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3º Congresso Internacional da ABF debate como crescer no Brasil

3º Congresso Internacional da ABF debate como crescer no Brasil
Público prestigia o 3º Congresso Internacional de Franchising ABF

O tema “Crescer no Brasil: Diferentes Olhares” foi amplamente debatido no 3º Congresso Internacional de Franchising ABF, realizado na quinta-feira (14) em São Paulo. Cristina Franco, presidente da entidade, abriu o evento e deu as boas-vindas aos cerca de 500 congressistas. Com visão otimista, a executiva declarou: “Somos um Brasil que produz resultados, que faz as coisas acontecerem, através da conexão uns com os outros e no saber conviver, a convivência pacífica de brasileiros, muitos de nós concorrentes, mas que sabem compor uma nação, a nação do franchising e brasileira”.

3º Congresso Internacional de Franchising ABF lança diferentes olhares sobre como crescer no Brasil
Cristina Franco abre o evento

Enfocando o tema do evento, a presidente afirmou: “Há diferentes olhares, diferentes saídas e a gente sabe encontrar todas elas. Assim a gente faz no nosso dia a dia com qualquer contexto econômico”. Ainda de acordo com Cristina, “pode ter aqueles que preferem olhar o lado vazio do copo, mas eu posso dizer que eu e cada um de vocês olhamos para o lado cheio e queremos encher esse copo ainda mais, de nossas esperanças, dos nossos resultados, da nossa conexão, perseverança e resiliência”.

3º Congresso Internacional de Franchising ABF lança diferentes olhares sobre como crescer no Brasil
André Friedheim apresenta um panorama da internacionalização das franquias brasileiras

O diretor internacional da ABF André Friedheim apresentou as ações e os resultados da internacionalização das marcas brasileiras. Hoje, são 134 redes genuinamente nacionais presentes em 53 países, com mais de 1.000 unidades instaladas. A mais internacionalizada é a iGUi Piscinas, com índice de 19,7% de presença no exterior de acordo com estudo realizado pela Fundação Dom Cabral. Friedheim aproveitou a ocasião para anunciar que, em parceria com a International Franchise Association (IFA), a ABF pretende implantar um programa para empreendedores da geração “millennial”, a que mais tem influenciado e continuará influenciando as tendências de empreendedorismo e consumo globalmente.

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Ricardo Amorim: convicção de que feita a transição política, o Brasil volta a crescer

Economia global e Brasil

Ricardo Amorim, economista, tratou do tema “Tendências da economia global e caminhos para o crescimento do Brasil”. Amorim enfatizou que nos últimos 15 anos, mesmo em cenário de crise mundial, o maior crescimento veio dos países emergentes, que responderam por 72% de todo o crescimento global. A tendência, segundo ele, é que essa ascensão continue. “É apenas a ponta do iceberg. Marcas, empresas, profissionais estão só começando a crescer”, afirmou.

Segundo Amorim, “crise” é a palavra do ano no Brasil e em outros países emergentes, como na Rússia e na China, mas, por outro lado, “estamos vivendo a época de maior geração de riqueza da história da humanidade e o que mais temos visto é ‘crise’”.

Para o economista, o modelo de franquia é vencedor e o segredo de sucesso das empresas é o ‘timing’, o tempo certo em que fazem as coisas. Na visão de Amorim, boa parte das oportunidades surge quando ninguém acredita. “A crise cria oportunidades de crescimento que não surgiriam sem ela. Crise, sem o “s” é crie, observou ele.

Ainda segundo Amorim, resolvida a crise, tudo o que falta para o Brasil começar a crescer é retomar a confiança. Para isso, é preciso fazer o ajuste das contas. “Tenho convicção de que feita a transição política, o Brasil vai voltar a crescer”, assegurou.

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Painel debate resiliência em cenários adversos

No debate “Franchising brasileiro: resiliência e reação em cenários adversos”, moderado por Juarez Leão, diretor de treinamentos e eventos da ABF, foram reunidos executivos de três redes que são referência no franchising nacional: Altino Cristofoletti Jr., vice-presidente da entidade e sócio fundador da Casa do Construtor, Décio Pecin, diretor de marketing da Associação e CEO do CNA, e Ronaldo Pereira, diretor institucional da entidade e presidente da Óticas Carol.

