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Pós-NRF ABF: especialistas mostram varejo do futuro

Pós-NRF ABF: especialistas mostram varejo do futuro

Palestras abordam disruptura, informação como moeda forte e millennials

O presidente da ABF, Altino Cristofoletti Junior, abriu o 6º Pós-NRF e 5º Pós-IFA promovidos pela Associação na manhã desta quinta-feira (16/2), no Auditório Santander, em São Paulo. O evento reuniu 250 pessoas presencialmente, 120 online via internet e outras 700 acompanhando online por meio das redes sociais da ABF e Getnet.

Falando a respeito dos pilares estratégicos da ABF, norteadores das ações da entidade, Cristofoletti enfocou o Protagonismo, a Educação e a Sustentabilidade nos Negócios, destacando a ética como base fundamental no sistema. Segundo ele, esse é o princípio que deve nortear as ações pessoais, das marcas, dos nossos negócios. “E [devemos também] buscar eficiência. Não dá para a gene continuar a fazer as mesmas coisas da mesma forma. Devemos repensar os resultados, fazendo de forma diferente, mais eficiente”, afirmou.

Pós NRF e Pós IFA 2017

Cristofoletti falou também a respeito da celebração “ABF 30 anos”, data especial para a entidade, oficialmente criada em 7 de julho de 1987, que marcará 2017 sob o tema “Atitudes que fazem a diferença”. “Vamos celebrar os trinta anos promovendo um olhar sobre tudo o que aconteceu no Franchising, a partir da fundação da ABF”, disse. Para resgatar a história da Associação, o executivo lançou um desafio aos associados para que enviem fotos que poderão ser publicadas no livro comemorativo ABF 30 Anos. “Vocês serão os atores principais desse livro. Participem pelas páginas da ABF nas redes sociais”, salientou.

ós NRF e Pós IFA 2017 Altino Cristofoletti

Varejo e informação: moeda forte

Iniciando o Pós-NRF (o evento internacional da National Retail Federation realizado em janeiro em Nova Iorque), Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), trouxe o tema “Globalização do varejo e informação e a nova moeda”. “Há uma tremenda ‘disruptura’, é uma palavra chave que mostra a velocidade da transformação das coisas e a agenda de inovação, de transformação digital”, afirmou.

Segundo o especialista, no novo mapa do varejo global, o e-commerce está absolutamente ligado à globalização. “Quem não tem e-commerce como um projeto estratégico de longo prazo, deve tê-lo”, orientou.

Terra observou que a Amazon está entre os top 10 do setor no mundo, o que remete a uma reorganização do varejo. “O varejo não é uma indústria global, mas o franchising tem uma relação bastante forte com a internacionalização”, observou Terra. De acordo com estudo apresentado no evento da National Retail Federation , só 22,8% das 250 maiores empresas varejistas do mundo têm maior faturamento fora de seus países de origem.

O presidente da SBVC destacou, ainda, que entre 2013 e 2017 mais do que dobrou a presença de empresas de varejo globais no Brasil. Dentre as 250 maiores varejistas do mundo, 32 estão no País. Em 2013 eram apenas 15.

Um dos insights trazidos pelo especialista é a constatação da “informação como moeda forte”, comparando-a ao petróleo, cuja reflexão foi extraída de uma frase dita na NRF: “Data is the new oil”. “Assim como o petróleo mudou o mundo, a informação é algo que temos que encontrar, extrair, refinar e distribui-la para monetalizá-la”, afirmou.

Alberto Serrentino, vice-presidente da SBVC e fundador da Varese Retail Strategy, tratou de dois principais insights: O futuro da loja e a incorporação do mundo digital. Fazendo referência a Danny Meyer, empresário do segmento de food service dos Estados Unidos que afirmou: “As pessoas não vão em restaurante só porque precisam comer”, Serrentino observou: “Produto e hospitalidade resultam em descomoditização num negócio de food service”. Segundo ele, muito pouco atrito e muita experiência são dois fatores fundamentais para que uma loja seja relevante.

Pós NRF e Pós IFA 2017

O futuro dos negócios de varejo passa por uma revisão de modelos de negócio, outro importante insight trazido por Serrentino, que assinalou também a relevância da transformação digital. “Clientes não se relacionam ou compram canais, mas sim com marcas”, disse.

Ainda segundo o consultor, varejo é e continuará sendo um negócio de gente para gente. Cultura forte e gente engajada traz resultado. As pessoas buscam propósito, princípios, valores e causos. Em resumo, o segredo do sucesso é colocar pessoas à frente de tudo.

Para Serrentino, a loja não vai morrer, ela se reinventará. “Está muito longe de se perder o que uma loja pode fazer numa relação com o cliente”, concluiu.

