Eles fazem a diferença no dia a dia

Eles fazem a diferença no dia a dia

Franqueados contam como conseguiram fechar o caixa no azul, em 2016, e compartilham boas práticas operacionais que podem ser disseminadas

O olhar macro das franqueadoras e a gestão em rede foram algumas das ferramentas que fizeram o franchising superar a crise em 2016. No entanto, tão importante quanto isso, foi o trabalho executado na ponta, pelo franqueado e a equipe. Muitos investiram em soluções criativas ou na simples “volta ao básico” para controlar desperdícios de insumos e outros gastos que poderiam ser cortados, sem atingir o capital humano ou a qualidade do produto ou serviço prestado.

Um dos desafios ainda é o compartilhamento de informações. Isso poderia aprimorar ainda mais a gestão das unidades franqueadas, na visão do sócio da consultoria Ponto de Referência, Paulo Mendonça. “Quando a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é construída com porcentuais, o franqueador consegue comparar a média e os franqueados podem se autoquestionar ‘O que eu tenho que faz er para atingir esse resultado?’ Vira um grande painel de controle, a partir do reflexo da rede”, explica.

Liderança
Ricardo Nascimento, franqueado com três lojas do Megamatte, no Rio de Janeiro, sempre teve as planilhas como suas principais aliadas na gestão. A partir delas, consegue visualizar tudo o que entra e sai da loja. “Entendo que existem dois pilares: pessoas e controle de gastos. Para o primeiro, é preciso ter cuidado desde a contratação. O trabalho será todo executado por elas e precisam ter consciência de que quanto menos desperdício têm, mais lucro e maior é a possibilidade de aumento de ganhos para eles. Nossa operação envolve ‘colheres de itens’, não há como eu controlar as miudezas”, explica.

Isso é o desafio da liderança, na visão de Mendonça: engajar os funcionários na causa da franquia. De acordo com o consultor, o período atual de recessão econômica diminui significativamente o ­turnover, que é um grande ofensor para o setor, mas carece de trazer as pessoas para o mesmo propósito. “Precisa trabalhar essa causa: se eu deixar uma torneira aberta, vai causar um desperdício que impactará no negócio como um todo. É uma mudança de cultura muito forte, não é de uma hora para outra que todo mundo vai mudar a forma de agir”, explica.

Para isso, o franqueado precisa acreditar que cada pessoa dentro do seu negócio é capaz de trazer lucro. Nem todos têm essa visão. “Uma ferramenta que é básica de varejo: quando um líder chama a equipe e vê o raio-x do dia anterior. Isso promove uma gestão colaborativa”, afirma o especialista.

De olho nas planilhas
Se Nascimento precisar de qualquer informação relativa a uma de suas lojas nos cinco anos de atuação, consegue facilmente. “Com isso, sei se tenho os melhores colaboradores, e traço uma linha para que o CMV [Custo de Mercadoria Vendida] chegue a um patamar de excelência”, explica.

Quando o índice passa dos 30% preestabelecidos, Nascimento liga um sinal de alerta. Se ficar até 34% em um mês, por exemplo, o próximo precisa compensar com 26% a 27%. “Quando tenho CMV que sobe para 34%, chamo o gerente e confiro se estou estocado. Nada pode ser feito se não tiver contrapartida de nota fiscal”.

Se não houver a compensação no trimestre, o franqueado chama o gerente da loja e levanta o comportamento dos grandes grupos de venda, como sanduíches. “Se não achar, observo como a área de venda está sendo conduzida. Deixamos velado dentro da loja, o gerente e eu transformamos isso em uma operação”, explica.

Para conseguir manter o orçamento no azul, Nascimento disse que é preciso prezar muito pela eficiência já na contratação da equipe. “Se não tiver pessoas engajadas, não consegue”. Outro ponto crucial é a disciplina no controle, mas não pode ultrapassar 15 minutos do dia com a atividade. Precisa ser prático. “Todas as atitudes que eu tenho nunca me foram ensinadas, eu comecei a fazer”.

Onde cortar?
Custo de mercadoria vendida, de ocupação e com capital humano são as três principais fontes de despesas do franqueado. De acordo com o sócio-diretor da ba}Stockler, Marcus Cordeiro, o segundo e o terceiro item apresentam poucas oportunidades de economia, exceto em períodos específicos, como renovação de contrato para custo de ocupação, por exemplo. Sendo assim, o foco deve ser o CMV. “Existem coisas que são muito importantes e que nem sempre estão sob a gestão do empresário. O CMV tem que ser olhado com bastante cuidado, depende muito de gestão e do segmento”, afirma.

Para começar a controlar os gastos, Cordeiro explica que o orçamento não pode ficar apenas na mão do gestor da unidade, a equipe precisa ser envolvida na prática. “Estabelecer metas com ações que podem ser sugeridas pela própria equipe. É importante que isso seja claro e o time seja engajado no cumprimento, criando um sentimento de pertencimento”, sugere.
Mendonça, da Ponto de Referência, explica que pequenas ações podem dar um início à economia. O franqueado pode começar com um checklist básico do que deve ser conferido no decorrer do dia. As ações podem passar por torneiras que devem ser fechadas ou luzes desnecessárias que possam ser apagadas, por exemplo.

Para chegar a um bom orçamento, é preciso que o franqueado tenha informações confiáveis em mãos. Cordeiro indica que o investimento em bons sistemas e plataformas de gestão, se ele não tiver habilidade com planilhas, é essencial para que se possa ter o retrato fiel da operação. “Aconselho que tenha processos dentro da loja, registre tudo que está sendo feito e acompanhe. Uma vez que se tem a informação confiável para saber tudo que foi consumido, com o registro adequado, aí começa a ter gestão de fato”, explica.

 

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