários e ponto comercial, apenas durante os primeiros anos da empresa. “Os franqueados costumam analisar só os primeiros anos do negócio, mas e depois? Terão condições de arcar com custos maiores?”, questiona Melitha.
Na rede de microfranquias Doutor Resolve, que oferece serviços de reparos, reformas e limpeza, o franqueado pode trabalhar de casa pelos primeiros seis meses de operação. Depois, precisa abrir um ponto comercial. O objetivo, segundo David Pinto, presidente do grupo, é que o franqueado ganhe tempo até a maturação do negócio.
“O empresário pode trabalhar de casa [nos seis primeiros meses de operação] para enxugar os gastos, mas não deve realizar os serviços oferecidos pela franquia. É preciso contratar funcionários”, explica o franqueador. Na rede Doutor Resolve, o investimento inicial é a partir de R$ 15 mil, para uma cidade com 30 mil habitantes.
Trabalho em casa x ponto comercial
Na Seguralta, microfranquia do setor de seguros, que tem investimento inicial a partir de R$ 16.500, o franqueado pode optar por dois modelos: o mais enxuto, em que o empresário trabalha de casa (também conhecido como “home based”), e o padrão, que inclui um ponto comercial.
Na maioria das vezes, segundo Marcelo Macri, diretor de marketing da rede, o franqueado começa com a estrutura mais básica e após meses consegue expandir as operações. “O risco do negócio é baixo porque o investimento inicial é muito pequeno”, considera Macri.
Para Melitha, a advogada especializada em franquias, os futuros franqueados devem ter cuidado com franquias “home based”. “O nível de comprometimento do negócio é muito baixo, uma vez que ele é mais ‘caseiro’. Recebo muitas reclamações no meu escritório. Não é uma brincadeira. Por mais que o investimento inicial seja baixo, reaver o dinheiro é muito difícil quando o empreendimento não dá certo”, alerta.

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