Atalhos para a inovação

Atalhos para a inovação

Franquias se aproximam de startups para acelerar transformação digital na gestão das redes e otimizar processos. Novas soluções, feitas sob medida, demandam menos custos, porém mais cuidado

Já faz um tempo que o conceito de inovação deixou de ser atribuição de apenas um departamento e passou a permear todas as pessoas envolvidas com a empresa. Recentemente, no entanto, isso tem acontecido cada vez mais rápido. Em um estudo realizado pela Agência Brasileira de Promoção e Exportações (Apex-Brasil) e pelo Brasil Ventures – fomentador de investimento em startups por grandes empresas –, que ouviu 68 presidentes de grandes companhias, 56% dos CEOs são os patrocinadores-chave da inovação em seus ambientes.

Um terço das companhias afirmou que a equipe se dedica a inovar em tempo integral. No entanto, a conclusão é que os executivos não estão certos se seus programas de inovação são capazes de promover a tão falada disruptura.

Para aumentar a própria capacidade de inovação, as empresas passaram a olhar para um mercado que tem crescido no Brasil, impulsionado pelo desemprego e pelo novo comportamento de consumo: as startups.

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A pesquisa identificou que 77% das empresas se aproximaram de startups nos últimos anos. O principal motivo foi desenvolver novos negócios (76%), ­seguido por acelerar o processo de inovação (69%) e retorno financeiro (31%). Por outro lado, 60% das companhias não têm dedicado orçamento para investir em empresas iniciantes.

Franquia incubadora
O poder de inovação das startups também já tem encantado o setor de franquias. Na última edição do Open Innovation Week, em São Paulo, um dos principais eventos que conecta startups a grandes empresas, o Grupo Boticário participou como palestrante. O gerente de arquitetura, inovação e governança da empresa, Rodrigo Ribeiro, comentou a mudança no comportamento dos consumidores e a preocupação do grupo em acompanhar a transformação digital.

O Boticário criou o BotiLabs, totalmente dedicado à aceleração da inovação, que conta com startups e fornecedores tradicionais. Ribeiro afirmou, durante o evento, que o grupo está reformando o espaço para que, no futuro, se torne um coworking para agregar startups, funcionários e parceiros no mesmo ambiente.

Ao jornal Valor Econômico, em dezembro passado, o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, disse que o espaço abrigará startups na fase de prototipagem e será tanto um modelo aberto, com oportunidades para novidades nacionais e internacionais, quanto para o recrutamento por meio de editais. “É um caminho de compartilhamento de conhecimento, com maior agilidade, velocidade e quantidade de pessoas envolvidas com inovação”, afirmou.

Franchising está de olho
O organizador da Open Innovation Week, Bruno Rondani, comenta que atualmente há soluções para franqueadoras, baseadas na transformação digital aplicada aos negócios. Ele explica que as tecnologias não interferem no negócio principal da franquia, que é a expansão, mas podem auxiliar em outros elementos, como padronização. “Uber, Spotify e Netflix poderiam ajudar franquias na padronização de seus serviços de transporte, música ambiente e filmes, por exemplo”, explica.

Rondani percebe a alta na procura de empresas, entre elas franqueadoras, por startups. “Os empresários querem competitividade e trazer resultado. Já perceberam que não é mais um discurso etéreo. Está acontecendo e cada vez mais rápido”, afirma.

No entanto, há desafios que as empresas precisam se perguntar ao estabelecer essas parcerias: as regras serão ditadas pela franqueadora ou pela startup? Do lado da empresa recém-criada, é preciso avaliar se recorre a empresas experientes ou cresce, paralelamente, e torna-se concorrente no futuro. “No caso das franquias, o debate que existe é se espera chegar soluções mais maduras ou se ajuda as iniciantes agora. Como criar um espaço para que as franquias possam ser protagonistas dessas inovações?”, comenta o especialista.
A tecnologia é o meio utilizado por boa parte das startups para atingir fins que solucionem problemas do dia a dia de pequenas, médias e grandes empresas. Seja o desenvolvimento de sistemas, aplicativos, entregas via motoboy, transporte, contabilidade, entre tantas outras ideias. “Com a aproximação das startups, as redes podem repensar todo o modelo de gestão, processos e ferramentas que utilizam nos seus negócios para que sejam mais produtivos, mais ágeis, mais flexíveis e gerem melhores resultados”, comenta o sócio-fundador da consultoria Goakira, José Carlos Fugice.

Cuidados
A sócia do escritório NB Advogados, Marina Bechtejew, acredita que as  startups podem ser uma boa oportunidade para estimular a inovação nas redes. “A tendência é de que cada vez mais startups sejam fornecedoras dentro do sistema de franquia”. No entanto, frisa que a análise do negócio, contratação e homologação devem partir sempre da franqueadora.

Entre as vantagens para a aproximação com as startups está o custo menor e o clima de inovação constante. No entanto, Marina aconselha que o franqueador se resguarde de possíveis surpresas no decorrer do caminho. “Na hora de fazer um contrato, defina uma previsão para poder pedir ajustes na solução. A grande questão é que nunca conseguimos afirmar se vai dar realmente certo, é um risco que a empresa corre”, comenta.

 

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