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Com reflexões, Cortella encerra o Congresso Internacional ABF

Com reflexões, Cortella encerra o Congresso Internacional ABF
Cortella: "Me agrada imensamente que se tenha como um dos movimentos a atitude, a percepção da ética porque a ética é aquilo que garante a nossa perenidade naquilo que fazemos"

O filósofo Mário Sérgio Cortella encerrou o Congresso da ABF com uma reflexão sobre esses “Novos tempos, novas atitudes”, tema de sua palestra. Professor há 42 anos, um dos mais respeitados intelectuais brasileiros da atualidade, Cortella acaba de lançar seu 31º livro, Basta de Cidadania Obscena, em parceria com o jornalista Marcelo Tas.

Refletindo a respeito de decepção e ética, Cortella afirmou: “O que mais nós tivemos no Brasil nos últimos dez anos foram decepções em sequência. (…) Isso significa que é necessário, sim, cautela (…), lembrar que qualquer um de nós enquanto vivo estiver é capaz de fazer o que não deve, por isso que me agrada imensamente que se tenha como um dos movimentos a atitude, a percepção da ética porque a ética é aquilo que garante a nossa perenidade naquilo que fazemos”.

Cuidados
Fazendo referência ao desenhista e escritor Millôr Fernandes, que dizia: “Se você não tem dúvidas é porque está mal informado”, Cortella advertiu: “Por isso cuidado com gente que não tem dúvida, dúvida com relação ao negócio, à capacidade, à lisura, à decência, à efetividade, à atualidade daquilo que desenvolve. (…) Gente que não tem dúvida, não avança, não cresce, só repete”.

E voltando às atitudes, Cortella ressaltou: “Ou eu continuo com atitudes de inovação, de proteção à decência, de higienização das minhas práticas, ou o que eu vou ficar é com um grande passado à minha frente”.

A respeito desses tempos de mudanças velozes, o filósofo fez outra advertência: “Ou eu tenho uma capacidade de inovação, de reinvenção, de proteger alguns valores, uma atitude que entenda que novos tempos exigem novas atitudes, ou é claro que eu fico ultrapassado. Eu preciso duvidar, não o tempo todo, mas ter capacidade de colocar sob suspeita aquilo que eu faço”.

Para Cortella, é preciso ter clareza do que é inovação, uma característica do franchising: “Cuidado, inovar não é só criar o inédito, é também dar vitalidade ao antigo”, advertiu mais uma vez.

Cortella falou da diferença entre ser antigo e velho. Segundo ele, nos seus 30 anos, a ABF é antiga, mas não pode envelhecer. “E não envelhecerá se as pessoas forem capazes de três grandes atitudes, aquelas que vocês consideraram como inovação, como sendo ética e, claro, eficiente”, disse, fazendo referência ao tema do Congresso.

O filósofo terminou citando o pensador britânico do século VIII, Beda: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina e não perguntar o que se ignora”. O contrário, para o sucesso: “Ensinar o que se sabe, isto é, generosidade mental, praticar o que se ensina, ou seja, coerência ética, e terceiro, perguntar o que se ignora, isto é, humildade intelectual. Estas são três trilhas virtuosas para o sucesso. São atitudes como aquela que permite que a gente gere a ética como referência, a inovação como condição e a eficiência como resultado.”

Foto: Keiny Andrade