Um dos pontos que colocaram a Casa do Construtor numa posição mais favorável para enfrentar a retração econômica foi a implantação da governança corporativa que, segundo Cristofoletti, não é restrita às grandes empresas. “Todas as contas são auditadas por empresa externa, trouxemos todo um processo de planejamento estratégico e todo um trabalho de inserção da rede franqueada”, explicou. A importância da gestão de pessoas também foi um ponto destacado pelo executivo. “Gente vai ser sempre a dor do crescimento. Temos de estar sempre preparados”, alertou.

Segundo Pereira, a maior virtude da Óticas Carol foi ter criado o esqueleto da companhia na época boa. “Isso nos deu uma musculatura para enfrentar essa crise e encarar as oportunidades”, afirmou.

Já o CNA tem olhado para dentro da rede para enfrentar o momento atual e manter as estratégias de crescimento. De acordo com Pecin, ainda no segundo semestre de 2013, já antevendo um período de retração econômica, a franqueadora voltou o olhar para a manutenção e o fortalecimento da rede. “Paralelamente, trabalhamos também a questão de ‘clusterização’ dos nossos franqueados”, explicou, aplicando o conceito de tratar “os diferentes de forma diferente”.

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Burguer King e Casa Bauducco apresentam case durante o Congresso

Grupos corporativos e fundos

O painel “O Olhar de grupos corporativos sobre o mercado brasileiro” evidenciou as estratégias de duas grandes marcas para crescer no País. Iuri Miranda, presidente do Burguer King Brasil, e Paulo Cardamone, diretor geral da Casa Bauducco palestraram sob moderação de Filomena Garcia, sócia-diretora do Grupo Cherto e membro da Comissão de Ética da ABF.

Segundo Miranda, o mercado brasileiro de alimentação é de R$ 340 bilhões e o fast food tem uma fatia de 27% dele.  Fundado em 1956 nos Estados Unidos, o Burguer King chegou ao Brasil em 2004, implantando aqui sua cultura. O executivo destacou que a cultura da empresa é fundamental. Segundo ele, construí-la leva tempo, mas é indispensável para que a empresa se perpetue.

A Casa Bauducco, criada em 2012, é a marca da tradicional indústria de panetones no franchising, originada de uma pequena doceira no bairro paulistano do Brás em 1952. A Bauducco se reinventou sem perder a sua essência, baseada na família. Na visão do executivo, para crescer as empresas devem ser verdadeiras. “Vai na verdade, no valor que você entrega para os clientes, para a sociedade”, defendeu.

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Fundos de investimento de olho no franchising

Já o “Olhar dos fundos de investimento sobre o franchising brasileiro” foi enfocado por Cristiano Lauretti, do Grupo Kinea, e Eduardo Ferreira, da Squadra Participações, no painel moderado por Carlos Alberto Zilli, membro do Conselho de Associados da ABF e do Conselho de Administração da rede Imaginarium, que afirmou: “Mesmo sendo uma empresa média, é possível ter alta governança”.

De acordo com Lauretti, o interesse do fundo em franquias é baseado no bem-sucedido projeto de investimento realizado no Grupo Multi, no alto retorno do capital investido, o  chamado ROI, e leva em consideração, ainda, os empresários da rede compromissados com o negócio. “São pontos de atenção o tamanho da empresa, se o business é escalável, qual é a saído do fundo e se o empresário tem perfil de ter sócio ativo”, completou.

Segundo Ferreira, apesar de assumir o controle da marca, a Squadra usa muito a expertise dos empresários que estavam à frente do negócio. Para o fundo, entre os fatores positivos do investimento em franquias estão a visão do universo de empreendedores, o setor ser um celeiro de inovação e o alinhamento de interesses entre franqueado e franqueador.

