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Brasil+franquia= lucro

JORNAL DO COMERCIO (RJ) – VINÍCIUS MEDEIROS – 03/11
Encerrada ontem, 13ª Convenção ABF do Franchising serve de termômetro para o bom momento do setor, que deve faturar R$ 117 bilhões em 2013, alta de 14% frente ao ano anterior. Para especialistas, há mais espaço para crescimento.
Bilhões, otimismo, expansão, crescimento, números extraordinários. Sim, passa ano, sai ano e o setor de franchising continua carregando essas palavras a tiracolo. A abertura de shoppings pelo País, que facilita a interiorização das franquias, o permanente processo de internacionalização das marcas nacionais, o olhar atento de fundos de investimento para o segmento e a ampliação do crédito por parte de instituições financeiras, que irrigam o mercado com mais recursos, entre outros fatores, deixam a entender que o bom momento tende a continuar, apesar das perspectivas de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do pior desempenho do varejo em 2013.
Projeção da Associação Brasileira de Franchising (ABF) aponta que o segmento deverá faturar R$ 117 bilhões em 2013, alta de 14% frente ao ano anterior, dois pontos percentuais inferior ao inicialmente estimado pela entidade. O ambiente econômico instável é apontado pela ABF como fator determinante para a redução na perspectiva de expansão do setor, que mesmo assim manterá o ritmo de crescimento na casa de dois dígitos observado nos últimos anos. Os dados foram anunciados na 13a Convenção ABF do Franchising, encerrada ontem, no Iberostar Praia do Forte, na Bahia.
“Fizemos uma revisão na virada para o segundo semestre por conta do ‘soluço’ no desempenho do varejo, que andou de lado no período”, afirma a presidente da ABF, Cristina Franco. “Dois fatores foram determinantes para a revisão. O primeiro é o reduzido incremento da massa salarial, que caiu mais do que a metade em relação a 2012. O outro é a queda no número de inaugurações de shoppings, que passou de 49 para 41”, acrescenta o diretor executivo da entidade, Ricardo Camargo, destacando que esses oito empreendimentos foram, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), postergados para 2014. “O franchising ocupa de 60% a 70% dos shoppings. Dependemos dos pontos de venda para manter nosso ritmo de expansão”, completa Cristina.
Apesar do “soluço” e da revisão na estimativa de crescimento, o franchising ainda tem muita lenha para queimar, avalia Camargo. “O Brasil é o terceiro no mundo em número de marcas, mas apenas o sexto em unidades em operação. Sendo assim, há muito espaço para crescer”, ressalta. Neste sentido, o executivo avaliza a projeção de crescimento para 2014, também divulgada na convenção, na ordem de 13%. “É uma previsão realista com o momento do setor e da economia.”
Para completar, a ABF estima que, em 2014, de 30 a 40 marcas estrangeiras desembarquem no País hoje, 160 redes internacionais atuam em território nacional. Além disso, o franchising vem sendo acompanhado de perto pelos fundos de private equity, brasileiros e internacionais, que desejam diversificar as operações por conta da volatilidade do mercado acionário.
Aquisições
Entre os negócios anunciados, destaque para o Gávea Investimentos, que adquiriu, em 2012, quase 30% da marca de óculos e acessórios Chilli Beans, e para o fundo britânico Actis, que investiu US$ 68 milhões na rede de escolas de idiomas CNA. Outro acordo fechado foi o da gestora britânica 31, que acertou a aquisição da Óticas Carol por cerca de R$ 108 milhões.
Em paralelo, a entidade mantém a parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), renovado recentemente, para incentivar a internacionalização das marcas brasileiras. “Há 120 redes de franquias brasileiras lá fora e, em 2014, esse número deve chegar a 140.0 momento da internacionalização, no entanto, é outro. O foco agora é aumentar o número de unidades das marcas que já atuam no exterior”, explica Camargo.
Para pavimentar ainda melhor a expansão do franchising, a ABF também procura estreitar a relação com instituições financeiras. Hoje, a entidade tem convênios com praticamente todos os grandes bancos públicos e privados, bem como agências de fomento estaduais, como a Agência Estadual de Fomento (AgeRio) e a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP).
Na convenção, por exemplo, o Bradesco anunciou um acordo comercial com a ABF para ofertar linhas de microcrédito produtivo orientado para microfranquias. Com carência de até 59 dias para o pagamento da primeira parcela, prazo de financiamento de até 24 meses e taxa a partir de 2,80% ao mês, a linha terá um orçamento total de R$ 300 milhões para financiar a aquisição de bens, capital de giro, montagem, reforma e modernização de unidades.
Simultaneamente, a associação marca presença em Brasília para pleitear condições legais mais vantajosas e defender os interesses das redes de franquias. “Temos uma assessoria parlamentar atuante em Brasília, que está constantemente analisando o que vem sendo votado, além de propor emendas e modificações nas leis”, afirma Cristina, destacando a aprovação, em agosto passado, do Projeto de Lei 4319/08, do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), que estabelece prazo mínimo de 12 meses de funcionamento antes que uma empresa possa começar a vender franquias de seu negócio.