Regiane Relva, CIO da Vip Systems tratou das tecnologias emergentes. “Bem-vindo ao futuro do varejo, só que não! Bem-vindo ao presente do varejo”, disse a especialista.

ós NRF e Pós IFA 2017 Regiane Relva

Segundo Regiane, a próxima geração de negócios envolve uma série de canais e ferramentas tecnológicas, como a comunicação a curta distância, usar e abusar da interatividade, do entretenimento, da gameficação, da realidade virtual e realidade aumentada. “Isso é só a ponta do iceberg”, salientou.

Internet de todas as coisas

“A internet já ficou para traz, já falamos de ‘Ioe’, internet de todas as coisas. As coisas vão falar com as coisas. Na verdade elas jã estão falando há muito tempo, nós que não percebemos. Estamos passando pela maior revolução que a humanidade já passou e essa é só a ponta do iceberg”, reforçou.

Na visão da especialista, os millennials dominam esses novos tempos. “Ele não aceita mentira, quer autenticidade, cocriar. Ele é figital, físico com digital, ele nasceu assim”. Ainda segundo Regiane, os millennials são “Me to be, não B2C[business to consumer]”, ou seja, “eu mando e você faz”.

O compartilhamento de informações, de acordo com Regiane, será cada vez maior. “Vamos compartilhar tudo” e no universo tecnológico “não tem nada novo, só novos usos para tecnologias antigas”, sentenciou.

Para a especialista, “há dezenas de lojas do futuro, mas a verdadeira está no sofá da nossa casa”. “Quer ter sucesso? Foque nas pessoas porque os negócios não tomam decisão, não vendem produtos, são as pessoas. Contratem pessoas muito melhores do que vocês, revejam os processos. Tecnologia tem que ser transparente, ter magia, encantar”, completou.

Clodoaldo Nascimento, diretor de cursos e eventos da ABF Rio, apontou inovações sob o tema “Precificação Dinâmica e Fidelização de Clientes”. Na visão do executivo, o Uber é um exemplo de estratégia desse tipo de precificação.

ós NRF e Pós IFA 2017 Clodoaldo Nascimento

Segundo Nascimento, o Uber não seria o Uber sem aumento de preços. “Preços personalizados podem capturar valores perdidos”, observou. Na concepção do Uber, a empresa atende uma demanda e tem a oportunidade de fazer com que quanto mais ela tenha consumidores excelentes, mais ganhos ela terá. Essa é a relação do Uber com seus consumidores. “Por essa precificação, os preços são personalizados e há uma relação ‘ganha-ganha’, afirmou o executivo. Essa relação é um dos preceitos do franchising.

Nascimento apresentou o case da Walgreens em fidelização de clientes. Ele observou que a rede norte-americana é a primeira empresa global de saúde e bem-estar liderada por farmácias. “Ela deixou de ser uma cadeia de farmácias para se tornar uma empresa que se preocupa com a saúde de seus clientes”, disse.

Para ter um bem-sucedido programa de fidelidade, a Walgreens se baseou em três pilares: máxima conveniência, ganhar a fidelidade de seus clientes e entregar um atendimento de qualidade – três pilares em que se baseou a Walgreens. O Balance Rewards é o maior programa de fidelidade dos Estados Unidos, com 150 milhões pessoas cadastradas e 85 milhões de ativos nos últimos seis meses. Segundo Nascimento, os participantes acumulam pontos todos os dias e são incentivados a fazer isso. A companhia tem também um programa trimestral de reconhecimento aos clientes mais fiéis.

Adir Ribeiro, presidente da Praxis Business, discorreu sobre “Propósito, Cultura e Engajamento e inspirações para o franchising”. Segundo ele, a Amazon está causando uma disrupção enorme no mundo dos negócios. Ainda na visão do especialista, millennial tem a ver com ‘mindset’ e não com data de idade.

Pós NRF e Pós IFA 2017 Adir Ribeiro

Ribeiro destacou também que a chamada “4ª revolução industrial” (a primeira foi de 1760 a 1840, a segunda de 1875 a 1925 e a terceira de 1960 a 2000), que começou a partir de 2010, está relacionada a marcas e não a canais e trará um grande impacto para a humanidade.

O especialista enfatizou que as pessoas estão no centro de todas as ações. De acordo com estudo apresentado na NRF, um terço dos empregos no varejo desaparecerá até 2025 e os vendedores perderão espaço. “Eles devem ser embaixadores, entusiastas da marca que vendem”, afirmou .

Para Ribeiro toda empresa tem seu ethos, cultura, valores, estratégias e táticas. “A dimensão humana é importante, mas sob uma nova forma,” observou.

Fotos: Keiny Andrade