Ainda de acordo com o especialista, o investidor pode agregar à rede valores como a institucionalização da companhia, governança corporativa, gestão da estrutura de capital e disciplina financeira. “E o mais importante, gestão de pessoas e de performance”, disse Ferreira. “Bons projetos que você tenha, talvez você tenha capital, mas não pessoas capazes para implementá-los”, concluiu.

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Painel trata de competitividade em tempos de crise

“Como manter a competitividade em cenários adversos” foi o tema debatido por Sergio Frota, do WTC Business Club, franqueado da rede Subway, e Gustavo Schifino, presidente do Conselho de Ética da ABF.

“Nesse cenário de crise, temos que ser competitivos, adaptáveis, inovadores e estar cada vez mais próximo de nossos clientes”, afirmou Frota. Para o executivo, “resiliência, investimento em pessoas e inovação com foco nos clientes são características em comum de empresas bem-sucedidas”.

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Presidente da IFA comenta interesse de marcas americanas no mercado brasileiro

Internacionalização

O tema da internacionalização do franchising voltou ao foco com a palestra de Robert Cresanti, CEO da IFA, organização que congrega o setor nos Estados Unidos e tem forte atuação internacional. O executivo fez um panorama do setor de franquias norte-americano, mostrando como, mesmo em um mercado mais maduro, o franchising apresenta resultados superiores à média. De 2007 a 2012, mesmo passando por um período de forte retração econômica, o mercado americano de franchising teve um crescimento de 15% em vendas (de US$ 1,3 trilhão para 1,5 trilhão), de 24% em unidades (de 453 mil para 560 mil) e de 38% em volume de empregos (de 7,8 milhões para 10,8 milhões).

“O franchising tem um papel importante na globalização. Por meio de nosso sistema, o consumidor pode contar com uma oferta de produtos e serviços com padrões consistentes em diversos países”, disse. O CEO da IFA apontou ainda três benefícios fundamentais do franchising: leva a escalabilidade a países emergentes (ao inserir empresários locais em redes globais), expande a classe média (ao transformar profissionais em empresários) e estabiliza cadeias logísticas locais.

A expansão internacional das redes é outra questão fundamental. Nos EUA, existem redes como a Berlitz e o KFC, cuja maior parte do negócio está fora do País (mais de 70%). Redes como o Burguer King tem o controle dividido entre sócios de vários Países. Há muitas oportunidades, como na Índia (cujo mercado cresceu 30% em 2015) e até no Brasil, país que contínua a atrair a atenção de investidores norte-americanos, segundo Robert Cresanti. “Ao contrário da indústria, por exemplo, a internacionalização do franchising não exporta empregos e divisas. São gerados empregos e movimentada a economia nos dois lados. É um verdadeiro ciclo virtuoso”, ressaltou.

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Leandro Karnal: momento de reflexão encerra Congresso com muito humor

Karnal: “Se você não acompanha a mudança, ela te atropela”

O historiador Leandro Karnal encerrou o 3o  Congresso Internacional de Franchising  ABF de forma brilhante. Segundo ele, no momento em que a sociedade brasileira está no “olho do furacão”  ainda é mais importante que as lideranças corporativas tenham a  clareza de que as crises passam e quem se preparar melhor para esse momento de retomada aproveitará o ciclo seguinte.

Depois de abordar a Revolução Francesa e da Revolução Industrial, Karnal compartilhou sua visão sobre o momento em que a humanidade se encontra hoje. “Estamos vivenciando a ‘Revolução da Incerteza’”. Segundo ele, vivemos o fim das referências. Não sabemos mais o que dá certo ou não. “O sucesso é a zona de conforto mais nociva para os negócios”, acrescentou o historiador ao afirmar que aí está a grande contribuição da crise. “Nela, você separa os profissionais dos amadores”.

Depois de encantar a plateia com uma visão extremamente clara do cotidiano, Karnal finalizou reiterando a importância da estratégia tanto para os negócios como para a evolução de cada um e disse: “Não podemos prever o dia de amanhã, muito menos controlar o futuro. Porém, podemos nos preparar para diminuir o impacto da surpresa. A chave do sucesso é a antecipação.”

Fotos: Keiny Andrade